Três envolvidos no assassinato de policial civil são mortos durante blitz em Itaparica

Eles furaram o bloqueio policial e morreram em uma troca de tiros

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  • Bruno Wendel

Publicado em 10 de abril de 2019 às 15:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução e Bruno Wendel/CORREIO

Três pessoas foram mortas pela polícia nesta quarta-feira (10), durante a busca pelos assassinos do policial civil Waldeck Monteiro de Jesus, 47 anos, no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica. Os nomes e idades dos criminosos não foram divulgados.

Com cinco tiros no rosto, Waldeck foi o primeiro policial civil morto este ano na Bahia. No ano passado, foram três. Outros três PMs foram mortos este ano e 16 no ano passado. Policial foi morto na casa de amiga (Foto: Reprodução) A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) que, através da sua assessoria de comunicação, informou que o trio tentou furar uma blitz policial montada em Jiribatuba, Vera Cruz. O órgão diz ainda que uma "denúncia anônima alertou os policiais civis sobre a possível fuga".

Waldeck foi morto com cinco tiros no rosto durante uma tentativa de assalto dentro da casa de uma amiga, em Vera Cruz. Ele e a dona da casa conversavam quando o imóvel foi invadido por um homem armado, na noite desta terça-feira (9). O policial retornou ao imóvel para pegar sua arma e, segundo a SSP-BA, reagiu ao assalto e morreu na troca de tiros.

Ainda segundo a SSP-BA, os criminosos estavam em um carro que faz transporte alternativo. Quando os policiais ordenaram que eles parassem e deram voz de prisão, os três ocupantes do veículo desceram atirando e acabaram feridos. Eles foram socorridos por viaturas da 19ª Delegacia (Itaparica) para o Hospital Geral de Itaparica (GHI), mas não resistiram.

Com eles, foram apreendidas duas pistolas, celulares, dinheiro, além de drogas, como maconha, cocaína e crack. Elas são apontados como traficantes da região. 

Por meio de nota, o Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) lamentou a morte e acrescentou que os criminosos "resistiram à prisão e, durante o confronto direto, vieram a óbito". O documento também aponta que "os autores do crime foram identificados por vítimas de crimes anteriores".  Casa ainda está com manchas de sangue (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Assaltos Após o crime, o autor dos disparos e um comparsa, que estava do lado de fora da casa na hora do confronto, ainda assaltaram algumas pessoas na região.

Na manhã desta quarta, o CORREIO esteve no local e conversou com o filho da dona da casa invadida.  Ele, que preferiu não ser identificado, contou que os bandidos roubaram duas bicicletas de uma casa vizinha e outros pertences de moradores. "Levaram o que viram pela frente. Celulares e dinheiro, por exemplo", contou.

Ainda de acordo com o rapaz, o local é deserto à noite e a iluminação é precária. "A única iluminação aqui é um poste que fica em frente à casa. Muito provavelmente foi isso que atraiu eles. Viram que tinha gente dentro", disse.

Sem querer mostrar o rosto, o jovem lembrou que a mãe e o policial estavam sentados em cadeiras de praias, conversando na varanda, quando o ladrão pulou o muro.

"Ele foi logo dando voz de assalto e o policial correu para dentro de casa para pegar a arma dele. Nessa hora, minha mãe disse que se jogou no chão e ouviu vários tiros. Depois, o assaltante pulou o muro. Minha mãe disse que o amigo dela estava caído de bruços, morto já, e a arma dele ao lado", explicou.

O rapaz, que mora em outra cidade, foi cedo à casa da mãe, assim que soube do ocorrido. "A casa estava cheia de sangue. Mesmo limpando, o cheiro (de sangue) ainda é muito forte. Tem marca de tiros nas paredes e em eletrodomésticos", detalhou. A mãe do rapaz sofreu ferimentos apenas por ser atingida por estilhaços de vidros.

Waldeck trabalhou por 19 anos na Polícia Civil, sempre na Ilha de Itaparica. Ele era chefe de custódia do local. O policial deixa mulher e filhos e seu sepultamento ocorreu nesta quarta-feira (10), às 15h, no Cemitério de Vera Cruz. 

Ele já havia sido baleado antes, em 2009. À época, ele era chefe do Serviço de Investigação da Delegacia de Vera Cruz e foi atingido durante uma operação em Vera Cruz.

"Ele entrou em um beco junto com outros policiais, na tentativa de cercar os bandidos, mas acabou baleado na cabeça e no peito. Ele foi socorrido para Salvador no helicóptero da Polícia Militar. Foi o que salvou ele", lembra um colega do policial, que preferiu não ser identificado. Casa onde o policial foi assassinado (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Operação Na manhã desta quarta, as vítimas dos assaltos e parentes do policial assassinado prestaram depoimento na Delegacia de Vera Cruz, mas optaram por não dar entrevistas. O titular da unidade, delegado Ricardo Amorim, também preferiu não comentar o assunto.

O CORREIO também tentou contato com o delegado Omar Andrade Leal, do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom). Ele foi enviado à unidade pela Polícia Civil para dar apoio à investigação, mas também preferiu não se manifestar.

Apesar do silêncio, era possível notar a concentração de policiais civis e militares no entorno da delegacia - todos envolvidos na busca aos criminosos. Além de agentes da unidade, participam da operação agentes das 19ª Delegacia (Itaparica), 28ª (Nordeste de Amaralina) e 16ª (Pituba), além de policiais militares das Rondas Especiais (Rondesp).