TV Bahia comemora 33 anos e lança novo slogan e compromisso

Afiliada da Globo lançou nesta sexta (9) seu novo slogan: "TV Bahia: com os baianos, pela Bahia"

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  • Roberto Midlej

Publicado em 10 de março de 2018 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

Para celebrar seu aniversário de 33 anos, comemorados hoje, a TV Bahia lançou, ontem à noite, no BA TV, um manifesto, lido por Lázaro Ramos, em que ressaltou as virtudes da Bahia e dos baianos: “Uma Bahia que se supera/ Um baiano que não descansa/ Uma Bahia que se renova/ Um baiano que se reinventa/ Uma Bahia que nos fascina (...) Uma Bahia que renasce todos os dias”.

O mês de março, em que se celebra também o aniversário de Salvador, marca ainda o lançamento de um novo posicionamento institucional da TV Bahia junto a parceiros - como a Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia) e a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) -, além do mercado publicitário. Mais uma novidade: a afiliada da TV Globo lança neste mês um novo slogan: “TV Bahia: com os baianos, pela Bahia”.

Segundo João Gomes, diretor executivo de televisão da Rede Bahia, a empresa, para reafirmar seus laços com os baianos e justificar o novo mote, vai adotar uma série de iniciativas para contribuir para a melhoria do Estado. Uma delas é incentivar a recolocação dos baianos no mercado de trabalho, uma vez que a Bahia tem uma das maiores taxas de desemprego do país. “Notamos um forte empobrecimento da população, assim como suas carência e lutas. Queremos contribuir para o desenvolvimento do estado, trazendo ações propositivas”, diz o diretor.

O espectador vai conhecer histórias de pessoas que, mesmo vivendo em situação desfavorável, foram capazes de, com criatividade e dedicação, superar as adversidades. “As causas do bem merecem um espaço na mídia. O bandido e o mal têm aparecido muito nos meios de comunicação, mas isso não contribui para a sociedade. Se uma pessoa vive problemas e só vê essas coisas, pensa  que não existem mais possibilidades”, afirma João Gomes.

Para que essas histórias inspiradoras sejam conhecidas, a participação do público será muito bem-vinda e os espectadores poderão sugerir personagens que vão ser temas das matérias."O bandido e o mal têm aparecido muito nos meios de comunicação, mas isso não contribui para a sociedade"

(João Gomes, diretor executivo de televisão da Rede Bahia)Novos quadros nos telejornais locais vão trazer mais prestação de serviços, dando dicas, por exemplo, de como fazer um currículo ou se comportar numa entrevista de emprego. Esses quadros vão entrar no ar gradativamente, mostrando histórias de pessoas que fazem a diferença em suas comunidades. “Precisamos de pessoas assim para mostrar que honestidade vale a pena. Mas, muitas vezes, isso é sombreado porque o bandido e o crime têm mais visibilidade”, diz João Gomes.

Realidade O diretor ressalta, por outro lado, que a realidade não pode deixar de ser noticiada: “A violência e o crime fazem parte do dia a dia e não podem ser omitidos. A gente, claro, não pode mostrar só o que é bom. Às vezes mostramos o que há de pior na humanidade, mas isso é do ofício do jornalismo”.

Os princípios editoriais da TV Bahia, no entanto, permanecerão os mesmos, sem apelar para o “policialesco”: “Há alguns momentos até em que a TV Bahia perde audiência para os concorrentes. Mas às vezes, eles trazem uma tinta muito carregada na violência e nos dilemas que as pessoas vivem no dia a dia. Continuamos refratários à apologia à criminalidade, aos bandidos e ao escatológico”, garante João Gomes.

O diretor comenta o caso recente, em que a TV Bahia foi criticada em redes sociais em outros veículos de comunicação, após exibir, em segundo plano, as imagens de um cadáver no chão, na Avenida Vasco da Gama, no mês passado. “O câmera não devia ter enquadrado o corpo, ele cometeu um erro. O que aconteceu ali foi um erro humano, apenas. Por isso, o câmera nem foi punido”, afirma João Gomes.

