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Vigilantes deixaram postos de trabalho, na noite de terça (20), por falta de pagamento
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2019 às 10:33
- Atualizado há um ano
A Universidade Federal da Bahia (Ufba) tem uma dívida de R$ 15 milhões com a MAP, empresa que detém o contrato de terceirização dos 380 vigilantes que atendem a instituição. A informação foi dada pelo sócio administrador da companhia de segurança, Sisnando Ribeiro Lima. Procurada, a Ufba disse, por meio de nota, que possui faturas em atraso, mas não confirma o número nem o valor da dívida.
Segundo o gestor, o valor é referente a doze meses de atraso. Ao CORREIO, ele explicou que a universidade não pagava as suas faturas integralmente, por isso, as dívidas foram se acumulando. “A empresa estava esperando, a Ufba disse que ia pagar e vinha amortizando a dívida. Nesses últimos cinco meses piorou. Com a fatura de agosto, emitida no final do mês, o valor pode chegar a 16,3 milhões”, pontuou.
Na noite da última terça-feira (20), os vigilantes abandonaram os postos de trabalho. O presidente do Sindicato dos Vigilantes (Sindivigilantes), José Boaventura Santos, afirmou que a orientação para a paralisação partiu da própria empresa. O Sócio administrador da MAP nega a afirmação do sindicalista. “Os vigilantes fizeram uma paralisação. Eles param por iniciativa própria. O sindicato colocou no jornal que eu tinha dado entrada no rito processual para suspensão das atividades e eles entraram em pânico”, afirmou Sisnando.
Nesta quarta-feira (21), a categoria trabalhou normalmente e as aulas ocorreram normalmente. Em nota, a Ufba também reforçou que "o trabalho de vigilância prossegue normalmente, no dia de hoje, sem qualquer interrupção, e as aulas, em todos os turnos, serão ministradas".
Com os problemas do pagamento, a MAP deu entrada no rito processual para suspensão das atividades na última sexta-feira (16). Agora, deve haver conversas com as partes para que haja uma definição sobre a possível suspensão. "O sindicato recebeu comunicado da empresa MAP Serviços de Segurança Eireli acerca da sua decisão de suspender o contrato de trabalho dos vigilantes que atuam na Universidade Federal da Bahia por falta de pagamento de faturas de serviço prestados", informou o sindicato em nota."A empresa tem direito de suspender o contrato com 90 dias de atraso. A MAP entrou com uma correspondência para o sindicato laboral, patronal e para a Ufba. Caso o contrato seja suspenso, os vigilantes podem ficar até 180 dias em casa, sem trabalhar e sem receber", explicou Sisnando.Na tarde desta quarta-feira (21), os representantes do sindicato dos vigilantes foram recebidos pelo Vice-reitor Paulo Miguez para discutir os salários atrasados. Também está agendada para quinta-feira (22), às 8h30, uma assembleia entre os vigilantes, na portaria do campus de Ondina.
"Há a possibilidade de a Ufba ficar sem segurança, mas primeiro vamos negociar. Nossa convenção prevê que a gente só pare dez dias após a notificação. A MAP notificou a Ufba na sexta-feira, ainda estamos em negociação", reforça Boaventura. Uma possível paralisação da segurança da Ufba vai ser discutida na reunião de amanhã (22).
Em nota, a Ufba informou que reconhece o direito de paralisação dos trabalhadores e que busca negociar com a categoria para encontrar “a melhor solução possível”. “A Polícia Militar foi alertada e reforçará a ronda no entorno dos campi”, apontou a nota da Federal da Bahia.
De acordo com o presidente do Sindivigilantes, a Ufba afirmou, durante a reunião de hoje, que busca resolver o problema das dívidas. Também no encontro, o sindicato laboral apresentou uma proposta para o Vice-reitor Paulo Miguez para resolver a questão do atraso do pagamento. “A nossa proposta seria que a ufba pague o salário dos vigilantes de forma direta, sem o envolvimento da empresa. Queremos garantir o trabalho deles, fatura é um problema da empresa”, relatou José Boaventura.
A Ufba também afirmou, em nota, reconhecer que a “grave situação orçamentária instituição atravessa, produto da defasagem da dotação acumulada nos últimos cinco anos, do contingenciamento de recursos e do bloqueio de 30% de seu orçamento pelo Ministério da Educação, afeta diretamente a vida dos membros de sua comunidade, entre eles os trabalhadores terceirizados”. A Federal da Bahia também informou que os cortes impedem o pagamento aos fornecedores em dia e que a instituição busca solucionar o problema com diálogo com o MEC.
Suspensão Sem segurança, em algumas unidades as aulas foram interrompidas na noite de terça-feira (20). "A Ufba foi surpreendida com a suspensão dos serviços de segurança agora pela noite, inclusive na Faculdade de Direito. Estamos determinando a suspensão das aulas do último horário de hoje. Amanhã avaliaremos a situação com a Reitoria", afirmou, em nota, o diretor da faculdade, Julio Cesar de Sá da Rocha.
Alunos da Faculdade de Comunicação, Bacharelado Interdisciplinar e de outras unidades no campus de Ondina também virarm as aulas acabarem mais cedo. Com a notícia da falta de segurança, os alunos saíram do campus rapidamente. "É triste ter a aula suspensa por falta de segurança na universidade. Isso demonstra o interesse no sucateamento da universidade pública", disse a estudante do BI em Artes Monique Feitosa.
Em maio, vigilantes da MAP também paralisaram as atividades na Ufba. Na época, eles afirmavam que a Ufba devia cerca de R$ 13 milhões à empresa, o equivalente a três meses de serviço, e que não estavam recebendo. Na ocasião, a Ufba reconheceu que havia uma dívida, sem confirmar o valor. Foram somente algumas horas de protesto. Não há confirmação do motivo da paralisação de hoje.
CORREÇÃO: O CORREIO havia informado que a dívida da Ufba era de R$ 10,6 milhões, com base na informação divulgada pelo Sindicato dos Vigilantes (Sindivigilantes). A empresa MAP corrigiu o valor para R$ 15 milhões no início da tarde desta quarta-feira (21).