Transar muito dá infecção urinária e sabonete íntimo é puro marketing...

Especialistas falam se crenças sobre cuidados com genitália feminina são mitos ou verdades

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 1 de outubro de 2017 às 06:03

- Atualizado há um ano

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Fazer sexo de bexiga cheia aumenta as chances de desenvolver infecção urinária.Verdade - Com o atrito da relação sexual, a chance de contaminação da uretra é maior, por isso, urinar antes e após a relação é tão importante. De acordo com Dr. Antônio Carlos Vieira Lopes, ginecologista e obstetra membro da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb). “O ideal é urinar antes e após a relação sexual, porque a urina consegue eliminar grande parte das bactérias que porventura estejam colonizando a uretra”, explica ele.

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Calcinha de algodão é melhor que calcinha de tecidos sintéticos. Verdade - Usar frequentemente roupas que não deixem a região genital “respirar”, como calças jeans e lingerie de tecido sintético, pode alterar as características da região, propiciando o aparecimento tanto de infecções urinárias quanto infecções genitais. “Calcinha de algodão é melhor porque permite a dissipação do calor, que junto com a umidade natural vai ser perfeito para o desenvolvimento de bactérias e fungos”, explica Ricardo Menezes Azevedo, uroginecologista do Multicentro Amaralina.

Lavar a vulva com vinagre branco ou de maçã ajuda a tratar infecções genitais e urinárias. Falso - O vinagre é ácido. Embora um pH ácido seja melhor para tratar as infecções urinárias, o tratamento caseiro nunca é recomendado. “Se você usa o vinagre, que é ácido, pode piorar uma candidíase, por exemplo”, sinaliza a fisioterapeuta uroginecológica Patrícia Lordêlo. O melhor mesmo para evitar problemas futuros é procurar um médico, identificar a doença e tratar corretamente.

Corrimento é sinal de algum problema na vagina. Falso - Nem todo corrimento é sinal de problemas na vagina. “O corrimento claro e fluido é normal e resulta da lubrificação natural da mulher”, explica Patrícia Lordêlo. Ela conta ainda que o cheiro deve ser o normal, típico da vagina e de seus feromônios, e não um odor fétido.

Sabonete ginecológico é melhor para lavar a região íntima.  Falso - “É puro marketing. Eles não trazem benefício algum”, diz a dra. Patrícia Lordêlo. Ela ainda recomenda fazer a higiene da região externa, nos grandes e pequenos lábios, com água e sabonete. E se tomar muitos banhos no dia, basta lavar a região íntima no máximo duas vezes, para evitar alteração das características fisiológicas da região.

Prender o xixi pode dar infecção urinária.  Verdadeiro - A mudança de comportamento, como passar a postergar a micção, pode alterar o funcionamento da bexiga, resultando em uma incontinência e até em infecção, pela não expulsão de toda urina armazenada. “Muitas mulheres até deixam de beber água para não urinar em lugares públicos”, diz o ginecologista e obstetra Antônio Carlos Vieira Lopes. Portanto, se sentir vontade, não segure. É melhor sofrer com as condições do banheiro que sofrer com as dores de uma infecção.

Transar muito aumenta a chance de desenvolver infecção urinária. Verdadeiro - Manter relações mais frequentes ou com maior duração pode ajudar, já que a perda da lubrificação gera maior atrito na região, facilitando a migração das bactérias presentes no períneo para a uretra, por exemplo. “Pacientes na menopausa que têm pouca lubrificação também tendem a ter maior incidência de infecção urinária”, diz o uroginecologista Ricardo Azevedo.

O uso de lubrificantes, preservativos e óleos com aromas e sabores pode fazer mal.  Verdadeiro - Qualquer mecanismo que altere as características da vagina, como lubrificantes, preservativos, óleos, lenços e papel higiênico aromatizados podem alterar a microflora bacteriana da região e aumentar as chances de desenvolvimento de infecções genitais “O uso constante desses produtos faz mal. Os óleos, por exemplo, podem ser introduzidos no canal vaginal e irritar a mucosa. Mas o preservativo deve ser sempre utilizado”, explica dra. Patrícia Lordêlo, acrescentando que deve ser dada preferência para os neutros e certificados por empresas que garantam a segurança do produto.

Mulheres grávidas têm maior propensão à infecção urinária. Verdadeiro - A compressão da bexiga pelo feto dificulta seu esvaziamento. “A grávida tem mais chance de ter cistite, principalmente nos últimos meses, porque ela pode não conseguir esvaziar a bexiga completamente”, diz Azevedo. A urina parada aumenta as chances de desenvolvimento da infecção. O ginecologista Antônio Carlos Vieira Lopes ressalta ainda que as mulheres grávidas devem tratar a infecção urinária mesmo quando não há sintomas. “Na mulher grávida, mesmo a cistite assintomática deve ser tratada, porque há possibilidades de complicações nos rins e há discussão na medicina indicando que pode haver até parto prematuro ou abortamento por isso”, indica.

Não é preciso ter uma lâmina separada apenas para a depilação íntima. Verdadeiro - A atenção deve ser dada à higiene do produto. “Nunca compartilhe a lâmina com outras pessoas”, alerta Patrícia Lordêlo. Ela recomenda lavar bem o produto após o uso com água corrente e sabão, retirando completamente os resíduos, secar bem e armazenar em local que não seja úmido - a recomendação é a mesma para limpeza de brinquedos eróticos. Esteja atento ainda às características da lâmina - evite antigas ou que não estejam fazendo o corte corretamente, para evitar lesões no tecido. A médica faz ainda um alerta para quem faz depilação com cera. “Use sempre equipamentos descartáveis. Mesmo com a cera, nada deve ser reutilizado”. No caso da depilação a laser, sempre pergunte no local se há métodos de proteção do equipamento. O ideal é, a cada depilação, cobrir com plástico-filme a parte do equipamento que vai entrar em contato com o corpo.