“Além disso, naquele horário, a TV Bahia lidera o Ibope de ponta a ponta durante uma hora e meia. Portanto, não teria sentido apelar para a imagem de um cadáver durante 40 segundos, afinal estamos na liderança. Não vamos brigar pela audiência a qualquer preço”, afirma o diretor. Ele ainda ressalta que o Código de Conduta da Rede Bahia não permite a exploração da degradação humana.

Entrevista: Eurico Meira da Costa, diretor de jornalismo da TV Bahia O gaúcho Eurico Meira da Costa, 44 anos, assumiu a direção de jornalismo da TV Bahia neste ano, sucedendo a Roberto Appel. Eurico é formado em jornalismo e, no início da carreira, foi repórter em jornais e rádios gaúchas, além da RBS, então afiliada da Rede Globo, em Santa Catarina. No RS, foi diretor de jornalismo da RBS. Antes de vir para a Rede Bahia, era diretor de jornalismo da NSC (ex-RBS) em SC, onde ocupou o cargo por seis anos.

Você chegou a Salvador em janeiro. O que primeiro chamou sua atenção nos telejornais locais? Percebi que as pessoas da TV aqui falam muito rápido e eu imaginava que os baianos falavam mais devagar. Acho que precisamos falar mais devagar, para as pessoas entenderem melhor. Mas a programação local é muito parecida com o que a gente vê fora, mas com a cara da Bahia, claro. 

Algumas pessoas dizem que os apresentadores da TV Bahia estão mais informais desde que você assumiu a direção. Houve interferência do senhor nisso?

Sim, é uma orientação minha e o objetivo disso é mostrar o conteúdo de uma maneira que se aproxime mais da maneira como as pessoas falam. É ser informal, da mesma forma que as pessoas conversam. Pela minha experîência, noto que, assim, as pessoas se identificam mais com o conteúdo apresentado. 

E por que se decidiu implantar essa mudança? O público sinalizou que queria essa mudança. O público de TV aberta ficou mais popular e esse ajuste foi necessário. Se não fizermos isso, não vamos ser entendidos e isso seria o fim. Se não somos entendidos pelo nosso público, rompemos um elo. 

A TV Bahia é afiliada da Rede Globo e está submetida a uma determinada “padronização”. Como respeitar a regionalidade sem abandonar esse padrão?

O papel da TV Bahia é produzir conteúdo da Bahia para a Bahia, embora, às vezes, a gente produza também para o país. Mas produzimos conteúdo local com cara local. A Globo produz conteúdo nacional com cara nacional e conteúdo internacional com cara internacional. O jornal que vai ao ar aqui é diferente do que vai ao ar no Rio Grande do Sul, por exemplo. Todas as afiliadas respeitam a mesma linha editorial, mas não há uma pasteurização porque a identidade está expressa no conteúdo local.

Muitas emissoras investem em jornalismo policial porque têm um bom retorno de audiência. A TV Bahia, no entanto, não faz o mesmo. Por que?

Aqui, dividimos nosso conteúdo apenas em jornalismo e esportes. Não temos editorias de política, economia nem polícia. Cobrimos assuntos e fatos que não são restritos a uma área. Se o assunto for polícia, vamos cobrir, desde que seja relevante. Se for saúde, também. Vamos em direção ao jornalismo comunitário, que é dirigido às classes C2 (nova classe média), D e E. Nos preocupamos, portanto, com o público a que se destina e não com o segmento. O nosso jornalismo pode ter polícia e até violência, mas não temos compromisso com esses temas. Tomamos muito cuidado com a forma como os  apresentamos, para não agredir os nossos espectadores."Todas as afiliadas respeitam a mesma linha editorial, mas não há uma pasteurização porque a identidade está expressa no conteúdo local"

(Eurico Meira da Costa, diretor de jornalismo da TV Bahia)O espectador da TV Bahia pode esperar um jornalismo mais opinativo, com interferência maior dos apresentadores?

Depende do que você classifica como jornalismo opinativo. O apresentador é um profissional que acompanha os assuntos e como é um ser humano, tende a reagir. Se isso é jornalismo opinativo, é isso que a gente vai fazer. Mas não haverá jornalistas fazendo editoriais todos os dias porque um editorial é uma visão da empresa. Mas temos que sentir, agir e se emocionar porque as pessoas são assim.