Um banquete chamado Liga dos Campeões

Começa, hoje, a competição mais aguardada e saborosa do futebol europeu. Entre os famintos desta edição da Liga dos Campeões, alguns buscam o título, outros uma façanha, e muitos sabem que o objetivo já foi a própria participação. É um torneio de dar água na boca em quem ama os grandes clubes e os grandes confrontos e que é tratado por aqui como um banquete luxuoso de estrelas. Os torcedores babam, a imprensa destaca cada detalhe, os jogadores se alimentam e os craques, esses, então, devoram uma partida atrás da outra. 

É, realmente, uma atmosfera diferente e que, nos últimos anos, tem sido recheada de brasileiros que podem provar dela. Na temporada 2016/2017, foram 63 representantes do país e, na passada, 72. Nesta edição, são 64 inscritos, espalhados por 28 das 32 equipes desta primeira fase que vai até dezembro. O clube que mais tem jogadores do Brasil é o ucraniano Shakhtar Donetsk, com nove. O Porto vem logo atrás, com seis. Apenas quatro clubes (número menor que nas últimas duas edições) não têm um brasileiro no seu elenco para o torneio: Borussia Dortmund (Alemanha), Lokomotiv Moscou (Rússia), Viktoria Plzen (República Checa) e Young Boys (Suíça).

É verdade que alguns deles nem entrarão em campo, mas a quantidade de brasileiros que são prato principal no torneio é relevante. É o caso de Neymar. Mais uma vez, o camisa 10 e agora capitão da Seleção Brasileira tenta provar que amadureceu. É incrível como, em circunstâncias diversas, a expectativa de torcedores e jornalistas por aqui é praticamente a mesma que a do ano passado, quando o atacante trocou o Barcelona pelo PSG. Aos 26 anos, não há dúvidas de sua qualidade, mas o discurso de que seria ele o responsável por desbancar o reinado de Messi e Cristiano Ronaldo está cada vez mais salgado. 

No Liverpool, que enfrenta o time francês já nesta rodada de abertura, o destaque fica para Roberto Firmino. Será que o atacante dos dentes mais brilhantes do futebol mundial repetirá a dose de gols da temporada passada? Ele foi o vice-artilheiro da competição, ao lado de Mohamed Salah e Sadio Mané, seus companheiros de time, com 10 gols, atrás apenas de Cristiano Ronaldo. Ainda nos confrontos de hoje, o Barcelona tem dois brasileiros que estão açucarados neste início de ciclo: Coutinho, que finalmente estreia na competição com a camisa culé, já que pelo regulamento não pôde jogar na temporada passada, e Arthur, cada vez mais elogiado pela imprensa europeia. 

Já no Manchester City, de Pep Guardiola, Gabriel Jesus pede espaço pra tentar tirar um pouco do gosto amargo que ficou após a Copa do Mundo. Para ajudar o artilheiro das últimas seis edições da Champions (dividida apenas uma vez com Messi e Neymar), na Juventus, o brasileiro Douglas Costa é a sobremesa da vez. A contusão atrapalhou a sequência na Copa do Mundo, mas o jogador pode ser essencial na temporada do time italiano. Agora, vale um destaque de gosto ruim aqui: no fim de semana, Douglas Costa foi expulso de campo após cuspir num jogador adversário. Esperamos que o episódio tenha sido único e não tire a fome de bola. 

Às claras Entre tantos jogadores citados e tantos outros já conhecidos, vale ficar de olho também nas novas caras. A Liga dos Campeões é o lugar ideal para acompanhar as atuações do lateral Éder Militão, do Porto, lembrado por Tite na última convocação, e Allan, do Napoli,  outro que merece atenção e, por aqui, é constantemente sugerido na Seleção Brasileira.

Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa