Uma luta compartilhada

Maira Caleffi é presidente voluntária da Femama

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  • Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A vida nos desafia constantemente: algumas vezes, conseguimos prever o que nos espera; em outras tantas, um sentimento de angústia e insegurança toma conta frente ao inesperado. Um diagnóstico de câncer é uma estrada repleta de desafios que só o paciente pode trilhar. No entanto, saber que existem pessoas e instituições para apoiar esta jornada pode tornar o caminho mais leve. Em 2018, quase 600 mil homens e mulheres receberão o diagnóstico de câncer. Desses, aproximadamente 10%, ou seja, 60 mil, serão de câncer de mama. Cada luta é única, particular e resguarda em si sentimentos e sensações inexplicáveis. Contudo, essa mesma luta individual pode ser compartilhada e ajudar no fortalecimento de pessoas que enfrentam a doença. As organizações de pacientes são importantes fontes de apoio e compartilhamento de experiencias únicas que visam o bem-estar da pessoa que está passando pelo diagnóstico e tratamento de um câncer. É uma via de mão dupla, capaz de transformar e reconhecer a luta diária em pequenas conquistas. Não à toa, para esta edição do Outubro Rosa, celebrando os dez anos de campanha no Brasil, trouxemos o tema #CompartilheSuaLuta: é preciso estimular as pessoas que enfrentam o câncer de mama a dividirem suas dúvidas, dificuldades, aprendizados e vitórias com ONGs e grupos de pacientes que enfrentam os mesmos desafios. Dessa forma, universalizam-se as questões enfrentadas individualmente na doença, tornando cada ONG e cada paciente um agente transformador da realidade. Compartilhando questões e medos, vamos ao encontro de respostas e de coragem que emanam desse apoio, inclusive na busca por direitos ligados à assistência em saúde. Toda trajetória pode inspirar e fortalecer aqueles que mais precisam de suporte, vendo que é possível aprender, engajar-se e mudar não somente a sua história em particular, mas a de todas aquelas que lutam contra o câncer de mama. Unimo-nos, assim, a familiares e amigos que oferecem amparo e atenção ao paciente de câncer. Formamos uma rede junto a pessoas que passam por desafios semelhantes e que são importantes fontes de informação, empatia e inspiração. Compreendendo a delicadeza e as particularidades do momento, as associações de pacientes estão prontas para auxiliar no acesso a tratamentos, bem como com suporte psicológico, nutricional, fisioterápico e legal. Na Femama, somos 74 ONGs espalhadas por quase todo o território brasileiro. São milhares de ouvidos, sorrisos, corações, olhares atentos e braços abertos. Para facilitar o encontro entre essas pessoas, desenvolvemos um aplicativo que visa conectá-los: o Mamatach - com ele, queremos promover a formação de uma rede de interesse e informação relacionada ao câncer de mama, conectando pacientes, familiares, ONGs e pessoas envolvidas no enfrentamento da doença. Compartilhar a luta não significa apenas contar histórias e vivências. Compartilhar a luta transcende tal ideia: acompanhar cada passo, do início ao fim. É partilhar a fase mais desafiadora já vista e tirar, nem que seja um pouquinho, o peso que o paciente carrega nas costas, na maioria das vezes, sozinho.   Maira Caleffi é  presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e  chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento

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