Trump. Macron e May no rabo da cobra

Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista

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Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Aqui da Europa, onde me encontro batendo pernas entre Londres e Paris, a temperatura constante sempre baixa não esconde a fervura que caracteriza estes tempos na política francesa e inglesa, sob o manto dos Estados Unidos, e que vai refletir no encontro de Cúpula do G20 que está acontecendo em Buenos Aires. A questão das tarifas alfandegárias tem se caracterizado como uma nova “guerra mundial” e, por enquanto,  quem está ganhando é a China que ainda não perdeu mercados e dificilmente vai perder. Além da questão tarifária de produtos e reserva de mercado, o clima é outro assunto que marca o G20. Mas os países representados entram nesse conclave numa situação tensa e nervosa, pois estão enfrentando graves problemas dentro das suas fronteiras e, dificilmente,  conseguirão impor uma agenda positiva. Macron, na França, antes de seguir para Buenos Aires, se esquivou dos “Coletes Amarelos” que são os manifestantes que têm parado principalmente Paris, protestando contra o aumento nos preços dos combustíveis. Todos os dias tem protesto e o governo de Emmanuel Macron começou a ser questionado. A escorregar para o Sena. O governo não reconhece a ação grevista e garante que é uma minoria agitadora. Não é o que o parisiense acha nem o ex-presidente François Hollande, que apoia os amarelinhos. Já a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, está na luta para não cair. Vários ministros do seu primeiro escalão renunciaram e ela está nas mãos do Parlamento, uma vez que seu esboço de acordo para a separação britânica da União Europeia só conseguiu desagradar até quem votou na saída. É um motim. Fazem mais de dois anos que o Reino Unido votou por sair da EU e até agora ninguém sabe por aqui como é que vai ser feito. E a data para decidir a saída se aproxima: 29 de março de 2019. Temos de lembrar que May assumiu o cargo depois de forte tumulto em consequência do referendo do Brexit em 2016. Enquanto a política ferve na Europa, a economia cai que nem a temperatura com a libra esterlina sendo derrubada continuamente. May já não tem liderança e não se sabe o que vai fazer no G20. Já Donald Trump deve dominar o cenário em Buenos Aires e sua primeira medida foi cancelar um encontro que tinha com Putin, escanteando a Rússia. Ele divide os holofotes com Xi Jinping. Os dois são hoje responsáveis pela crise econômica global por causa da escalada de retaliação entre Estados Unidos e China. O mundo está estagnado por causa deles. O que se espera é que cada um jogue uma “ogiva” na cabeça do outro, pois o confronto é necessário ou, como se diz no Brasil, ou vai ou racha. Embora todos os outros países queiram e necessitem de um cessar fogo o quanto antes. Mas Trump garante que não vai recuar. O mundo todo vive uma guerra comercial sem fim e isso é que se trata a essência da reunião do G20. Se não sair uma solução serão mais meses de quedas na economia, de conflitos políticos e muita insegurança. Nas ruas, pubs e brasseries do velho continente não se fala de outra coisa. E para este dezembro já estão marcadas greves e mais greves. O pessoal do G20 que tome tenência. A Europa está fria, mas o europeu anda com o diabo no corpo.

Jolivaldo Freitas é  escritor e jornalista

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