Um Lugar Silencioso 2 abre mão das sutilezas e opta por sustos

Sequência de Um Lugar Silencioso peca por excesso de ataques e perseguições e está distante do primeiro filme

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  • Roberto Midlej

Publicado em 22 de julho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Embora o final de Um Lugar Silencioso (2018) deixasse sugestões de que a história não acabaria ali, o diretor John Krasinski e os produtores garantem que uma sequência não estava nos planos. Difícil acreditar nisso quando se trata de um filme de terror, gênero que provavelmente gerou o maior número de sequências no cinema americano. Basta lembrar de franquias recentes, como Invocação do Mal, Jogos Mortais e Atividade Paranormal ou das clássicas Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo.

Com o ótimo desempenho que teve nas bilheterias, de US$ 350 milhões, é claro que os produtores não perderiam tempo - nem dinheiro - e logo fariam Um Lugar Silencioso 2, que está chegando aos cinemas. Novamente, a direção é de Krasinski e os protagonistas da primeira produção estão de volta.

No novo filme, há uma rápida viagem ao passado e aí conhecemos como foi o dia do ataque à cidade onde vive a família Abott, quando os monstros de uma assustadora espécie dizimaram a população local. Depois, há um novo salto no tempo e a história parte exatamente de onde terminou o primeiro filme.

O mote é o mesmo de antes: a família precisa se esconder dos monstros e, para isso, todos precisam manter o mais absoluto silêncio. Caso contrário, eles atacam impiedosamente. Logo no ataque inicial, sentimos que a nova aventura será bastante diferente da primeira, já que as criaturas surgem aos montes, de todos os cantos. A sequência é show explosões, gente correndo pra todos os lados, acidentes de carro e muita gritaria. Nada muito diferente de outros filmes de terror que apelam para isso.

Desta vez, Evelyn (Emily Blunt) é a responsável por cuidar dos três filhos, já que o marido está morto. Não bastasse a perda, agora ela precisa cuidar do bebê recém-nascido, mantido dentro de uma caixa, respirando através de um cilindro de oxigênio, para que seu choro não atraia as criaturas. A menina, Regan (Millicent Simmonds), passa a ter mais importância e divide o protagonismo com a mãe.

Outra novidade é que, desta vez, os Abotts precisam sair de casa e deixam para trás o mundo protegido que Lee havia deixado para os quatro. O risco, portanto, aumenta. Com isso, então, são mais monstros e, por consequência, mais ataques. 

E o excesso de ataques talvez seja o maior erro do diretor, que é também roteirista: ele abre mão da sutileza e da tensão do primeiro filme - que era um drama de terror - para quase transformá-lo em apenas mais um "jump scare movie" - um filme de terror baseado prioritariamente em sustos. 

Se há três anos, se destacavam a sutileza e o silêncio, agora, em algumas cenas, chega perto do grotesco. Uma pena, pois Um Lugar Silencioso, pode estar indo no mesmo caminho de franquias como a citada Invocação do Mal, que se perdeu e, em nada, lembra suas origens.