TRE reconhece equívoco em recadastramento de cantora que denunciou racismo

Órgão aponta que não existe restrição quanto ao uso de torço na cabeça

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  • Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2018 às 17:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Dora Almeida/ Divulgação

Juliana Ribeiro criticou tratamento durante biometria (Foto: Dora Almeida/ Divulgação) O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) enviou nota de esclarecimento à imprensa nesta terça-feira (24) reconhecendo o equívoco no caso denunciado pela cantora Juliana Ribeiro, que durante o recadastramento biométrico escutou de um funcionário do órgão um pedido para que retirasse o seu torso, espécie de lenço usado na cabeça. Essa atitude foi classificada pela cantora como racismo.  Artista publicou foto com o adereço nas suas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)  Na ocasião, Juliana se recusou a atender o pedido e o funcionário teria dito à cantora que existia uma lei que determina a retirada do adereço. Ele foi corrigido por colegas de trabalho e a artista conseguiu concluir o procedimento. O caso foi denunciado pela artista nas suas redes sociais nesta segunda (23) que considerou a situação um episódio de “racismo institucionalizado”.O órgão lamentou o constrangimento passado pela cantora e apontou que “a orientação para todos os postos e cartórios eleitorais do estado é a de atender a todos os eleitores sem qualquer tipo de discriminação”.O TRE-BA informou ainda que nenhuma reclamação foi registrada nos canais de comunicação do órgão. 

Segundo a assessoria de comunicação, para a foto do recadastramento biométrico é preciso deixar o rosto bem visível e sem sombras para que o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possa fazer o reconhecimento facial. Por isso, o funcionário pode pedir para o cidadão tirar bonés, chapéus ou até mesmo tirar o cabelo que esteja caindo no rosto. Os olhos também precisam estar visíveis e, sendo assim, óculos de sol também não são permitidos. 

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Indignação  A cantora relatou que ficou indignada com o episódio. “Pensei comigo ‘de novo esta história de racismo institucional disfarçado de 'lei'?’. Respirei fundo, sorri sarcasticamente é claro, e respondi sorrindo: - Não, não posso”, respondeu. Diante da insistência do funcionário, que dizia se basear em uma lei, ela replicou. "Meu senhor, pela designação federal para documentos, o rosto precisa estar a vista, sem cobrir olhos ou testa. Meu torço ainda ajuda neste sentido pois retira meu cabelo da face", continuou a artista.O preposto do TRE-BA só parou após ser alertado por duas colegas de trabalho, que reconheceram a cantora. 

"O funcionário não deu mais uma palavra. Fez a minha biometria com a cara emburrada e concluiu meu atendimento. Saí de lá fina, dando tchauzinho para as funcionárias e deixei ele e o racismo dele colocados no devido lugar! Será que não dá para se instruir melhor, ao invés de ficar reproduzindo atitudes preconceituosas? Cansada desses racismos institucionais e cotidianos", finalizou.