'Te Deum' abre celebrações do 2 de julho na Catedral Basílica

Celebração foi conduzida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger

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  • Luan Santos

Publicado em 30 de junho de 2019 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Tradição centenária que vem desde o século XIX, o Te Deum abriu neste  domingo (30) as celebrações do 2 de Julho na Catedral Basílica, no  Terreiro de Jesus. Hino da Liturgia das Horas, rezado nos domingos e  dias solenes em ação de graças, o Te Deum é realizado desde a expulsão  das tropas de Salvador, episódio que ficou conhecido como  Independência da Bahia, no dia 2 de julho de 1823.

Composto por Santo Ambrósio e Santo Agostinho, no ano de 387, em  Milão, o Te Deum abre a programação dos festejos, que terão por ápice o  desfile da próxima terça-feira (2), mas só serão encerrados na sexta-feira  (5), com o retorno dos carros emblemáticos do Campo Grande à Lapinha,  fazendo o caminho inverso ao cortejo. 

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A cerimônia, celebrada pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil,  Dom Murilo Krieger, reuniu dezenas de fiéis na catedral, que foi reaberta  em setembro do ano passado após passar por reforma. O Te Deum foi  cantado por um coral comandado pelo maestro Francisco Rufino. "A Ti,  Deus, louvamos, a Ti, Deus, cantamos", diz o trecho que inicia a  cerimônia. Durante a celebração, os fies ficam sentados ou ajoelhados, e  poucos cantam. 

"É uma forma de mostrar que alguma coisa que conseguimos foi pela  graça de Deus. Essa tradição é praticamente desde o início (das  celebrações do 2 de Julho). Havia consciência de que foi uma graça  especial. É verdade, houve mortes, mas não no número que poderia ter  havido, especialmente se a esquadra portuguesa tivesse permanecido  aqui", diz Dom Murilo. 

Além disso, o Te Deum é também uma oportunidade de agradecer pela  liberdade conquistada, mas também de lutar por dias melhores. "Nossos  antepassados deram a vida pela liberdade, mas há muita liberdade a ser  alcançada. Que todos tenham casa, alimentação, segurança, educação. A  independência não está ainda consolidada, temos que continuar  trabalhando para que ela atinja todas pessoas", afirma.

Dom Murilo conta, ainda, que só compreendeu o significado e a  importância do 2 de Julho após chegar a Salvador. "Os livros de história  tratam dessa data como apêndice, nota de rodapé, sem importância. Mas  eu penso que em grande parte talvez é que nós não tenhamos sabido  apresentar ao Brasil a força dessa data, o seu significado. Que  valorizemos mais", destaca. 

Durante a celebração, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB),  guardião do Pavilhão 2 de Julho, na Lapinha, homenageou a professora  Hildegardes Vianna, (1919- 2005), autora de dezenas de artigos sobre os  festejos do 2 de Julho. A escritora Luiza Vianna, sobrinha de Hildegardes,  foi quem recebeu a homenagem em nome da tia. 

O presidente do IGHB, Eduardo de Castro, destacou o caráter histórico da  festa e a necessidade de manter viva a memória do 2 de Julho. "É um  momento de fazer referência a todos que deram a vida pela  independência", disse. 

Sobrevivência O presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), Fernando Guerreiro, ressaltou que este ano é especial para a celebração, que retorna à Catedral Basílica após passar pelas paróquias da Lapinha e de São Domingos. 

"É uma missa festiva em homenagem aos heróis da independência. Uma tradição que a gente está lutando para manter, inclusive. Esse ano é especial, porque ela retornar à catedral, que ficou durante anos em reforma", conta.

Guerreiro mostrou preocupação quanto à possibilidade de perda de tradição do Te Deum. Diante disso, ele conta que a FGM, que organiza o 2 de Julho, tem reunido esforços para atrair o público para a celebração. "Tem se perdido. No ano passado fizemos no dia de 2 de julho, agora retomamos para cá. Estamos fazendo algumas experimentações de horário. Esse ano por exemplo passamos para domingo, para tentar retomar esse público", ressalta. 

O técnico de informática Aristófanes Fernandes, 72 anos, chegou cedo à  basílica. Ele conta que costuma participar do Te Deum e acredita que a  data deve ser lembrada sempre. "Aliás, todo momento de conquista da  vida deve ser celebrado. O 2 de Julho é uma marca para o povo da  Bahia", afirma. 

A administradora Zenaide Guedes, 60, também chegou cedo à igreja para  acompanhar o Te Deum. Antes, ela também assistiu à missa em  homenagem a São Pedro e São Paulo. Foi o primeiro Te Deum dela. "Eu  sou uma admiradora dos nossos heróis e das nossas heroínas. É  fundamental mantermos viva a lembrança da luta delas pela nossa  liberdade", afirmou. 

A celebração contou, ainda, que turistas. Foi o caso do casal catarinense Fábio Pena (administrador), 37, e Érica Lima (contadora), 31, que visitam Salvador pela primeira vez. Eles não conheciam a tradição do Te Deum. 

"Conhecemos pouco sobre a história do 2 de Julho. Vimos aqui que é algo importante para a Bahia e para o Brasil, conseguimos perceber pelos dias que estamos aqui", diz Érica. "A celebração é bem bonita e a igreja tem uma arquitetura fantástica", complementou Fábio.