Trakto: conheça a startup nordestina acelerada pelo Google

Primeiro editor de design da América Latina foi fundado por um alagoano

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  • Amanda Palma

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 11:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Empreender fora do eixo do Sudeste em muitos casos se resume em investir em serviços ou turismo, principalmente nos estados do Nordeste. Mas há quem persista, como o empresário alagoano Paulo Tenório, fundador da Trakto, primeiro editor de design da América Latina. A startup foge totalmente do que é esperado do empresário nordestino e investe em inovação. Por isso, ao entrar no site da Trakto talvez você se espante ao saber que é um site brasileiro, nordestino, alagoano. A plataforma concorre diretamente com o Canva. 

A empresa surgiu quando o marketing digital ainda engatinhava. "Ninguém usava essa expressão ainda", conta Tenório, que teve a ideia de criar um editor de imagens voltado para redes sociais quando morava nos Estados Unidos e trabalhava com criação.

Ele acabou voltando para o Brasil por causa de questões familiares e resolveu investir na sua ideia. Então, fundou a Trakto em 2013. Mas foi três anos depois que a empresa ganhou novo fôlego, ao participar do programa de residência Google for Startups. Durante seis meses no campus em São Paulo, o empresário e o sócio Jorge Henrique trocaram experiências com startups de todo o Brasil e aprenderam com os erros e acertos umas das outras.

A gerente de Marketing da Google for Startups, Giovanna De Marchi, explica que a primeira turma do programa ajudou a formatar o programa. "A Trakto foi a primeira do Nordeste a participar do programa e ajudou a formatar o que seria o programa, que atende às necessidades de cada startup, conforme o seu estágio de crescimento", explica."A gente quis fazer pela comunidade. Temos o orgulho de ser uma startup que não saiu de Alagoas para conseguir crescer", diz Tenório.O que é a Trakto?É uma plataforma voltada para o marketing digital, na qual o usuário pode produzir conteúdo para diversas redes sociais em diferentes formatos. Do Stories do Instagram ao banner do Facebook. Além disso, é possível criar ebooks, apresentações, cartões de visitas, folders e flyers. Dentro da plataforma, o usuário tem acesso a um banco com 5 milhões de imagens. 

Agora, a empresa se prepara para lançar uma versão mais atualizada e mais barata em 2020. O valor deve sair dos R$ 57 para R$ 25. "Vamos refazer toda a interface do editor e todos os arquivos estarão na nuvem. Vamos trabalhar com imagem e vetor dos arquivos, para facilitar a vida do usuário. Além disso, ele vai poder adaptar um mesmo produto a vários formatos", adianta Tenório. 

Enquanto empresa, as perspectivas também são boas, com a previsão de ampliar o quadro de funcionários de 23 para 50. Em 2018, ela faturou R$ 1,2 milhão e a expectativa é chegar a R$ 2 milhões neste ano e dobrar para R$ 4 milhões em 2020. 

Novas perspectivas A Trakto teve um impulsionamento tão efetivo que os sócios se empolgaram para criar o Trakto Marketing Show, atualmente o maior evento de marketing digital e tecnologia do Nordeste. Com palestrantes convidados, a ideia é passar todo o conhecimento sobre empreendedorismo que foi adquirido no Google Campus São Paulo e fomentar o ecossistema de startups na região. 

"A gente foi para o programa sem saber como seria, mas fomos acolhidos. O programa era para a gente se sentir parte, não para se sentir rebaixado como em outros programas de aceleração. Foi mais liberdade, conexão. Isso nos deixou confortável e quisemos trazer isso para o Nordeste também", explica Paulo Tenório.

Mas engana-se que o evento conta com uma equipe grande de produção. A Trakto hoje tem 20 funcionários e todos participam do MKT Show. Foi lá que Jorge conheceu Renato Teixeira, 18 anos. O jovem que ajudava a família a catar sururu em um dos bairros mais pobres de Maceió. Então, ele propôs um desafio ao jovem: que ele identificasse um problema em sua comunidade e pudesse propôr uma solução. Após alguns meses e desistências, ele criou um aplicativo que pudesse acabar com os "atravessadores" do marisco, o que encarecia o preço do produto.

Na empresa, ele conseguiu desenvolver seu projeto Renato agora atua como desenvolvedor web. "Eu era muito tímido e era muito difícil pra mim falar em público, conversar com as pessoas. Eu tinha parado de estudar para ficar só trabalhando. Depois do projeto, eu recebi a proposta de ser jovem aprendiz aqui e voltei a tentar a fazer o desafio e consegui", conta o jovem.

*a repórter viajou para Maceió a convite do Google For Startups