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Eles se concentraram, desde as 7h, na frente do Shopping da Bahia, no Iguatemi
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2017 às 10:23
- Atualizado há um ano
Mais uma vez os taxistas de Salvador foram para as ruas reunidos em um ato contra os serviços clandestinos e também contra os motoristas da Uber, que estão liberados pela Justiça para transportar passageiros na cidade desde o Carnaval deste ano.
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Dessa vez, a categoria mobilizou taxistas de Salvador e Região Metropolitana, além de convidar os familiares dos motoristas e pedir a doação de um quilo de alimento não perecível. Eles se concentraram, desde as 7h, na frente do Shopping da Bahia, no Iguatemi.
A carreata seguiu até o Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde fizeram o ato na frente do Tribunal de Justiça, para pressionar pelo julgamento da liminar que permite motoristas da Uber transportar passageiros em Salvador.
Eles seguiram pela Avenida Paralela, ocupando duas faixas. A Polícia Militar acompanhou o protesto. O trânsito na região ficou intenso. O presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), Ademilton Paim, explicou que esta é a terceira vez que a categoria protocola um documento junto ao TJ, solicitando cancelamento da liminar. "Queremos agilidade. Já adiaram [o julgamento] algumas vezes, não aguentamos mais. Além disso, pretendemos solicitar uma audiência pública", pontua.
Por conta da carreata, o ponto de ônibus na altura do hipermercado Extra ficou improvisado na pista. A polícia interferiu e organizou os táxis em uma pista central.
O processoA liminar, expedida no dia 24 de fevereiro pela juíza Ana Maria Silva Araújo de Jesus, é válida para todo o ano. Entretanto, a Prefeitura de Salvador recorreu da decisão, mas até hoje não foi apreciada pelo TJ-BA. Desde então, taxistas de Salvador e região metropolitana realizam, constantemente, protestos pedindo atenção ao processo.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça da Bahia, o desembargador Olegário Monção Caldas havia pedido vistas do processo e é possível que a pauta relacionada ao Uber seja levada para o próximo Pleno, na quarta-feira (14). O Pleno é uma reunião que ocorre todas as quartas-feiras e reúne os 59 desembargadores. Conforme a pasta, o desembargador sorteado deverá ler o parecer sobre o seu entendimento do processo, que continua em pauta, no dia 14. Responsável por casos de ações diretas de inconstitucionalidade, como é o caso do Uber, o Pleno é previsto por lei. Para a prefeitura, o serviço do Uber é considerado clandestino até que o projeto que regulamenta o transporte remunerado individual por meio de aplicativos, no Brasil, seja votado no Senado.
RegulamentaçãoA chegada de novas empresas de transporte privado por aplicativo ao Brasil e a aprovação do Projeto de Lei (PL) 5.587 de 2016, na Câmara dos Deputados, acirraram o debate sobre o crescimento de um mercado antes dominado por taxistas.
No começo de abril, a Câmara avançou no debate após aprovar o PL 5.587/16, uma das matérias que tramita no Congresso Nacional sobre o assunto. Para o cientista político André Azevedo, embora esse passo tenha sido importante para sanar a ausência de regulamentação, o texto aprovado pelos deputados inviabiliza o novo modelo de oferta de transporte, uma vez que o aproxima do serviço de táxi tradicional.
“A ideia original do Uber, por exemplo, em São Francisco [nos Estados Unidos], era um serviço simplesmente de carona. Você vai para um lugar similar de uma outra pessoa, você liga o aplicativo, você pega uma carona remunerada, diferentemente de um táxi, que realmente está ali para atender a toda a população no geral e é um transporte de fato coletivo e público”, explica.
Pelo texto aprovado pelos deputados, que agora tramita no Senado como Projeto de Lei da Câmara (PLC) 28/2017, o licenciamento para o serviço também passaria a ser obrigatório para os motoristas que trabalham com aplicativos de transporte. “O texto-base era bom, mas emendas que foram colocadas transformam um sistema eficiente, baseado em tecnologia, em um transporte privado que não faz sentido hoje”, avalia o porta-voz da Uber, Fabio Sabba.
A empresa estadunidense é a pioneira no Brasil nesse tipo de serviço, com 13 milhões de usuários cadastrados.