'Transplante de memória' entre caracóis com sucesso, anunciam cientistas

Para estudiosos a memória pode estar ligada ao RNA e não às sinapses entre neurônios

Publicado em 15 de maio de 2018 às 10:42

- Atualizado há um ano

Uma equipe de cientistas conseguiu, com sucesso, fazer uma espécie de "transplante de memória" - transferindo material genético conhecido como RNA de um caracol marinho para outro. A transferência de memória já vinha aparecendo, há décadas, em livros e filmes de ficção científica. Agora, parece estar mais perto de se tornar um fato científico.

Alguns dos animais envolvidos foram treinados para desenvolver uma resposta defensiva diante de choques elétricos em laboratório. Quando o RNA destes caracóis foi transferido a outros que não haviam sido treinados, estas reagiram da mesma forma que aqueles que haviam recebido choques moderados.

A pesquisa, publicada no periódico eNeuro, ajuda no conhecimento sobre as base fisiológicas da memória.

RNA significa ácido ribonucleico; trata-se de uma molécula ligada a funções essenciais de organismos vivos - incluindo a síntese de proteínas no corpo que definirá a expressão dos genes de uma forma mais geral.

Os cientistas administraram uma série de choques elétricos leves na cauda dos caracóis da espécie marinhos Aplysia californica.

Os animais reagem a adversidades contraindo o corpo. Com os choques, eles passaram a ter contrações que duravam 50 segundos - uma espécie de reação defensiva extrema.

Depois, quando tocavam levemente os animais que receberam os choques, estes reagiam com a mesma contração de 50 segundos, enquanto caracóis que não tinham recebido choques reagiam com uma contração de apenas um segundo.

O próximo passo foi extrair RNA de células nervosas de ambos os tipos de caracóis, os condicionados e os não-condicionados. As moléculas foram depois injetadas em dois grupos de caracóis não treinados.

Os cientistas observaram, surpresos, que os caracóis que receberam o RNA de animais condicionados, quando tocados, reagiam com contrações de cerca de 40 segundos. Os caracóis que receberam o RNA de animais não-condicionados não demonstraram nenhuma mudança em seu comportamento defensivo.

A informação é do G1.