Um memorial para heróis brasileiros na Igreja de Sant’Ana

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  • Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Revoltas separatistas, líderes épicos e mártires heroicos foram alguns dos reflexos da opressiva exploração promovida pela metrópole portuguesa no Brasil colônia, gerando sucessivos atos de descontentamento que passaram a eclodir a partir do final do século XVII.

Além da conhecida Inconfidência Mineira e seu principal ator, Tiradentes, muitas outras se sucederam no país, como a luta pela Independência da Bahia, cujo desfecho se deu no dia 2 de julho de 1823 e teve em Maria Quitéria um de seus principais expoentes, além da Revolução Pernambucana ou Revolução dos Padres, movimento emancipacionista que pipocou na Capitania de Pernambuco, a mais rica do Brasil, no dia 6 de março de 1817.

Entre os líderes do movimento pernambucano estava o ilustrado advogado José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (1768-1818), conhecido como Padre Roma. Nascido em Recife, ele entrou para a história como o revolucionário e religioso do único movimento separatista do período colonial que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo para a tomada de poder, instituindo um Governo Provisório no Brasil, cinco anos antes da Proclamação da Independência.

Com muito orgulho a Igreja de Sant’Ana, construída em 1747 e recentemente restaurada, abriga no ossuário os restos mortais tanto de Maria Quitéria quanto do Padre Roma, razão que nos motivou a instituir um memorial em homenagem a personagens desse quilate inaugurado em missa especial celebrada no dia 8 de abril.

A solenidade contou com uma participação muito especial, a do ex-chefe de Gabinete do prefeito ACM Neto, João Roma. Ele possui uma histórica ancestralidade, pois pertence à sétima geração do Padre Roma e não esconde o orgulho pelo fato de que sejam enaltecidos os valores pelo feito histórico e heroico que ele desempenhou e da importância disso para a história do Brasil.

As revoltas que se espalharam pelo Brasil antes da Independência eram influenciadas pelos ideais iluministas e libertários cultivados pelas sociedades maçônicas e pela rejeição ao absolutismo monárquico de Portugal que se agrava com a onerosa Família Real recém-chegada ao Rio de Janeiro o que obrigava, por exemplo, ao governo pernambucano a enviar grandes somas para custear a nobreza e esquecer-se de problemas cruciais como a seca de 1816.

Inicialmente vitoriosa, a revolta pernambucana espalhou-se pelo Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O Padre Roma foi designado a levar a revolução até a Bahia onde visitou vilas e povoados. Logo viria a contrarreação da Coroa que ordenou a prisão do Padre Roma no instante em que aportava em Salvador após velejar pela costa vindo do Alagoas. Ele foi levado algemado ao Forte de São Pedro.

Em 29 de março de 1817, foi fuzilado no Campo dos Mártires (Campo da Pólvora), no bairro de Nazaré, e seu corpo levado à Sant´Ana por paroquianos que comungavam da sua luta. Já a baiana Maria Quitéria, que lutou como voluntária contra as províncias que não reconheciam D. Pedro como imperador, morreu em Salvador, no dia 21 de agosto de 1853, quase cega e em total anonimato.

Os espólios mortais de personagens importantes à sua época também se encontram no ossuário da Igreja de Sant’Ana, entre os quais se destacam a família Caymmi (1903); família Brigadeiro Francisco Vieira de Faria Rocha (1833), família Conselheiro João José de Almeida Couto, o Barão do Desterro (1900), além dos sacerdotes monsenhor Francisco Ayres de Almeida Freitas, monsenhor José Gilberto de Luna e o monsenhor Eugênio Veiga.

Abel Pinheiro é pároco da Igreja de Sant’Ana