Travessia marítima entre Ribeira e Plataforma será retomada

Prefeitura vai lançar o edital para a licitação ainda esta semana; serviço foi suspenso em setembro de 2017

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  • Gil Santos

Publicado em 14 de junho de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Travessia é feita em trecho de um quilômetro entre a Ribeira e Plataforma (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Quem passa com frequência pela orla da Ribeira ainda lembra do vai e vem frenético dos passageiros que faziam a travessia marítima entre o bairro e Plataforma, no Subúrbio Ferroviário. No último dia 7 fez nove meses que o serviço foi suspenso pela prefeitura por conta da falta de segurança. Mas, quem sente falta do transporte já pode comemorar, porque ele vai voltar a operar ainda este ano.  

O edital que trata da licitação será lançado nesta sexta-feira (15) e os envelopes com as propostas serão abertos no dia 16 de julho. A empresa vencedora terá 60 dias para começar a operar o serviço depois que o resultado for definido. A informação foi divulgada com exclusividade pela Coluna Satélite, do CORREIO.

Fechado desde setembro de 2017, o local é usado como cenário para selfies, atualmente. Antes disso, em 2014, a travessia foi interrompida por um dia por conta da insegurança; O rodoviário Nelson Pinto, 57 anos, está contando os dias para a travessia ser retomada. Ele mora em Plataforma e a garagem da empresa que ele trabalha fica no Caminho de Areia, na Cidade Baixa.

“Eu fazia essa travessia com frequência. Todo sábado, quando terminava o serviço, eu usava as lanchas para voltar para casa, coisa de dez minutos. Agora, preciso pegar um ônibus e, às vezes, esperara até 50 minutos para conseguir chegar em casa”, disse, enquanto aguardava por um coletivo, em frente ao Terminal Marítimo da Ribeira.

Segurança A extensão entre os terminais da Ribeira e de Plataforma é de 0,54 milhas náuticas, o que equivale a um quilômetro, e a travessia dura, em média, entre cinco e oito minutos. O titular da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), Fábio Mota, contou que ela foi suspensa em setembro devido à falta de segurança, e disse que essa foi a prioridade do novo edital. 

“A empresa que operava a travessia não renovou a apólice de seguro, mesmo depois de ser notificada. Isso era um risco para a população, por isso, ela perdeu o direito de operar. Suspendemos o serviço e fizemos um estudo de viabilidade econômico e financeiro, que resultou no novo edital”, afirmou. O rodoviário Nelson Pinto não vê a hora de poder fazer a travessia novamente (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) O acidente com a lancha Cavalo Marinho I, que fazia a ligação entre Salvador e Mar Grande, na Ilha de Itaparica, virou durante o trajeto, em agosto do ano passado, matando 19 pessoas. O secretário Fábio Mota contou que o acidente serviu como alerta. “Houve algumas mudanças no novo edital em relação às especificações das embarcações que farão a travessia. O estudo que fizemos foi tornar o transporte mais seguro e confortável para a população”, disse.

A empresa que fará a travessia entre dos dois bairros de Salvador deve manter em ordem e bom estado de utilização e conservação o material de segurança da embarcação. São elementos como equipamentos de navegação e documentação, comunicação, salvatagem, requisitos para proteção e combate a incêndio e dispositivos de amarração e fundeio. A localização dos equipamentos será que ser informada por comunicação sonora e demostrações sobre como usá-los devem ser feitas no local ou exibidas em vídeo.

Quem vencer o edital terá que apresentar três embarcações para o serviço. Duas delas devem operar diariamente, de segunda-feira a domingo, das 6h às 19h. A outra será usada como reserva para situações de emergência, poderá ser de menor porte e entrará em operação quando as outras estiverem em manutenção ou em período atípico.

Embarcações Nada de ir no apertado. Segundo a prefeitura, cerca de 650 pessoas farão uso do serviço diariamente. Por isso, cada embarcação terá capacidade mínima para 50 pessoas sentadas. No caso da reserva, a quantidade mínima será de 30 lugares.   Fechado desde 2017, o serviço já foi interrompido antes, em julho de 2014, por conta da insegurança (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) O novo edital permite que o casco das embarcações seja de madeira, aço ou fibra e estabelece outras especificações. Os equipamentos terão que apresentar estrutura física e operacional adequada à navegação interior, a propulsão terá que ser mecânica e a idade máxima não pode ultrapassar os 15 anos.

Os pisos precisam ser em material durável, antiderrapante, de fácil limpeza, impermeável à umidade e resistente à corrosão. Para proteger os passageiros e a tripulação do risco de acidentes, motor, eixo propulsor e partes móveis devem ter proteção. As embarcações também devem estar adequadas para atender pessoas com deficiência ou dificuldade de locomoção.

Passagem O valor da passagem não poderá ser maior que R$ 2,10 e a empresa vencedora será a que apresentar a proposta mais baixa. “Mais de 50% dos usuários do sistema são estudantes que fazem a travessia para ir à escola, por isso, a meia passagem está assegurada. A nova licitação é para dar mais segurança à população”, afirmou o secretário Fábio Mota.

A tarifa será proposta pela empresa vencedora e reajustada todo mês de janeiro, de acordo com a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O edital permite também que a empresa negocie espaços comerciais nos terminais marítimos. Francês, Jean Pierre conheceu a Ribeira há 20 anos e se apaixonou; agora, ele comemora a decisão (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Para o morador da Ribeira e vendedor ambulante Jean Pierre Ranvier, 43 anos, a decisão de reativar a travessia foi acertada.

“Essa travessia ajudava muito porque economizava tempo. Agora, para chegar do outro lado temos que ir de ônibus ou descer na Calçada e terminar a viagem de trem. É ruim porque faz a gente perder muito tempo. Além disso, a travessia é também um passeio. Há 20 anos saí da França e conheci essa região pela primeira vez. Me apaixonei”, disse. 

A empresa será responsável pela segurança durante o serviço e por implantar e manter toda a logística para a comercialização de passagens da travessia. Ela também terá a obrigação de informar para os passageiros o quadro de horários da linha.

O acompanhamento e a fiscalização do serviço serão realizados pela Semob. O órgão terá poder para estabelecer diretrizes de procedimentos e sustar ações que considere incompatíveis com as exigências para a prestação do serviço. O prazo para a operação do serviço será de cinco anos, podendo ser renovada uma única vez pelo mesmo período.