Traficante nega, mas arma o coloca como um dos envolvidos em morte de PM

Ao todo, sete criminosos participaram do assassinato

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  • Bruno Wendel

Publicado em 1 de novembro de 2018 às 16:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/SSP-BA

Cabisbaixo, ora balançando a cabeça, ora balbuciando, William Santos Santana, o traficante Chokito, negava participação na morte do cabo Gustavo Gonzaga da Silva, 44 anos, assassinado no dia 6 de junho deste ano no Complexo do Nordeste de Amaralina. Mas uma pistola calibre 380, parcialmente avariada, o coloca na cena do crime, segundo a polícia. 

“Quando preso, ele disse que a pistola, que apresentava avaria em suas extremidades, estava com Keka, que morreu em confronto com a Polícia Militar. Essa mesma arma ele já havia dito que era dele em interrogatório. Inicialmente, disse que a arma foi usada na morte do cabo Gonzaga, mas depois voltou atrás em outro depoimento. A pistola foi encaminhada para perícia”, declarou o delegado Odair Carneiro da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), durante apresentação de Chokito na manhã desta quinta-feira (1º), no prédio-sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Chokito e Cléber Costa Soares, o Keka, estavam na cidade de Eunápolis, Extremo Sul do estado, quando foram surpreendidos por policiais militares - Chokito foi preso do dia 25 e Keka acabou morto cinco dias depois. 

Ambos estavam com mandado de prisão temporária pela morte do policial. No entanto, Keka reagiu à abordagem e acabou morto. Trazido para Salvador, Chokito já responde por tráfico de drogas.  

Com Keka foram apreendidas três pistolas – uma calibre 380 (uma delas de Chokito) e um ponto 40. “Desde a morte do cabo, os dois estavam escondidos na zona rural da cidade. Conseguimos localizá-los através do nosso Serviço de Inteligência”, disse o delegado Odair Carneiro.

Comando da Paz No total, sete criminosos estão envolvidos no assassinato do cabo Gonzaga – três estão mortos, dois estão presos e outros dois são procurados. “Todos ligados à facção Comando da Paz (CP)”, declarou Odair Carneiro. 

Os primeiros envolvidos localizados foram Pablo Azevedo Vieira Santos, 25, o Marão, e Mateus Rafael Passos dos Santos, 23, o Friza. Eles estavam na localidade de Jauá, em Camaçari. Eles reagiram e morreram no confronto no dia 12 de junho. Eles eram também suspeitos de participação na morte dos seguranças do ensaio do Harmonia do Samba.  (Reprodução/SSP-BA) No dia 6 de setembro, uma das lideranças da facção e autor de pelo menos 25 assassinatos, Antônio Caíque Santos Correia, foi localizada em São Paulo. O criminoso era responsável também pela distribuição de armas e drogas para a facção. 

Ainda de acordo com a polícia, outros dois integrantes da facção são procurados - um deles é Emerson dos Santos, o Leno. “Estamos na busca por Leno e um adolescente de 17 anos. Os dois encerram a nossa lista de envolvidos na morte do cabo”, declarou Odair Carneiro. 

Morte e esquartejamento O delegado Odair Carneiro falou sobre a motivação do crime. “Ainda não conseguimos chegar à motivação”, disse.  Cabo Gonzaga foi morto no final de linha da Santa Cruz, no Complexo do Nordeste de Amaralina. Segundo informações da PM, o policial passava pelo local em um veículo GM Onix, quando foi cercado por indivíduos que efetuaram disparos de arma de fogo. O PM reagiu, mas foi atingido e não resistiu aos ferimentos.

O PM era lotado na 4ª Cia de Saúde, do Batalhão de Polícia de Guarda da Polícia Militar (BG), e integrava o quadro funcional da PM há mais de 22 anos. Ele tinha uma companheira e deixou duas filhas. 

Segundo informações de policiais, o militar saiu, em companhia de um pedreiro, conhecido por 'Jai', que era seu vizinho, quando foi abordado por três traficantes de drogas do bairro - conhecidos por Choquito, Keka e Leno - e executado.

O policial teria sido morto com requintes de crueldade, tendo a língua, orelhas e mão direita decepados, os olhos e mandíbula arrancados, além de receber vários tiros na cabeça.