Time superafinado: Maestros dão dicas de como reger uma equipe de sucesso

CORREIO conversou sobre os desafios de comandar uma orquestra com os regentes Carlos Prazeres, Fred Dantas e Maurício Brandão

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  • Priscila Natividade

Publicado em 23 de julho de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Uma orquestra consegue alinhar em um mesmo ritmo instrumentos diferentes, sons diversos, inúmeros talentos e músicos afinados. Por incrível que pareça, apesar de o palco não ter cara de escritório há muita coisa que uma orquestra tem em comum com uma empresa. Mas o que os maestros podem ensinar aos gestores de equipes?   

Ter um time afinado, jogando em conjunto em busca do mesmo objetivo  não é das tarefas mais fáceis. Por isso, o CORREIO conversou com três maestros. Eles  entendem não apenas de música, mas também de espírito de liderança e de equilíbrio, afinal, regem orquestras.  'É importante exigir o máximo, mas também ceder no momento certo', aconselha Carlos Prazeres (Foto: Reprodução/ Instagram) “Saber conviver com egos, controlar seu próprio ego, identificar quando um motor não está funcionando por questões pessoais (e não profissionais) é fundamental. Para manter a equipe afinada é importante exigir o máximo, mas também ceder no momento certo”, afirma o maestro e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), Carlos Prazeres.

Há sete anos o regente comanda a Osba. Para ele, o líder deve ser enérgico e ciente de sua responsabilidade à frente do grupo, mas também precisa trabalhar seu lado doce. “Uma das funções do maestro, além da marcação e da interpretação, é a equalização. É saber quando os violinos, estridentes por natureza, precisam se espremer para deixar uma flauta soar na região grave. Imagino que um gestor deva saber eleger os ‘naipes’ que momentaneamente devem soar mais nas suas empresas. Aí deve entrar o verdadeiro espírito de liderança, onde equalizamos a cobrança e o entendimento”, aconselha.

Excelência 'É fundamental motivar toda a equipe para que todos se sintam igualmente fundamentais', pontua José Maurício Brandão (Foto: Divulgação) Para alcançar um bom resultado é necessário muito mais que afinação, como destaca o diretor da Escola de Música e coordenador artístico da Orquestra Sinfônica e Madrigal da Ufba, José Maurício Brandão. “O que importa é manter a equipe valorizada e em contínuo progresso”, diz. “Para isso, planejamento, organização, disciplina, respeito e construção de um coletivo coeso precisam ser valores sempre presentes. Isso trará resultados musicais de excelência numa orquestra e numa empresa”, acredita.

Ele também concorda que a regência é, em essência, uma atividade de gestão. “Um conjunto funciona bem quando cada membro entende qual é sua parcela de contribuição e que todas são importantes, ainda que possam ser medidas em formas e tamanhos distintos. É fundamental motivar a equipe para que todos se sintam igualmente fundamentais para a obtenção do resultado, independente da forma como contribuem”, analisa 'O líder tem que ter sensibilidade e conhecimento sobre seus comandados', afirma Fred Dantas (Foto: Betto Jr./ CORREIO) Fred Dantas é mais um que tem a ensinar como alcançar uma equipe afinada. À frente da Orquestra Brasileira de São Salvador e fundador do Encontro de Filarmônicas no 2 de Julho, ele  destaca que é preciso colocar a obra acima da sua interpretação. “Primeiro a sinfonia, depois a maneira como você a interpretou, com os músicos ao seu comando”. 

Outra dica é conhecer bem a sua equipe. “O líder, além da capacitação, tem de ter sensibilidade e conhecimento sobre seus comandados. Músicos, além de capacitados, se identificam com o ideal da orquestra”, fala.