Tereza Cristina e a live nossa de cada dia

Cantora carioca faz sucesso com seus encontros musicais e afetivos; neste sábado (27) tem apresentação no YouTube, às 15h

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  • Ana Pereira

Publicado em 27 de junho de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

De repente, todo mundo começou a falar nelas. Nas lives e em Tereza Cristina. Volta e meia alguém pergunta: Já a viu a live da Tereza? Sem falar nos muitos compartilhamentos de trechos que viralizaram, como nos dias em que Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Lula e Fernando Haddad deram pinta nos encontros noturnos diários. 

Sim, diários. Desde que começou, no dia 26 de março, a cantora carioca de 52 anos faz generosas apresentações nas quais mostra seu  conhecimento da música popular brasileira, interage com anônimos e famosos, abre espaço para artistas pouco conhecidos, incentiva campanhas colaborativas e fala sobre o que lhe convém. Sexta-feira chega na live de numero 100. 

Na última terça-feira (23), por exemplo, ela homenageou Elza Soares, que estava completando 90 anos. Tomada  de emoção (como sempre) cantou clássicos gravados por Elza, lembrou da importância de termos uma cantora negra da magnitude dela e criticou os que cobram de Elza, por exemplo, fidelidade ao samba.  “Elza é nossa retaguarda. Acho um absurdo este tipo de cobrança com uma cantora que gravou mais de 120 discos e inúmeros compositores. Nós, mulheres negras, além de não podermos errar, temos de estar 300% prontas”, cutucaTereza. Ela mesma, reflete, demorou muito para ter coragem de emitir suas opiniões. “Sempre fui muito extrovertida, mas com o passar dos anos fui ficando tímida, queita. Mas que bom que a gente está falando de racismo em junho, né?”   

Por isso, as lives de Tereza têm sido curativas, para o público e para ela. “Estar ali, falando numa tela me deu uma libertação completa. Perdi o medo de errar e a vergonha de falar”, conta Tereza, que ganhou mais de 200 mil novos seguidores nas redes sociais. “Está sendo importante para algumas pessoas e para mim também. Não consigo mais parar. Sinto que tem muita gente precisando destes alívios. A situação está muito difícil e a gente sequer tem um ministro da saúde”, critica.

 

Entre canções, encontros e  conversas, Tereza vai tocando o barco. Vai de clássicos do samba e da MPB à artistas que a priore não estariam em seus shows e álbuns, como Zizi Possi e Eduardo Dussek. “Quero me despir destas amarras”. Neste sábado, às 15h, ela comanda a Original Live da Tereza, única apresentação patrocinada da semana e que acontece no YouTube. No resto da semana, o encontro é no Instagram.  Sobre o futuro, reflete , ainda não consegue vislumbra direito. “Temos que tentar entender como ficará o mercado, quanto tempo vai levar para voltarmos a fazer um show. Como vou sobreviver?”, questiona a cantora, ciente que  “ainda temos muitas estátuas para derrubar”.