Universitária agredida no Rio Vermelho tenta identificar autores em vídeo

Jovem foi atingida por cassetete durante discussão política; SSP-BA investiga

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  • Gil Santos

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 16:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Leitor CORREIO

Janaína Barata, 19, foi atingida por cassetete de PM no rosto (Foto: Leitor CORREIO) A defesa da universitária Janaína Barata, 19 anos, que foi atingida no rosto durante uma confusão entre policiais militares e militantes do PT, no bairro do Rio Vermelho, nesse domingo (28), está tentando identificar a autoria da agressão. Após o ataque, próximo ao Largo de Santana, onde apoiadores de Fernando Haddad (PT) discutiam com adeptos de Jair Bolsonaro (PSL), a jovem foi socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE). A vítima, que é estudante do Bacharelado Interdisciplinar (BI) de Humanidades da Universidade Federal da Bahia (Ufba), levou três pontos na cabeça.

Segundo o advogado de Janaína, Pedro Scaldaferri, ela recebeu alta médica na mesma noite e esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) durante a madrugada, onde fez o exame de corpo de delito.

Na manhã desta segunda (29), ela procurou atendimento também no Hospital Português, para verificar a gravidade do trauma na face.“Ela procurou outro médico por precaução. Ela está machucada e precisa de atendimento. Agora, estamos tentando identificar pelas imagens quem foram os policiais autores da agressão. Ao que tudo indica, foi uma policial, uma Pfem, mas estamos apurando”, disse ele.Secretaria acompanha Em nota divulgada na tarde desta segunda, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) informou que Janaína foi ouvida, durante a madrugada, por equipes da Polícia Civil que vão investigar o caso, antes de seguir para a realização do exame de corpo de delito. Além disso, informa a pasta, já foi concluída a formalização da denúncia de agressão contra a vítima. 

Ainda de acordo com a SSP-BA, em depoimento, Janaína relatou que havia uma confusão generalizada e que, ao sair em defesa de um homem que estava sendo abordado por um PM, foi surpreendida com o cheiro de gás de pimenta. "Disse ainda que ficou desnorteada com cheiro forte e não se recorda se o ferimento na cabeça foi causado pela queda ou por uma pancada de cassetete. No entanto, afirmou que colegas contaram que ela havia sido agredida por uma policial feminina", diz o comunicado.

Janaína, no entanto, disse estar ciente da maneira como foi agredida.“Eu falei: ‘calma, ele não fez nada’. Aí, me deram uma cacetada na cara, eu caí”, contou a jovem ao CORREIO.Após falar com a reportagem, ela voltou a fazer um relato detalhado de como tudo aconteceu. Assista e leia abaixo.

"A Polícia Militar queria agredir uma pessoa, certo? Aí eu fui e falei: 'calma, ele não tá fazendo nada. Parem com isso'. E aí a Polícia Militar veio e deu o cassetete em algum lugar da minha cabeça e botou spray de pimenta no meu rosto. Quando eu percebi, eu estava no chão, certo? Eu tô sentindo a dor da minha cabeça agora, mas no começo tava só o spray de pimenta no meu rosto. Minha maior preocupação é ficar cega."De acordo a SSP-BA, três policiais militares que participaram da ocorrência também prestaram depoimento na corregedoria da corporação. "Eles contaram que foram agredidos, após tentarem apartar brigas e início de tumulto entre militantes de direita e esquerda, não havendo outro recurso se não o uso da força", diz a nota.

Segundo testemunhas, o militante do PSL já tinha saído do local quando Janaína foi agredida e o gás de pimenta veio depois que os militantes de esquerda passaram a questionar o ataque contra a jovem.

A Corregedoria da SSP-BA e a 7ª Delegacia (Rio Vermelho) investigam as versões.

Imagens registradas por testemunhas também vão auxiliar nas investigações.

Solidariedade“Estou aguardando ela retornar no médico para decidirmos o que será feito e tomarmos as medidas cabíveis. A mãe dela está em pânico”, afirmou Scaldaferri.Segundo as testemunhas, Janaína estava tentando apartar a discussão entre dois eleitores, um de Bolsonaro e outro de Haddad, quando foi agredida pela polícia. Os dois homens defendiam lados contrários da disputa e se desentenderam. Dezenas de pessoas começaram a se aglomerar no local onde ocorria a briga e policiais teriam agido com truculência.

Governador se manifestou Através das redes sociais, o governador Rui Costa lamentou o ocorrido e cobrou apuração rigorosa por parte da SSP-BA.

Em nota na noite de domingo, a pasta informou que a confusão começou durante passagem de alguns veículos que comemoravam o resultado da eleição presidencial, com vitória de Bolsonaro. Alguns objetos foram atirados nos carros de militantes do pesselista, e os PMs agiram para evitar brigas generalizadas. A nota dizia também que, no momento, os militares foram agredidos e “usaram força proporcional”.

Ainda de acordo com a SSP-BA, durante a condução de Janaína até a viatura, foi dado um disparo de arma de fogo para cima, com objetivo de dispersar o grupo que ameaçava liberar a mulher.