Thiago Romero une o passado e o presente das bichas pretas em nova peça

O espetáculo proporciona dois percursos narrativos para o público escolher

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  • Kalven Figueiredo

Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Mayara Ferrão / Divulgação

Após alguns anos atuando na cena teatral, o diretor Thiago Romero  resolveu voltar à academia para agregar a teoria ao trabalho que já desempenha. Em sua formatura em direção  na Escola de Teatro da UFBA, ele apresenta o espetáculo Afronte – Akulobee,  que discute raça e gênero, abordando temas como  racismo, homofobia,  colorismo e até questões ligadas ao vírus da AIDS.  A montagem estreia amanhã na Casa Rosada, nos Barris.

O texto de Afronte – Akulobee foi escrito pelo dramaturgo Daniel Arcades com base nos argumentos do diretor. “A Escola de Teatro ainda tem uma visão muito eurocêntrica e meu desejo era me formar falando deste lugar da bicha preta”, explica Romero. 

Segundo ele, o recorte veio quando percebeu que a militância acaba sendo muito setorizada. “Por mais que a gente viva dentro do recorte racial e também do movimento LGBTQIA+, eu tive vontade de falar do lugar dessas bichas pretas”, revela. 

Pensada para envolver o público em dois circuitos narrativos, o espectador precisa escolher entre as duas opções de espetáculos disponíveis: o ‘queerlombo’ das bichas pretas contemporâneas,  inspirado na geração tombamento; e a trajetória do grupo histórico das Quimbandas, grupo de negros feiticeiros que se travestiam de mulheres e foram escravizados da região do Congo e Angola entre os séculos XVI e XIX.  

As bichas contemporâneas são interpretadas pelos atores Anderson Danttas, Diogo Teixeira, Igor Nascimento e Rafael Brito. Neste lugar denominado ‘Queerlombo’ elas compartilham suas histórias de vida, as maravilhas e dores de ser uma bicha preta. Tudo isso sem faltar uma boa dose de humor.

Na ala das bichas ancestrais, encenadas na parte de fora da casa, o espetáculo tem um clima mais ritualístico e histórico. Quase sem falas,  a composição cênica que traz os atores Teodoro, Diego Alcântara, Ricardo Andrade e Antônio Marcelo deixam seus corpos falarem. 

A dicotomia dá sentido ao nome da produção: enquanto Afronte representa essa geração de bichas pretas empoderadas, Aku significa ancestral e Lobee bicha, formando então A Bicha Ancestral. 

A escolha da divisão  narrativa faz com que o espetáculo seja uma experiência única para o público. Os que desejarem conhecer os dois lados da história (passado e presente), precisará assistir ao espetáculo pelo menos duas vezes. O espetáculo tem direção musical de Filipe Mimoso, direção de movimento de Edeise Gomes, preparação vocal de Joana Boccanera, figurino e maquiagem de Tina Mello.

Com 15 anos de carreira como ator e diretor, Thiago Romero é formado em História da Arte e ficou conhecido pelos espetáculos Rebola (2016), vencedor do Prêmio Braskem de teatro 2017 nas categorias Melhor Espetáculo e Melhor Texto; e Madame Satã (2018).  Casa Rosada (Barris, n° 30, em frente a BibliotecaCentral). Estreia amanhã, 19h.  Temporada: de quarta à sábado, às 19h. Ingresso: R$ 30| R$ 15. Vendas: Sympla.  

Serviço

O quê: Afronte – Akulobee

Quando: 07 a 16 de fevereiro (quarta à sábado), às 19h

Onde: Casa Rosada – Travessa dos Barris, n° 30, em frente a Biblioteca dos Barris

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

Vendas: através do site Sympla