Temer critica Joesley Batista e pede suspensão de inquérito no STF; assista pronunciamento

Em pronunciamento, o presidente negou que vai deixar a presidência e disse que a gravação com Joesley Batista foi manipulada

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  • Luan Santos

Publicado em 20 de maio de 2017 às 15:23

- Atualizado há um ano

O presidente Michel Temer vai entrar com uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a suspensão do inquérito aberto com autorização do ministro Edson Fachin para investigá-los pelos crimes de corrupção, organização criminosa e obstrução de Justiça.

Em pronunciamento neste sábado (20), Temer voltou a afirmar que não vai deixar a presidência e disse que a gravação da conversa com o empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, foi manipulada "com objetivos nitidamente subterrâneos". Em matérias divulgadas neste sábado pelos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo peritos disseram que foram feitos cortes e edições nos áudios da conversa entre Temer e o empresário. Segundo as publicações, os áudios tiveram 50 edições e 14 cortes.(Foto: AFP)Em tom elevado, o presidente também fez duras críticas a Joesley, chamou de "pífia" a acusação de corrupção contra ele e criticou o fato de inquérito ter sido aberto sem a devida averiguação "levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe  grave crise ao Brasil". "No dia hoje estamos entrando com petição no STF para suspender o inquérito até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação clandestina", afirmou.

Disse também que houveram incoerência e contradições s nos depoimentos de Joesley e do irmão dele, Wesley Batista. Temer afirmou ainda que o depoimento de Joesley demonstra insatisfação do empresário com o governo. "O governo não atendeu a seus pedidos.  Estamos acabando com os velhos tempos das  facilidades aos oportunistas. isso incomoda muito", defendeu.

Veja abaixo a íntegra do que ele falou.

Leia primeiro pronunciamento

Em pronunciamento feito na última quinta (18), o presidente negou ter "comprado silêncio" de Eduardo Cunha e disse que não iria renunciar. Leia o que ele falou neste primeiro discurso:

"Ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira. E uma declaração ao país.

E, desde logo, ressalto que só falo agora dos fatos de ontem porque tentei conhecer primeiramente o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente ao Supremo Tribunal Federal acesso a esses documentos.

Mas até o presente momento não o consegui.

Quero deixar muito claro dizendo que meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno do crescimento da economia e os dados de geração de empregos criaram esperança de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso Nacional.

Ontem, contudo, a revelação de conversas gravadas clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada.

Portanto, todo o imenso esforço de se tirar o país de sua enorme recessão pode se tornar inútil. Nós não podemos jogar no lixo a história tanto trabalho feito em prol do país.

Ouvi realmente o relato de um empresário, que por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse e só tive conhecimento deste fato nesta conversa que tive com este empresário.

Repito e ressalto, em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma razão singelíssima exata e precisamente porque não tenho relação.

Não preciso de cargo público e nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos.

E nunca autorizei, por isso mesmo, que utilizasse o meu nome indevidamente. Por isso, quero registrar enfaticamente: a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território onde surgirão todas as explicações. E no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com estes fatos.

Não renunciarei. Repito. Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos.

Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro.

Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo. Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a essas investigações.

Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso, meus senhores e minhas senhoras, é com o Brasil. E só este compromisso que me guiará. Muito obrigado e muito boa tarde a todos".