TCA abre as portas dos bastidores para o público

Programa de visitas guiadas ao teatro, TCA de Perto, começa nesta quarta (6)

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  • Roberto Midlej

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 09:44

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Paula Fróes

Se você não conhece os bastidores do Teatro Castro Alves, certamente, como este repórter, se surpreenderá com o que tem ali dentro. Desde uma sala com dez mil peças de figurino - já usadas em espetáculos apresentados ali - até um elevador de aproximadamente 25 metros quadrados, capaz de carregar até quatro toneladas e meia. Há quem diga que o equipamento já transportou um elefante e quem garanta que já viu fantasmas ali.

Agora, tudo isso está aberto ao público, num programa de visitas guiadas gratuitas. O projeto, chamado TCA de Perto, é um iniciativa da Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA), com participação do Teatro Castro Alves. A ATCA, fundada em 2012, criou uma campanha de financiamento coletivo e participou de um edital do BNDES, para captar cerca de R$ 150 mil, valor que foi investido em itens como a recuperação do painel de Carybé - que está no foyer - e a contratação de guias do programa de visitas.

Moacyr Gramacho, diretor do TCA, diz que sempre houve uma demanda por parte da sociedade civil para conhecer os bastidores do teatro e, especialmente, por parte de turistas."Mas a gente não conseguia dar conta, não tínhamos estrutura. Aí, surgiu essa ideia de transformar a visita numa experiência de enriquecimento", afirma Moacyr.Seis jovens - chamados de "educadores" - foram selecionados para orientar os visitantes. Segundo Moacir, na seleção, houve uma preocupação com a diversidade e por isso, há, entre os guias, estudantes de arquitetura e urbanismo, museologia, música e outros cursos. Há também uma transexual entre os educadores.

A experiência, assim, conforme observou a reportagem, torna-se mais interessante: Lucas, o estudante de arquitetura, enquanto leva o público para conhecer os jardins suspensos do TCA, aproveita para falar sobre a história do Campo Grande e de como a construção do teatro naquela região, fundado em 1957, representou um impacto na arquitetura daquela área. "Estão vendo aquela casa ali na esquina? É uma casa neoclássica eclética. E o teatro nasce com uma proposta modernista, em contraste com a arquitetura desta região", explica o educador.

Gleise, que faz o curso de licenciatura em música, leva o público para conhecer a Concha Acústica e aproveita para demonstrar seus dotes musicais: solta ali, com sua voz, um potente agudo para  provar como a acústica do lugar é boa. Lanmi Carolina, estudante de artes, convida os visitantes para conhecer o guarda-roupa do centro técnico."Aqui, estão mais ou menos dez mil peças que foram usadas em espetáculos exibidos no TCA. As pessoas podem pegar emprestadas essas roupas para usar em peças de teatro ou espetáculos de dança", diz, entusiasmada.Parte do dinheiro levantado pela ATCA também foi investida numa ocupação chamada Mobiliário-Memória, que será exibida permanentemente no foyer do teatro. Os móveis, na maioria poltronas e bancos, são feitos a partir de produtos que já foram usados em outras ocasiões no teatro. Alguns bancos, por exemplo, foram construídos com a madeira que servia de piso para a antiga Sala do Coro, antes da reforma. Outras poltronas usaram itens que haviam sido utilizados em montagens como Agô Arêrê! Por Favor, Não Aperte o Mamão, do BTCA, apresentada em 2014. 

Programação

Aos poucos, a programação do TCA será retomada. Na próxima semana, no dia 12, O Cineconcerto, um dos espetáculos mais disputados pelo público, ganhará uma nova edição, com as trilhas sonoras de filmes como Star Wars, Harry Potter e Superman. No dia 17, é a vez do Neojiba. As apresentações serão na Sala Principal, que está com a capacidade reduzida de 1554 lugares para 950. Em dezembro, a Osba vai se apresentar na Concha.

O BTCA prepara um filme-dança, criado por três coreógrafos: Nildinha Fonseca, Fabio Vidal e Daniela Guimarães. A direção será de Maria Carol e o vídeo será exibido no TCA em dezembro. Maria Bethânia, que será homenageada no 19º Festival de Música Educadora FM, vai realizar, em uma live, no palco do TCA, a sua participação na premiação, em 12 de dezembro. Mas, desta vez, o público não estará presente. 

Somente a partir de janeiro, devem ser exibidos espetáculos que não são organizados pelo TCA, trazidos por produtores independentes. Segundo Rose Lima, já há negociações avançadas, principalmente para shows. Diante da redução da capacidade em aproximadamente um terço, o valor da pauta também foi reduzido na mesma proporção.

Agendamentos para o TCA de Perto: www.amigostca.org.br/tcadeperto