'Tenho visto coisas incríveis', diz Rincon Sapiência sobre artistas baianos

Prestes a lançar disco, rapper paulista comemora parcerias com Attooxxa e Duquesa

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  • Da Redação

Publicado em 15 de novembro de 2019 às 06:50

- Atualizado há um ano

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MC, produtor e empresário Rincon Sapiência é um dos nomes de destaque da nova cena musical brasileira. O cantor faz show neste sábado (16), com o grupo Attooxxa, no Concha Negra. Dois anos depois de lançar Galanga Livre, seu álbum de estreia, o rapper paulista também se prepara a chegada do segundo, Mundo Manicongo – Dramas, Danças e Afroreps, que deve ser lançado ainda esse mês. Em entrevista ao CORREIO, ele conta detalhes do novo trabalho, que traz participações quentes, como as dos baianos Attooxxa e Duquesa (de Feira de Santana), além de Gaab, Lellê, Audácia e Rael. 

Foi com a música que dá nome ao disco que ele marcou sua participação no Colors Studio, plataforma de música internacional focada em promover os mais novos artistas e sons originais de todo o mundo. Rincon foi o terceiro artista brasileiro a participar do projeto, depois das baianas Luedji Luna e Xênia França. Sobre a música da Bahia, ele diz: "Tenho visto coisas incríveis". Muito do que viu e vê, está em Mundo Manicongo. O segundo single do disco apresentado pelo rapper foi Meu Ritmo, que chegou às plataformas acompanhado de um clipe que traz uma atmosfera dançante, e evidencia a mistura rítmica entre o ancestral e o contemporâneo. 

Vale destacar que com Galanga Livre, Rincon entrou para a lista dos 50 melhores álbuns da música brasileira de 2017 da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) e ganhou dois troféus do Superjúri no Prêmio Multishow daquele ano. A premiação também rendeu o título de Revelação do Ano, reforçado pela sua eleição como Artista do Ano pela APCA e a escolha como melhor disco do ano pela revista Rolling Stone Brasil.

Confira entrevista:

Você está se preparando para lançar um disco ainda esse mês, não é isso? Soube que também está gravando um clipe...Como é que estão os preparativos para essa novidades todas? Ao longo da minha carreira eu sempre me interessei em produzir conteúdos audiovisuais. Estou iniciando um novo ciclo, com disco novo, e para mim continua sendo importante trazer um registro em vídeo e ampliar ainda mais a proposta, a linguagem, que a gente ta trazendo para esse álbum. Estamos preparando bastante coisa. Um disco com certo volume de faixas, muitas participações, muitos estilos diferentes, muitos temas diferentes passeando pelo repertório, e como cereja do bolo, os clipes que já estão na bala. To rodando o segundo agora, para lançar junto com o álbum. 

Aliás, você lançou o primeiro single do álbum, Mundo Manicongo no Colors Studio, um projeto super bacana, que você utilizou de forma muito estratégica com uma música inédita, tão dançante, tão você. Conta um pouco para gente dessa experiência. O Colors Studio foi incrível, sempre acompanhei. É um projeto que me conecta a vários músicos do mundo, e eu sou um cara muito interessado em ter esse conhecimento, sobre o que os artistas, muitos do underground, estão fazendo mundo afora. O Colors dá essa abertura, para o artista que tem um trabalho autêntico, original. E eu fazer parte desse balaio todo de artistas mundiais, e acima de tudo, ver a música brasileira ocupando esse lugar também, foi uma experiência incrível participar desse projeto. Também me deixa muito orgulhoso o resultado final, a parte fashion, a música. Tudo abriu caminhos para esse disco que está chegando. 

Vi que o álbum conta com muitas participações, inclusive com Duquesa e com Attooxxa, ambos daqui da Bahia. Me conta um pouco sobre as participações todas, e especialmente sobre essas duas. As experiências, com as participações, foram ótimas, porque acima de tudo são artistas que eu sou muito fã, e admiro muito. A música baiana, naturalmente, pela linguagem, pelo tempero afro, sempre me foi muito atraente. É interessante como tantos gêneros musicais diferentes têm despontado coisas na Bahia, seja de pagodão, de rap, trap, de uma linha mais R&B. Eu tenho visto coisas incríveis de artistas vindos da Bahia, e não existe uma redundância, cada um com a sua linguagem, com o seu estilo. Me conectar com a Bahia para acessar novos artistas sempre foi um caminho excelente. Duquesa e Attooxxa foram pessoas que eu tive oportunidade não só de admirar, consumindo a música, como também se aproximando e criando uma irmandade ali. Acima de tudo, entergaram uma participação excelente. Então, foi um presentaço que eu ganhei para esse disco.  (Foto: Andreh Santos/ Divulgação) Aliás, seu diálogo com o Attooxxa já tem um tempinho, né? Lembro que eles te convidaram para um show deles no Pelourinho, há um tempo, e de lá para cá só estreitando essa relação. Como foi essa ideia de vocês se apresentarem juntos no Concha Negra? A conexão de Attoxxa e de Rincon já existe faz um tempo. Me recomendaram conhecer a música deles, eu acessei pela internet, gostei muito. Calhou que poucos dias depois, estávamos no mesmo festival, no Favela Sounds, em Brasília. Além da admiração pela música, no que a gente se encontrou em resenhas no camarim, bateu legal, a gente tinha uma sintonia parecida, uma onda parecida. E aí rolou essa admiração, tanto da parte musical, quanto da parte pessoal. Naturalmente, fomos nos encontrando em vários festivais, dividindo o mesmo palco. Até que a gente teve uma experiência aqui em São Paulo, que foi fazer um show conjunto na Virada Cultural. Foi incrível, as pessoas receberam muito bem, falaram em turnê. Várias ideias surgiram, e a gente resolveu refazer essa combinação de Rincon e Attooxxa em Salvador. Eu estou bem feliz e ansioso!

Como é pra você participar de um projeto como esse, em Salvador, mais especificamente na Concha Acústica? Para mim, Salvador faz parte. Com a experiência de rodar o Brasil, a gente entende que cada lugar tem seu tempero, seu lado especial. É incrível rodar pelo Brasil, mas inegavelmente Salvador é aquele lugar que está no imaginário da gente aqui em São Paulo, a gente que é preto, que consome música, que gosta desse tempero, de percussão, de dança. Salvador, e a Bahia no geral, foi um lugar que sempre fomentou isso. Quando eu me vejo participando disso, eu lembro que era algo que me parecia muito distante. Minhas vivências fazendo rap em São Paulo...Ver como o mundo deu voltas, e acabou que as linguagens vão mudando, até que surgiu de uma forma extremamente natural essa combinação entre as duas bandas, Rincon e Attooxxa. Mais epecial ainda é vivenciar esse final de ano, momento pré-disco, pra mim momento de renovação. Fazer um show em Salvador, junto com meus amigos, dentro desse projeto especial que é o Concha Negra, é um presente que eu ganho.