'Tentou colocar a mão na minha calcinha', diz vítima sobre João de Deus

Mais uma mulher denunciou os abusos que sofreu do médium em suposto tratamento espiritual

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  • Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2018 às 15:44

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Reprodução

Uma mineira de 32 anos é mais uma vítima que contou ter sofrido abuso sexual do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus. De acordo com o Jornal O Globo, a vítima relatou que ele tentou colocar a mão dentro da sua calcinha, em uma sessão fechada na sala de atendimento.

"A pedido dele, fui até a salinha. Ele disse que faria um tratamento energético em mim, que precisaria da energia dele. Encaixou o corpo dele por trás do meu, disse que era “para circular a energia”. Passou as mãos pelas laterais do meu corpo, até chegar à parte da frente, como se estivesse me abraçando. Passando a mão no meu corpo sobre a roupa, disse que eu era muito forte, e de repente ele tentou colocar a mão dentro da minha calcinha. Foi quando eu conseguir dizer “não!”. Assustada, tirei a mão dele, rápido. Dessa última vez tive muito medo, porque eu já tinha entrado ali antes, mas ele nunca tinha feito algo assim", contou a mineira.

Ela disse ainda que ele ofereceu dinheiro para que ela se mudasse para Abadiânia, em Goiânia, e montasse um negócio. "Cheguei a considerar morar lá. Ele me ofereceu uma mesada para viver ali, disse que poderia ajudar no financiamento de um negócio, se eu quisesse. Uma vez, fez questão de me chamar para vê-lo negociar a compra de uma fazenda. Senti que queria demonstrar poder e dinheiro, achei aquilo muito estranho", contou ao jornal.

As mulheres que sofreram abusos ao jornal e ao programa de TV analisam se vão apresentar denúncias ao Ministério Público ou se vão aguardar a Promotoria abrir um processo, visto que a legislação permite iniciar as investigações, mesmo que as vítimas não procurem a Justiça. 

De acordo com O Globo, Pelo menos três das sete mulheres ouvidas pelo jornal estão se aconselhando com advogados para determinar como devem proceder. 

Leia o relato na íntegra publicado pelo O Globo:

"Fui muitas vezes a Abadiânia, não consigo nem lembrar quantas. A primeira vez foi em 2013, eu tinha acabado de fazer 27 anos. Desde a primeira vez que fui, a entidade me chamou para conversar na salinha.

Ele teve uma conversa gentil, cavalheiresca. Falou do poder de curar e tudo que poderia fazer. Nos atendimentos abertos ao público, a entidade disse que eu teria que voltar três vezes a Abadiânia, e sempre que fosse deveria procurar por ele na sala.

Cheguei a considerar morar lá. Ele me ofereceu uma mesada para viver ali, disse que poderia ajudar no financiamento de um negócio, se eu quisesse.

Uma vez, fez questão de me chamar para vê-lo negociar a compra de uma fazenda. Senti que queria demonstrar poder e dinheiro, achei aquilo muito estranho.

Quando li a matéria no jornal [neste sábado, contendo as denúncias feitas por seis mulheres], a ficha começou a cair.

Na primeira vez, estávamos na salinha, eu sentada de frente para ele. Tinha uma medalha no meu colar que eu estava trazendo de Praga, fui mostrar a ele. Depois de olhar, ele quis “guardar” a medalha dentro do meu decote. Não gostei. Educadamente, segurei sua mão no meio do movimento, tirei a medalha de seus dedos e, ainda segurando sua mão, coloquei-a sobre o colo dele.

Depois de conversar, ele me pediu para voltar ali depois do fim da sessão, disse que tinha um tratamento a fazer, algo sobre energia. Achei estranho e disse que, depois da sessão, eu iria passear. “Passear? Você está aqui pra se tratar ou para passear?”, ele respondeu. Aí eu disse que iria até a cachoeira, que fazia mais sentido para mim ir naquele lugar, onde todos falam que as entidades estão presentes. Então combinamos que eu voltaria ali no dia seguinte.

Eram 7 horas da manhã, as sessões logo iriam começar no salão. A pedido dele, fui até a salinha. Ele disse que faria um tratamento energético em mim, que precisaria da energia dele. Encaixou o corpo dele por trás do meu, disse que era “para circular a energia”.

Passou as mãos pelas laterais do meu corpo, até chegar à parte da frente, como se estivesse me abraçando. Passando a mão no meu corpo sobre a roupa, disse que eu era muito forte, e de repente ele tentou colocar a mão dentro da minha calcinha. Foi quando eu conseguir dizer “não!”. Assustada, tirei a mão dele, rápido. Dessa última vez tive muito medo, porque eu já tinha entrado ali antes, mas ele nunca tinha feito algo assim.

Ele ficou irritado com a forma como reagi, mas se controlou e se afastou. Disse que iria começar as sessões.

Sei como ele é poderoso, e digo isso no campo material. Energeticamente, espiritualmente não tenho medo nenhum dele. Uma coisa que eu entendi em Abadiânia é que a polícia é do João de Deus, então fazer denúncia lá parece ser impossível.

Depois voltei lá uma vez, para acompanhar uma pessoa, em outubro de 2014.

É muito difícil falar sobre tudo isso, nunca falei pessoalmente com ninguém, além da minha mãe. Depois do que me aconteceu, descobri outros casos. Revoltada com o que tinha me acontecido, pesquisei na internet e encontrei várias coisas.

De certa forma, senti alívio, porque assim vi que eu não estava louca. Tinha outras mulheres que sofreram que nem eu."