Um rato simbólico

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Segunda-feira, cinzas da Copa ainda tiritando, todo mundo no detox padrão Fifa, pouco mais de 24 horas após o capitão da França erguer a taça e eis que a realidade mete o pé na porta sem  dó: que jogo medonho aquele do Bahia diante do Vasco.

Na partida, com desempenho lastimável das duas equipes, do juiz, da iluminação, da bola e de todo o resto, só se salvou, veja só, o rato.

Pelo porte físico e pela desenvoltura no gramado, notou-se claramente que o roedor  cruz-maltino foi quem melhor aproveitou a parada para o Mundial, reapresentando-se em forma, encaixado taticamente e, como se viu, conhecedor de todos os atalhos do campo.

Metaforicamente, a invasão de campo do rato foi simplesmente sensacional. Ninguém precisa entender de bola ou acompanhar as intermináveis mesas-redondas da TV para saber que aquele personagem não deveria estar ali. Mas o fato é que estava, assim como muitos outros personagens que, se rigorosos fôssemos, passariam longe dos nossos campos, incluindo alguns jogadores, treinadores e dirigentes.

Tal impressão se solidificou na quarta-feira, quando, em mais um jogo feio no Barradão, o Vitória chegou a se permitir tomar calor do Paraná em determinado momento, mesmo depois de ficar treinando por quase 40 dias.

No dia seguinte, Bahia em campo de novo, e então pudemos testemunhar o primeiro milagre pós-Copa: gol tricolor fora de casa. Depois, a defesa desmanchou a metafísica.  

Amanhã, sabemos, tem Ba-Vi na Fonte Nova. É bom que estejamos mentalmente preparados, porque a realidade chegou sem nenhuma anestesia.

Sem memória Há coisa de um mês, já durante a Copa do Mundo, surgiu uma notícia que passou um tanto despercebida. Faço o registro só agora justamente porque, com o Mundial em curso, ninguém ligaria muito pra isso – não que vá ligar agora, mas é sempre bom manter a esperança.

Pois bem: com aprovação da Câmara Municipal de Camaçari e aval do prefeito Antônio Elinaldo (DEM), o estádio da cidade da Região Metropolitana de Salvador agora se chama Fernando Ferreira Lopes, uma homenagem a um ex-dirigente do time local.

Pra quem não lembra, desde 2005 o equipamento se chamava estádio Armando Oliveira, um dos maiores – se não o maior – cronista esportivo que já tivemos na Bahia, que morreu naquele ano.

Em termos práticos, a mudança de nome em nada altera a rotina do futebol de Camaçari, mas serve como uma ilustração exemplar dos motivos que fazem com que o esporte da Bahia viva na lama: na hora da dividida política, mais vale homenagear um cartola do que um cronista sem igual, baluarte do desporto baiano.

Quem não cultiva memória só anda pra frente aos tropeços.  

Desafio Clube social em Salvador, turma da hidroginástica animada e o professor cheio de energia incentiva o grupo, cuja média etária era algo elevada:

- Vamos lá, pra esquerdaaa! Agora direitaa! Aqui comigo ói: braço! Agora mexe a perna assim ó! Quando eu gritar “Neymaaar”, todo mundo mergulhaaa!

A Copa do Mundo já acabou, mas, como se vê, Neymar segue rolando.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados