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Canto para Atabaque foi lançado neste domingo (5), aniversário de 110 anos do baiano
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2021 às 19:50
- Atualizado há um ano
O cantor Tiganá Santana e a banda BaianaSystem celebram os 110 anos de Carlos Marighella - completados neste domingo, 5 - com o lançamento, em todas as plataformas digitais, do single Canto para Atabaque. A canção leva para o universo musical o poema homônimo de Marighella, que fala sobre a força do tambor e da herança africana na formação do país.
A história da gravação começa em 2019, quando a atriz Maria Marighella, neta do guerrilheiro, convidou Tiganá para musicar o poema. Ele, por sua vez, convidou o BaianaSystem e o músico Sebastian Notini para juntos construírem os arranjos e gravarem a faixa.
As gravações foram realizadas em Salvador no mês de novembro, por SekoBass e Sebastian Notini, que juntos também editaram, gravaram efeitos, programações e trouxeram a timbragem da música. A mixagem e masterização são assinadas por Buguinha DUB. A percussão conduz a faixa, destacando o Rum, Rumpi e Lé, junto com agogô, xequerê e caxixis, num toque de barravento, da tradição do candomblé de Angola, somados à guitarra baiana de Robertinho Barreto.
O canto solene de Tiganá se junto à descontração de Russo para traduzir os versos fortes de Marighella: "Quem fez o Brasil foi trabalho de negro, de escravo, de escrava, com banzo, sem banzo, mas lá na senzala, o filão do Brasil veio de lá foi da África".
Poema Canto pra Atabaque, de Carlos Marighella
Ei bum!
Qui bum-rum!
Qui bum-rum!
Bum! Bumba!
Ei lu!
Qui lu-lu!
Qui lu-lu!
Lumumba!
Ei Brasil!
Ei bumba meu-boi!
“Mansu, manseba,
traz a navalheta
pra fazer a barba
deste maganeta.”
Lá vem beberrão,
lá vem Bastião,
tocando bexiga
em tudo que é gente.
O engenheiro medindo,
empata-samba empatando,
cavalo-marinho
dançando, dançando.
O boi requebrando,
o boi ‘stá morrendo,
o boi levantando,,,
Ei Brasil-africano!
Minha avó era nega haussá,
ela veio foi da África,
num navio negreiro.
Meu pai veio foi da Itália,
operário imigrante.
O Brasil é mestiço,
mistura de índio, de negro, de branco.
Bum! Qui bum-rum! Qui bum-rum! Bum-bum!
Quem fez o Brasil
foi trabalho de negro,
de escravo, de escrava,
com banzo, sem banzo,
mas lá na senzala,
o filão do Brasil
veio de lá foi da África.
Ei bum!
Qui bum-rum!
Qui bum-rum!
Bum! Bumba!
Ei lu!
Qui lu-lu!
Qui lu-lu!
Lumumba!