Trilhas: surfando no caos

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  • Aninha Franco

Publicado em 7 de março de 2015 às 04:35

- Atualizado há um ano

O Brasil está um Sindicato com puxadinho nos fundos pra abrigar o Povo. No puxadinho, como em qualquer puxadinho, a goteira do telhado pinga nimim, não sai água das torneiras, a luz, quando vence os apagões, chega pela hora da morte, as gôndolas dos supermercados inspiram gritos de Munch, os serviços públicos são péssimos e os serviços privados de concessão pública são péssimos e caros. A diretoria do Sindicato vive, eternamente, momentos difíceis, mas não desgruda do osso nem desce do salto. Agora, quer convencer o puxadinho de que se os ladrões aliados forem punidos, o Sindicato fecha. Ou que toda essa inacreditável roubalheira, essa monstruosa roubalheira institucionalizada aqui, ali, acolá, só existe porque a Diretoria anterior não puniu os ladrões, e eles se instalaram na base do capilé.  Mas ficou difícil acreditar que a decência atual dependeria de uma decisão anterior que acabasse com a roubalheira, mesmo porque um departamento novo foi eleito pra acabar com ela, para estancar a pilhagem, e caiu de boca no melaço. O chefe do departamento cultural do Sindicato, instalado no Ministério, que parece que só sabe, mesmo, organizar Festivais de Porrinhas e Dominó, predileções da Diretoria no Poder, eventualmente é convocado pra desviar a atenção dos pensadores e criadores do país com mais uma reunião pra denunciar a Lei Rouanet e aprimorar os Direitos Autorais. Que lei? Que Rouanet? Está tudo acabado. O marketing não tem mais discurso. Vai repetir que a oposição quer privatizar o patrimônio dos brasileiros? Vai repetir que a oposição vai mexer no direito dos trabalhadores? Vai repetir que a oposição vai tirar a comida do prato do Povo do puxadinho? Pra quem, Almerinda? O Povo do puxadinho está de saco cheio com essa gentalha de paletó e gravata dizendo bobagens todo o tempo e se acusando, reciprocamente, de ladrões. Esse espetáculo encenado nas CPIs com festivais de pizza já deu o que tinha que dar. – Vossas Excelências todas, dos três poderes, não servem pra nada! Ouve-se o puxadinho murmurar. Alto. Existem exceções aqui e ali. Poucas. O puxadinho murmura. Mas a roubalheira é muito grande. E o puxadinho trabalha incessantemente pra sustentar o Sindicato. A quantidade de impostos que o puxadinho paga pra que a Saúde, que não funciona, funcione, pra que a Educação, que é ruim, seja boa, pra que a Cultura, que está no Festival de Dominó, seja democrática e criativa, é escorchante, como no período colonial. A grande maioria que ocupa o puxadinho está, ainda, dentro da Colônia, tentando sobreviver à “derrama”. Uma parte do puxadinho chegou na República, mas não escapa da Derrama. O IR está na porta querendo devolver menos, legalmente, do que tomou. Isso é crime. ‘Pra que pagar tanto imposto?’ perguntam os que entendem que esse dinheiro que é tomado todos os dias é enterrado na corrupção, no desperdício, na incompetência e na absoluta incapacidade gerencial. Mas os péssimos gerentes continuam surfando no caos. E nada encosta no líder do Sindicato que saiu da miséria e ficou milionário fazendo palestras de “Menas, Brasil, menos”.