Terreiro Mokambo é tombado pelo IPAC como Patrimônio Cultural da Bahia

A cerimônia de tombamento ocorreu na tarde deste domingo (23), no Trobogy, com presença do diretor do Ipac e do líder do terreiro

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  • Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2017 às 17:06

- Atualizado há um ano

Na tarde deste domingo (23), o Terreiro Mokambo - Onzó Nguzo za Nkizi Dandalunda Ye Tempo, localizado no Trobogy, foi tombado pelo Instituto do do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), recebendo o certificado de Patrimônio Cultural da Bahia. A cerimônia ocorreu com a presença do diretor presidente do Ipac, João Carlos de Oliveira e do líder do terreiro, Tata Anselmo Santos, além de membros da  comunidade. Tata Anselmo Santos e o diretor do Ipac João Carlos de Oliveira (Foto de Evandro Veiga)De origem bantu, com tradição dos países africanos Congo e Angola no Brasil, o terreiro é dedicado a Dandalunda, Oxum na nação Ketu. Desde a sua fundação, em 1996, desenvolve projetos para divulgação e preservação da tradição de Angola e Congo.

Para Tata Anselmo, esse trabalho foi o ponto decisivo para conquistarem o tombamento:  “Temos um memorial para contar como a tradição bantu se espalhou pela Bahia e pelo Brasil. Se não fizéssemos esse tipo de coisa, nossa história ia acabar”. Tata Anselmo Santos recebe o certificado de Ana Vaneska, do Conselho de Cultura do Estado da Bahia, e do diretor do Ipac, João Carlos de Oliveira (Foto: Evandro Veiga)Para o líder religioso, o maior ganho em ter o terreiro como Patrimônio Cultural é a aproximação com o estado. “Eu me iniciei em 1975, em uma época e a polícia entrava e batia. Isso tudo, com o respaldo do Estado. Então hoje, nada mais do que lógico que esse mesmo Estado reconheça este espaço como um sítio religioso para preservação e manutenção da tradição bantu, que é a que mais influenciou na formação étnico-cultural do povo brasileiro”, afirmou Tata Anselmo. Comunidade religiosa comemora o tombamento do terreiro (Foto: Evandro Veiga)Segundo o diretor do Ipac, João Carlos de Oliveira, a política de tombamento não é feita a partir de um único ato, mas sim da construção de um sentimento de preservação de memória. “O que a gente entende é que a casa faz parte de uma raiz importante da implantação da religião aqui na Bahia e, o mais importante, é instrumento de preservação”, disse.

Ainda de acordo com o diretor do Ipac, o processo de tombamento do Terreiro Mokambo durou dois anos de pesquisas e agora integra o grupo de 19 terreiros que são tombados em todo o estado da Bahia.