Um dia de desgosto para Júnior

Por Victor Uchôa

  • D
  • Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Júnior é Baêa e, rodada sim, rodada não (às vezes rodada sim, rodada sim, a depender da tabela), vê sua paciência se esfumaçar quando o tricolor joga fora de casa. Contra o Flamengo, não foi diferente.

Aproveitando o feriado de Corpus Christi, o cidadão foi ver o jogo na casa dos pais, lado a lado com seus coroas. De nada adiantou a energia familiar.

Como os adjetivos usados por Júnior para falar do Bahia e de Guto Ferreira nos jogos longe de Salvador são impublicáveis, vou deixar apenas o seu resumo: “Só acorda pra jogar depois que apanha. Com Guto, não tem jeito”. Alguém aí discorda?

Pirado com o resultado do tricolor e sabendo que o dia seguinte era dia de batente, Júnior foi direto pra casa, evitando aquela passadinha para encontrar a turma que acompanhou a derrota num bar do Imbuí.

Após algumas horas de quietude, o dito cujo voltou à carga no WhatsApp já tarde da noite. Ser multimídia que é, passou a revezar os olhos e o cérebro entre a tela da TV, ligada na final da NBA, e a tela do computador, onde acompanhava a etapa de Bali do Mundial de Surfe.

Não satisfeito com esta notável demonstração de atenção difusa, ainda comentava em tempo (quase) real, pelo celular, o que rolava na quadra da Califórnia e no mar da Indonésia. Resultado: acabou indo dormir de juízo quente, mais chateado do que se tivesse encerrado a jornada esportiva do feriado somente com a derrota do Bahia.

Na Indonésia, Gabriel Medina deu mole e perdeu mais uma chance de entrar de vez na disputa pelo título mundial de 2018. Júnior, que já tomou suas vacas no mar, não tem dúvida de que o brasileiro é o melhor surfista do mundo, mas acha que falta disciplina. Volta e meia, brinda-nos com a seguinte explanação: “Sabe qual é o problema dele? A barca com Neymar, Thiaguinho, esses caras! Aí não tem jeito”.

Mudando para a NBA, na Califórnia, o Golden State ganhou do Cleveland na primeira partida da decisão, o que deixou Júnior verdadeiramente aborrecido. Não que ele seja um grande torcedor do Cleveland, mas o cara paga pau pra LeBron James, o que é perfeitamente compreensível.

Pra quem não viu, um parêntese: o time de LeBron teve nas mãos uma bola para decidir o jogo faltando quatro segundos, mas um rapaz chamado JR Smith, pensando na morte da bezerra, achou que a partida estava ganha e nada fez, nem passou nem arremessou. Na prorrogação, deu Golden State Warriors.

“Vei, você tem escrever um texto somente sobre a falha de sinapse do cara”, pediu-me meu amigo. “Nunca vi isso na minha vida: o cara no campo, num jogo tão importante, não saber quanto está o placar. Aquilo foi muito louco”, arrematou ele, confessando que demorou até pra dormir pensando no lance.

Como se vê, não consegui fazer um texto somente sobre a falha de sinapse na final da NBA, mas há de se concordar que este foi o desfecho “perfeito” num dia cheio de desgostos desportivos para o grande Júnior.

Se é que serve de alguma coisa, deixo aqui devidamente registrada toda a minha solidariedade.

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados