Um grave caso de Ba-Vi

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  • Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2017 às 04:00

- Atualizado há um ano

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Meu amigo Pedro Black, com voz um tanto falha, avisou por áudio: “Véi, eu num tenho coração pra assistir esse Ba-Vi não, véi, vou ficar muito nervoso. Porra, num guento mais não, véi, eu num tenho coração não, véi. É sério”.

Quando o cara titubeia e mete quatro “véis” no mesmo período, o caso parece grave. E é mesmo.

No dia 2 de julho, data da independência do nosso estado, Bahia e Vitória disputaram o clássico do primeiro turno em situação vexatória: ambos na zona de rebaixamento. O embate de amanhã, na Fonte Nova, começará num contexto um pouquinho menos doloroso, mas nada que se possa comemorar muito. Isso, só depois – e só quem ganhar.

Desde o último clássico, mudanças significativas ocorreram na Toca do Leão e no Fazendão. A única coisa que não mudou foi a luta contra a guilhotina, que já se consolidou como a sina das nossas equipes.

Gallo não é mais treinador do Vitória e Mancini até que conseguiu dar cara de time ao bando que entrava em campo até sua chegada. Mas, regularidade que é bom, necas. O Bahia, num processo inverso, foi virando gradativamente um bando no decorrer da competição, mas Carpegiani também conseguiu reverter o quadro nos primeiros jogos.

Por uma triste coincidência, as duas equipes entram em campo após resultados desanimadores. No Rio, o tricolor foi goleado por um Flamengo que não tem grandes coisas a oferecer. No Barradão, o Vitória perdeu de novo, o que não pode ser surpresa para mais ninguém.

Ainda que seja indicado fugir de qualquer clichê, poucas vezes um clichê foi tão adequado quanto agora, para o clássico da Fonte Nova: não há favorito e tudo pode acontecer.

Senão vejamos: o Bahia, mesmo nos piores momentos técnicos e táticos, conseguiu manter força dentro de casa e ganhar jogos só na vontade. O Vitória, por sua vez, só é forte quando joga longe de Canabrava, onde a ziquizira se instalou com gosto.

Certamente o nervosismo de Black se espalha pela cidade e só vai aumentar até a hora do jogo. Se sua voz começar a falhar, caro leitor ou bela leitora, não perca tempo imaginando que o caso é grave. Pode se agarrar à certeza: é grave mesmo.           

Em casa A Suprema Corte do Brasil abriu as pernas, o Senado deu a tabaca, Aécio Neves aplaudiu e o povo na arquibancada teve mais uma prova de que existe uma certa casta de pessoas no país que vivem acima da lei.

Sempre tivemos a impressão de que Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), pertencia a esta casta. Por um momento, pensamos estar enganados, mas nos últimos dias tivemos muitos exemplos de que os poderosos de sempre seguem mandando.

Agora na condição de réu por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção passiva e organização criminosa, Nuzman teve a liberdade concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A denúncia do Ministério Público expõe claramente como ele leva uma vida milionária às custas do esporte brasileiro, mas, segundo o STJ, Nuzman tem que esperar o julgamento em casa. E a gente que engula.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.