Transgêneros comemoram tratamento do tema, mas ainda alertam para a violência

Durante a 16ª Parada de Orgulho LGBTI, os transgêneros tiveram um trio elétrico especial

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 10 de setembro de 2017 às 21:46

- Atualizado há um ano

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. por Evandro Veiga/CORREIO

A força do querer ser livre para fazer o que quiser. A força do querer amar quem quiser. A força do querer respeito, tolerância, igualdade e paz. Esses quereres estavam por toda a parte nas ruas do centro de Salvador, neste domingo (10), durante a 16ª Parada do Orgulho LGBTI. E a personagem transgênero Ivana, da novela das 21h, da TV Globo, hoje rebatizada de Ivan, inspirava muitos dos foliões que foram ao Campo Grande.

Enquanto a multidão de gays, lésbicas, bissexuais, trans e héteros fazia o Carnaval com os sete trios elétricos, as discussões em torno do universo transgênero, ao qual pertence Ivan, deram o tom da parada, que este ano teve como tema A Comunidade LGBTI da Bahia Pede Paz. Um dos trios elétricos da festa homenageou o gênero. No Arco-íris Trans, histórias incríveis como a de Tanucha Taylor.

De diabinha, Tanucha comemorava a evolução da mídia no tratamento do tema. Mas o céu, disse ela, está muito longe. “Com tudo o que a modernidade e a mídia oferecem, as pessoas ainda absorvem muito pouco. Ainda não entenderam que se trata de uma condição. Se nasce gay e trans como se nasce alto, baixo, feio e bonito. A violência ainda é muito grande”, lamentou Tanucha, que atua como maquiadora, cabeleireira e performer.

Enquanto atrações como Karol Conka, Valesca Popozuda e Lorena Simpson faziam a festa no trio, os Ivans da vida real curtiam. Maria Fernanda Abreu, 31 anos, é a primeira uber transgênero de Salvador. Ela sente no dia a dia que mudanças estão ocorrendo. “A aceitação tem sido maravilhosa. As mulheres dão o maior apoio e os homens adoram. Tem sempre os saidinhos, né?”, ri Maria Fernanda. Mas... “Claro, a transfobia existe. A luta não para.”

Em um evento LGBTI, quem recebeu a faixa de madrinha foi uma hétero. Com um discurso inclusivo, a jornalista e youtuber Maíra Azevêdo, a Tia Má, criticou desde as piadas homofóbicas às religiões que se utilizam da fé para pregar o preconceito. “Essa luta é de toda pessoa comprometida com uma sociedade justa, igualitária e respeitosa”, disse ela.

Lá de baixo, o casal Anderson Silva e Luciano Silva, 20, aplaudiram o discurso. Juntos há 3 meses, eles enfrentam problemas com a família de Anderson, que é evangélica e não aceita a relação. “Muitos ainda utilizam a religião como meio de bloqueio. Só queremos amar”, falou Anderson.

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