Um raio X da economia baiana

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Armando Avena
  • Armando Avena

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 05:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O IBGE divulgou, na semana passada,  o PIB dos estados brasileiros em 2016 e a publicação, embora registrando um ano de recessão, traz uma verdadeira radiografia da economia baiana. Para começar,  uma notícia boa: a Bahia voltou a ser a 6ª maior economia do país, superando Santa Catarina. O PIB da Bahia, em 2016, foi de R$ 258,7 bilhões, um tantinho  acima do PIB de Santa Catarina que ficou em R$ 256,7 bilhões. Os dois estados representam, cada um, 4,1% do PIB nacional, mas Santa Catarina, que desde de 2011  se colocava à frente da economia baiana, caiu para a 7ª posição.

Mas, como explicar a mudança  se, em 2016, o PIB da Bahia caiu 6,2%, o dobro da queda nacional de 3,3%?  A explicação está no preço do barril de petróleo. Como a indústria baiana é muito dependente do insumo petróleo, por causa da Petrobras, que faz o refino do óleo, quando o custo do barril de petróleo cai, como ocorreu em 2015/2016, o valor adicionado produzido no estado é maior. Em poucas palavras: o PIB da Bahia e o de  Santa Catarina se equivalem, mas enquanto o estado sulista tem uma economia diversificada, a economia baiana ainda mantém forte dependência da produção de petróleo/petroquímica, para o bem e para o mal. Os dados mostram também que a economia baiana é fortemente concentrada em poucos setores.

Com efeito, apenas 7,2% do PIB baiano é gerado na agropecuária enquanto quase 70% do produto estadual é gerado no setor de serviços, mas aí está incluído a administração pública (incluindo saúde e escolas públicas) que representa 30% do total produzido no setor, enquanto o comércio contribui com 18% e a atividade imobiliária com cerca de 15%. A atividade ligada ao turismo (alojamento e alimentação) responde por apenas 4% do setor serviços e o restante se distribui por vários setores. 

Aqui vale uma ressalva para o setor agropecuário – claramente subestimado, pois não inclui outros segmentos que compõem o chamado “agronegócio”, contabilizado em outros setores – e para o setor turismo cujas atividades são muito mais amplas do que as relacionadas a alojamento e alimentação. 

No setor industrial, a indústria de transformação representa 58% da produção, a construção civil cerca de 27% e o ramo eletricidade aparece com 12%, ficando o restante  no segmento extrativo mineral. 

No frigir dos ovos, a concentração da economia baiana é tal que dois segmentos, administração pública e petróleo e petroquímica,  respondem por mais 40% do PIB estadual. Quanto ao ranking das maiores economias do Brasil, tudo indica que Bahia e Santa Catarina vão continuar se revezando no segundo time, com o Distrito Federal cada vez mais perto. Os dados aqui expostos foram sistematizados pela SEI (Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia) e indicam a necessidade de uma política de  diversificação da atividade produtiva na Bahia.

Eleição na Assembleia Não existe “de repente” em política. Por isso, tudo indica, que aqueles que apostam no rompimento da base de apoio do governador Rui Costa por causa da eleição para a presidência da Assembleia  podem perder. Mas uma disputa ferrenha como a que se desenha pode minar as bases, trincar a unidade e abrir as primeiras cisões, mesmo que elas só  se concretizem mais adiante. 

As cisões poderão se ampliar ou cicatrizar, a medida que os interesses de cada grupo forem afetados seja pelas reformas e mudanças locais, seja pelos apoios e pelos espaços ocupados a nível federal, seja pelas posições que cada grupo adotar na verdadeira arena política que se formará em Brasília a partir de 1º de janeiro. A luta política vai ocorrer nessa arena e se afunilar para a grande batalha do meio de governo: as eleições para prefeitos em 2020. Mas, como a política anda tão surpreendente no Brasil, tudo pode se dar de maneira muito mais acelerada.

Vento é energia A Bahia já está produzindo 3,5 MW de energia eólica, o que representa mais de 3 vezes a  potência instalada da usina de Sobradinho. Segundo maior produtor de energia eólica do país, a Bahia detém 25% da produção nacional e se aproxima cada vez mais do Rio Grande do Norte, o maior produtor. No sertão da Bahia, vento é sinônimo de energia.

Emprego à vista Entre janeiro e outubro de 2018, a Bahia gerou 38 mil novos empregos com carteira assinada. No mesmo período do ano passado, havia gerado apenas 14 mil. Não é nenhuma pole-position, mas todos os setores da economia admitiram mais do que demitiram neste ano. 

A única exceção foi o comércio varejista que ainda contabiliza uma eliminação de 2,9 mil postos de trabalho em 2018. Mas a virada parece ter começado, pois em outubro o comércio apresentou um saldo positivo de quase mil postos de trabalho entre demitidos e admitidos. Chama atenção o setor da construção civil, que criou 4,2 mil novos postos com carteira assinada, mostrando que a luz começou a iluminar o túnel.

Moro e os governadores No dia 12 de dezembro, os governadores do Nordeste estarão reunidos no Fórum de Governadores do Nordeste para entregar ao presidente eleito Jair Bolsonaro uma agenda única com as prioridades da região. Bolsonaro não vai estar presente e quem vai representá-lo será o ministro indicado da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.  Não se sabe qual foi a intenção do presidente ao indicar Moro para representá-lo, mas não deixa de ser irônico que seja exatamente o inimigo número 1 do PT aquele que vai receber as reivindicações dos governadores do Nordeste, eleitos maciçamente pelo partido.

As finanças do estado O governo do estado vai começar o ano de 2019 com um valor de Restos a Pagar  superior aos R$ 420 milhões do ano passado. O excesso de restos a pagar, que é uma forma do governo ser financiado pelos fornecedores, vai se agregar as dificuldades que o governador Rui Costa terá  de enfrentar em 2019. 

O déficit da Previdência, por exemplo, vai atingir R$ 4,3 bilhões, o que significa que o Tesouro estadual terá uma despesa adicional de R$ 300 milhões.  Já é certo que as despesas com pessoal  vão ficar acima do limite previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, a não ser que haja cortes profundos na máquina pública ou que as receitas cresçam mais que o esperado. E não há espaço para aumento de impostos, prática feita à exaustão nos últimos quatro  anos.

 Os investimentos que vinham crescendo com base em empréstimos serão reduzidos, já que o estado, classificado como categoria C no Tesouro Nacional, não poderá contratar novos empréstimos.  

A situação preocupa o governador Rui Costa que já anunciou uma reforma administrativa com extinção de empresas, a elevação da contribuição previdenciária de servidores, cuja alíquota deve subir de 12% para 14%, e corte de gastos.