Todo artista tem valor, não precisamos estar agônicos

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  • Cesar Romero

Publicado em 24 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Obra de Genaro de Carvalho (foto/divulgação)  Com o falecimento de Mario Cravo Junior, fechou-se um grande ciclo de artistas renomados que eram destaques imediatos, quando se falava em arte na Bahia. Cada um deles tinha uma linguagem única e muito contribuíram para o desenvolvimento da visualidade baiana.

O início deu-se com Genaro de Carvalho, em 1971, falecendo aos 45 anos, deixando uma obra singular. Depois Hansen Bahia, Mirabeau Sampaio, Carlos Bastos, Jenner Augusto, Calasans Neto, Floriano Teixeira, Rubem Valentin, Sante Scaldaferri, Mario Cravo Neto, Carybé.  Quase todos contaram com o apoio do escritor Jorge Amado, que funcionava como “padrinho” dessa geração, arranjando exposições no eixo Rio - São Paulo, convidando – os para ilustram seus livros, interferindo com os governantes da época para feitura de grandes painéis.

Com seu prestígio Jorge Amado, glamourizou estes artistas e foi um dos responsáveis pelo sucesso deles. Como acontece geralmente na Bahia, o esquecimento é quase uma regra e muitos destes artistas ficaram no limbo, sem revisões do seu legado e com preços muito aquém de suas importâncias. As novas gerações pouco conhecem a obra destes pioneiros, destes que formataram o modernismo em nossa terra. A responsabilidade da memória divide-se entre os órgãos de cultura governamentais e os familiares.

Agora é comum pessoas ligadas a arte, colecionadores, artistas, perguntarem quem vai substituir estes artistas? Ninguém. Cada ser humano é único, com seu sistema de pensamento, forma de ser, sentir e atuar. O que está havendo é o surgimento de novos artistas, outros já estabelecidos, criando e deixando marcas do seu fazer. Quem vai substituir Jorge Amado? Ninguém. Havia entre estes artistas um sentimento de fraternidade muito grande, eram amigos, defendiam um aos outros, saiam juntos e viviam em estreita sintonia.

Os tempos hoje parecem outros, não existe mais a solidariedade de antes, e a competição é maior que a cooperação. Hoje numa coletiva, artistas brigam por disposições de seu trabalho no espaço expositivo, mesmo sendo um espaço quadrangular ou quadrado. Ofendem-se se não são convidados para determinados eventos, quando selecionar é excluir, e os curadores ou organizadores tem direito de escolhas e serão responsáveis por suas decisões.

Estar fora de eventos de arte, não é demérito, não quer dizer menos qualidade. A competição é sempre daninha, pois gera ressentimentos, sabor amargo e mesquinharias. Todo artista que tem valor, ele é claro, simples e faz do seu trabalho sua resposta.

Hoje temos bons representantes no setor cultural. Não precisamos estar agônicos.