Transgêneros pedem que Hollywood retrate melhor suas histórias

À revista Variety, eles pediram que a gigante do cinema "use seu poder para melhorar as vidas das pessoas trans"

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  • Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2018 às 20:00

- Atualizado há um ano

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Em carta aberta divulgada nesta terça-feira (7), transgêneros apoiados por mais de 40 empresas de TV e de produção cinema pediram que Hollywood retrate melhor suas histórias. Na carta "Querida Hollywood", publicada na revista Variety, pediram que a gigante do cinema use seu poder para melhorar as vidas das pessoas trans, "mudando o entendimento que os Estados Unidos têm das pessoas trans".

Segundo um estudo do Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), grupo de defesa de gays, lésbicas e transgêneros que também assina a carta, nenhum dos 109 filmes lançados pelos sete maiores estúdios de Hollywood, em 2017, incluiu um personagem transgênero. O texto afirmou que filmes como O segredo de Brokeback Mountain e séries de TV como Will & Grace ajudaram a romper com os estereótipos sobre gays e lésbicas, nos últimos 15 anos.

"Crescemos vendo filmes e programas de TV nos quais somos retratados quase exclusivamente como vítimas trágicas, assassinos psicóticos e estereótipos unidimensionais", disse o texto também assinado pelo movimento 5050by2020, que é vinculado à Organização Time's Up e luta por representativade e igualdade salarial entre homens e mulheres e Hollywood.

A carta apoiada pelo sindicato de atores (SAG), foi publicada logo depois de uma reação negativa da comunidade LGBT à escalação da atriz Scarlett Johansson para viver uma personagem transgênero no filme Rub & Tug, que conta a história real de um chefão do tráfico norte-americano dos anos 1970. Scarlett acabou desistindo do papel afirmando ter percebido que sua escolha foi "insensível".

Em entrevista à Variety, a atriz Laverne Cox, que vive a cabeleireira Sophia Burset, na sérei Orange is The New Black, ressaltou que "a realidade é que 84% dos americanos não conhecem pessoalmente alguém que seja transgênero. Então, a maioria dos americanos aprende o que eles aprendem sobre pessoas trans através da mídia".

"Neste momento, neste país, nos primeiros dias deste ano, 10 estados introduziram 21 leis que visam pessoas trans, tentando limitar a nossa capacidade de ir ao banheiro. O atual presidente está tentando nos banir das forças armadas. Nossa taxa de desemprego é três vezes a média nacional", denunciou Laverne Cox."Então, nesse ambiente cultural, quando vemos representações de pessoas cis nos interpretando, isso reforça a ideia de que as mulheres trans não são realmente mulheres e os homens trans não são realmente homens e pessoas não-binárias não existem. Essa é a base da discriminação que as pessoas trans experimentam", completou a atriz de Orange is the New Black.Já o ator Chaz Bono, da série American Horror Story: Cult, disse na mesma entrevista que acha ótimo que haja a reivindicação por mais papéis trans. Porém, como ator, o filho de Cher e Sonny Bono disse que quer interpretar papéis "o mais longe possível de mim".

"Eu realmente não tenho o desejo de interpretar um personagem trans. Na verdade, honestamente, eu ficaria com medo. Eu gosto de viver pessoas muito ruins, assustadoras. Eu tenho 49 anos e senti que a melhor oportunidade que eu tinha para a longevidade era fazer coisas onde eu era menos reconhecível como eu", revelou.