Teatro Castro Alves recebe o espetáculo Me Brega Baile

Montagem traz novo sentido ao brega

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  • Fernanda Meneses

Publicado em 28 de junho de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Caio Lírio/Divulgação

A palavra brega sempre vem associada ao exagero, cafona e mau gosto. Mas o espetáculo de dança Me Brega Baile, que estreia nesta sexta (28), na Sala do Coro do teatro Castro Alves, traz uma nova definição para ela, que vem em forma de um pedido de liberdade de ser o que é.

Me Brega Baile reúne cinco bailarinos homossexuais - Alisson George, Guilherme Fraga, Jônatas Raines, Marcelo Galvão e Ruan Wills -  que em cena, através da dança de salão, exaltam a diversidade e a liberdade de existir. A direção é de Leandro Oliveira, que integrou o Balé do TCA entre 2014 a 2018.

Produzido pelo Casa 4, o espetáculo questiona a heteronormatividade como padrão de comportamento imposto nas danças de salão e mostra outras possibilidades de pensar e praticar essa dança a dois. A ideia é transformar o brega em verbo e convidar o público a sair do conservadorismo e se entregar ao excesso. Me Brega Baile é a nova montagem do grupo Casa 4 (Foto: Caio Lírio/Divulgação) “Me Brega, Baile é um apelo para que nos deixem ser aquilo que queremos. Nos deixem ser bregas. Nos deixem usar salto, saia, brilho, paetê, vestido; dançar do jeito que a gente quiser, com quem a gente quiser, em qualquer ambiente, sem julgamentos, sem conservadorismo, sem amarras”, declara Guilherme Fraga, que além de atuar assina a produção da montagem.

“Transformar o adjetivo brega em verbo é convidar o baile, o espectador e a sociedade como um todo, que tradicionalmente são tão caretas e conservadores, a se permitirem serem bregas, ousados”, pontua Guilherme.

Um dos motivadores da criação de Me Brega Baile foi a apresentação que o grupo fez de Salão, outra montagem da casa 4, para mais de 700 pessoas em Manaus, no Mova-se Festival. O evento recebeu uma ação judicial que foi movida por um grupo que considerou que o espetáculo não deveria ter a sua classificação indicativa livre por conta dos “gestos obscenos” durante a performance. Depois de pesquisar sobre montagens que tinham um teor parecido e eram encenadas por homens e mulheres héteros, o grupo chegou à conclusão de que o motivo da ação se deu pela orientação sexual deles. No novo espetáculo é possível ver uma cena sobre o que aconteceu. Sala do Coro do TCA recebe o espetaculo Me Brega Baile (Foto: Caio Lírio/Divulgação) O repertório vem carregado de músicas bregas conhecidas do público, que vão do romântico ao dançante. Entre músicas nacionais e internacionais, com destaque para clássicos dos anos 70 e 80, a trilha sonora foi escolhida coletivamente para despertar memórias afetivas nas pessoas que forem conferir o espetáculo.

“É muito massa ter criado o Me Brega Baile. Eu acho que são muitos anos dentro da dança de salão e é como se tivesse me realizando nesse baile. É um baile que é pensado para nós. O que é nós? É nós da diversidade, é qualquer pessoa que queira se vestir de qualquer jeito, dançar de qualquer jeito, a dois, a três, a quatro”, conta Marcelo Galvão também atua e assina a produção da montagem

O coletivo Casa 4 nasceu das inquietações do dançarino Marcelo Galvão sobre ser gay na dança de salão. Um ambiente que censura os dançarinos que fogem do padrão esperado. Depois de se formar em dança, Marcelo começou a propor possibilidades para a prática da dança a dois e depois de um áudio mandado erroneamente por uma pessoa onde ela fazia comentário maldosos à Alisson George, também bailarino do espetáculo, Marcelo decidiu criar um coletivo só com homens gays com experiência na dança de salão.

SERVIÇO

Espetáculo: Me Brega BeijaOnde: Sala do Coro do Teatro Castro Alves (Campo Grande)Quando: de 28, 29 e 30 de junho, às 20hIngresso: R$ 20|R$ 10, à venda na bilheteria do SAC e no site Ingresso Rápido.

*Com orientação da editora Ana Cristina Pereira