Tinha tudo pra ser uma festa: uma Copa Libertadores sem vencedor

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  • Miro Palma

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A final da Libertadores deste ano tinha tudo para ser uma grande festa, com um superclássico argentino na disputa pelo título. Independentemente do destino do troféu, se irá para o Boca Juniors ou para o River Plate, sairíamos todos vencedores. Afinal, assistiríamos a duas partidas – o último duelo duplo da competição que, no próximo ano, vai adotar uma final única – de um futebol ‘raçudo’, com um ágil toque de bola, cheio de catimba – por que não?! – e com duas torcidas fiés como são as dos rivais argentinos.

E tudo caminhava bem. O primeiro jogo, um empate por 2x2 na Bombonera, seguiu como mandava um script. A festa da torcida ‘xeneize’, a disputa em campo, muitos gols, até um contra que garantiu o empate e, por fim, o juiz apitou no centro do campo. No último sábado, aconteceria a disputa da partida decisiva, dessa vez na casa do River, o estádio Monumental de Núñez. Mas, durante a chegada do Boca, o ônibus que levava os atletas foi atacado com paus e pedras por torcedores ‘millonarios’. Jogadores foram atingidos e ficaram machucados. A polícia de Buenos Aires interveio com gás de pimenta e a confusão ficou ainda maior.

Em meio a esse caos, a Conmebol, que promove o evento, resolveu suspender a partida. A entidade arrastou uma indefinição por dias, até que ontem, anunciou que o jogo final acontecerá no dia 9 de dezembro, no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, na Espanha. O Boca Juniors tentou conquistar a vitória nos tribunais. Isso porque, o time foi eliminado nas oitavas de final da competição em 2015, depois que um torcedor do clube atirou gás de pimenta na saída para o vestiário do rival, o mesmo River com quem disputa a taça este ano.

Até entendo a diretoria do Boca. Há três anos, a Conmebol tomou uma atitude rigorosa, porém correta em relação a um ato de violência no esporte. E a violência não deve ser admitida em nenhuma circunstância. Então, por que não fazer o mesmo este ano? Ou será que só é aceitável punir um time até as oitavas ou quartas de final, quando ainda é possível alçar um substituto? O show não pode parar. Mas, deveria.

Afinal de contas, a relação entre clube e torcida é uma via de mão dupla: assim como as torcidas são responsáveis por manter viva a instituição, o time também se torna responsável por aqueles que representa. E não me venham com essa história de que o clube não pode responder pelas ações de todos os torcedores. É por essas e outras que vemos crescer o poder e a hostilidade de diversas torcidas organizadas no nosso país e em tantos outros. A postura de uma torcida reflete a do time e vice-versa.

Diante de episódios lamentáveis como este, o esperado seria que o próprio River Plate identificasse esses torcedores e os encaminhasse para as autoridades responsáveis. Cabia ao próprio clube dar o exemplo de que esse tipo de ato, não importa se contra ou a favor, não deve ser tolerado. À Conmebol cabia uma atitude muito mais austera e muito menos política do que leiloar o jogo final. E a nós cabe o aprendizado. Diante da violência no esporte, seja ela como for, não importa o resultado e não há vitorioso, porque todos nós saímos perdendo.

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras