Uma babá quase perfeita: o encanto de Mary Poppins volta aos cinemas

Com a mesma essência do clássico de 1964, filme já foi indicado a quatro categorias do Globo de Ouro

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  • Doris Miranda

Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 05:54

- Atualizado há um ano

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A cena é inesquecível. De repente, uma bela dama flutua pelos ares, segura apenas num guarda-chuva preto, e vai descendo, cheia de pompa e graça... Mary Poppins, a babá que botou ordem naquela família do barulho, está de volta. Em essência, a mesma do clássico de 1964, que deu à maravilhosa Julie Andrews o Oscar de melhor atriz. Mas, agora, no corpo da atriz britânica Emily Blunt, estrela da continuação O Retorno de Mary Poppins, dirigido por Rob Marshall , já indicado em quatro categorias do Globo de Ouro. 

Uma volta fundamental, diga-se de passagem, com doses de magia suficientes para fazer acreditar que o impossível se realiza, sim. Basta acreditar - e enviezar o olhar. Essa é a mensagem que Blunt tem passado sobre a personagem dos livros de P.L. Travers: “Ela tem muita relevância para pessoas de todo o mundo quando as coisas parecem bastante frágeis. É uma grande unificadora”. Emily Blunt em O Retorno de Mary Poppins Na real, Mary Poppins aparece quando as coisas não vão mesmo bem.  Quem explica é o ator Lin-Manuel Miranda, parceiro de Blunt em cena. “Sinto que o mundo passa por um momento assustador, e por isso parece ser um filme que precisamos neste momento”, reflete o intérprete do acendedor de lâmpadas Jack - papel semelhante ao do limpador de chaminés de Dick Van Dyke no original. O ator de 92 anos está nesse longa e faz uma cena de sapateado incrível.

A trama se passa na década de 30, duas décadas depois dos acontecimentos do primeiro filme, na cinzenta Londres da Grande Depressão.  Na casa dos Banks, Michael (Ben Whishaw) vive um ano difícil. Ele sofre com a morte de sua esposa e a ameaça de perder a casa, onde mora com a irmã Jane (Emily Mortimer) e os três filhos pequenos. Ligada àquele núcleo, claro que a disciplinada governanta volta para botar ordem na casa e, de quebra, inspirar criatividade e otimismo. Mary Poppins com a família Banks: lições de amor e superação Ciente do peso de reviver um personagem do ícone Julie Andrews, Emily Blunt disse que não conversou recentemente com Julie, mas soube que ela viu a sequência: “Fiquei muito comovida que ela tenha querido que esta fosse a minha versão de Mary Poppins e acolhida como tal, em vez de entrar em algum momento e criar uma distração. Isso significa muito para nós”.

Diretor de musicais como Chicago (2002) e Os Caminhos da Floresta (2014), Rob Marshall fez questão de conduzir sua versão da história no estilo bem clássico, com as coreografias, as canções e as animações que interagem com os atores confeccionadas de forma manual, como a Disney tinha feito. 

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O curioso é que a escritora P. L. Travers, criadora da icônica personagem, nunca escondeu sua antipatia pela adaptação cinematográfica de 1964. Tanto que sua relação problemática com Walt Disney virou tema do bom filme Walt nos Bastidores de Mary Poppins (John Lee Hancock/2014).

Com a morte da autora, em 1996, a relação entre a família Travers e a Disney foi reerguida. “O maior intervalo entre dois episódios da história do cinema”, brinca o diretor,  que precisou passar pela aprovação do espólio para assumir como diretor do longa-metragem. Marcou época: Julie Andrews e Dick Van Dyken no filme de 1964, que rendeu a ela o oscar de melhor atriz. apesar do sucesso, o longa não agradou à autora P. L. Travers “Sempre achei que não haveria possibilidade de uma sequência. Mas a Disney trabalhou ao lado da família para mostrar que seria algo novo, mas realizado com carinho e respeito pelo original”, explica Marshall. “Mary Poppins pode ser como James Bond, um personagem que foi reimaginado diversas vezes”, finaliza o diretor.