Uma feira só! Salvador tem final de semana com três grandes feiras de rua

Na Sé, na Graça ou no Rio Vermelho, parte da população dispensou o shopping

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 10 de novembro de 2018 às 21:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO
Na Feira da Sé, artesãos produziam na hora por Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Tudo bem que há quem prefira o ar-condicionado, a segurança e a frieza cultural do shopping center. Mas, diante de um sábado ensolarado como o de ontem, em uma cidade histórica e cheia de luz como Salvador, tem um pessoal que não pensa duas vezes antes de respirar ar natural, sentir o sol com a brisa e entrar em contato com as pessoas. Quando tudo isso vem junto com opções de arte-cultura, moda e gastronomia, aí pronto. A explosão de feiras de rua em Salvador tem transformado o hábito de muitos soteropolitanos. Somente neste final de semana, três grandes feiras são realizadas na cidade. Uma delas, realizada pelo Instituto ACM, chegou à segunda edição e aconteceu apenas ontem. A Feira da Sé, que tem o apoio da prefeitura de Salvador reuniu cem expositores. Além da qualidade e variedade dos trabalhos, a feira se destaca pela localização, na Praça da Sé, Centro Histórico.   Visitantes de todas as idades e origens ficaram impressionados com a feira. “São expositores realmente escolhidos a dedo. Muito bom encontrar tanta coisa boa assim, no meio da rua”, disse a estudante universitária Clarissa Oliveira, 25 anos. “Quem prefere ir ao shopping em vez de estar aqui das duas, uma: ou é falta de informação ou de gosto”, emendou Clarindo Silva, o famoso dono do Restaurante Cantina da Lua, no Pelourinho, prestigiando os comerciantes/artistas. A Feira da Sé mistura permissionários que estão todos os dias na Praça da Sé com outros expositores. Por isso, tinha desde as roupas da marca Agô, feitas com tecidos importados da África, até as famosas bolsas trançadas em palha de piaçava de dona Maria Silva. Das peças africanas do camaronês Joseph até os acessórios feitos de lacres de latinhas de   Sueli Costa. Sem falar na barraca de tarô, as pintura a óleo do artista plástico Tarcísio Bonfim e o trabalho de João Eugênio, que faz copos, taças e jarros entalhados com desenhos. “As feiras são importantíssimas não só para escoar a nossa produção, como para que as praças sejam ocupadas”, afirma Carlos Costa, da Agô Tecidos. [[galeria]] Enquanto a Sé pulsava com a sua feira, outras barracas de rua reunidas em um terreno na Rua da Graça começavam a receber um grande público. A Feira da Fraternidade, realizada pela Paróquia de Nossa Senhora da Vitória chegou à 37ª edição com gastronomia, brechó, artesanato e atividades infantis. Todo o dinheiro arrecadado com os R$ 10 de cada ingresso é revertido para as obras sociais da paróquia, que mantém uma creche, uma escola e um posto de saúde. Famílias inteiras, com diversas gerações juntas, curtiram shows de artistas como Adelmário Coelho (sexta-feira) e Mano Góes (ontem). “Mas, a gente vem mesmo pela solidariedade. A gente gosta muito das feiras. No caso da Feira da Fraternidade, a vontade de marcar presença é ainda maior”, disse o gestor financeiro Evaristo Soares, 33 anos. Ninguém estava mais feliz na Feira da Fraternidade que o casal Mary Barreto de Oliveira, 84 anos, e Nelson Pereira de Oliveira, 89. Eles são voluntários da feira desde o primeiro ano. “Me lembro de cada detalhe. Começamos com quatro barracas. A coisa ganhou uma proporção enorme e hoje a feira é quase como um filho pra gente”, disse  Nelson. E ainda tinha mais feira para bater perna. No Rio Vermelho, a Associação de Cultura e Arte montou a feira CultuArte no Largo da Mariquita. Com 60 artesãos, a feira é itinerante (circula entre a Mariquita, Farol da Barra, Jardim dos Namorados e a própria Praça da Sé) e vai até hoje. Ontem, tinha até mágico, estátua viva e voz e violão com o músico Marcelo Cardoso. “Na rua, a sensação de liberdade é muito maior. Até pra tocar. Sou um defensor da feira de rua”, disse o músico.