Usain Bolt: o homem, o mito, a lenda

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  • Ivan Dias Marques

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 04:25

- Atualizado há um ano

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Amanhã, o atletismo – e o esporte – ficará órfão. Não só do homem mais rápido da história, como de um atleta bem-humorado, dedicado e, acima de tudo, de conduta irrepreensível como esportista em sua carreira.

Com quase 31 anos, Usain Bolt vai parar cedo, se considerada a idade de alguém como Justin Gatlin,  quatro anos mais velho. No entanto, o jamaicano possui mais anos de prática em alto nível, já que seu ‘rival’ passou quatro anos suspenso por doping. Fora isso, Bolt teve, por diversas vezes, problemas com lesões. Muito por fugir um pouco do biotipo de atleta de velocidade – muito mais alto que seus rivais, o que, força mais, principalmente, na saída do bloco. É fácil notar, por exemplo, que a maioria dos corredores de 100 m são mais baixos e mais fortes que o jamaicano.

Mais o que chama a atenção mesmo nesses quase 13 anos de competições profissionais – sim, Bolt já disputava provas entre os ‘grandes’ com 17 anos – são as marcas nos 100 m rasos. A primeira vez que ele bateu o recorde mundial, com 9s72, era apenas sua quinta prova na distância. O Raio começou como atleta dos 200 m e a tendência era que disputasse também os 400 m, mas ele bateu o pé firme que queria correr os 100 m. Sabia o que estava dizendo. 

Quando falo de conduta irrepreensível como atleta, um dado chama MUITO a atenção. Bolt tem 9 das 33 melhores marcas do mundo nos 100 m rasos, incluindo as três melhores: 9s58, 9s63 e 9s69. Esta última, ao lado de Tyson Gay e Yohan Blake.

A grande questão é que as outras 24 marcas foram conquistadas por cinco atletas: além de Gatlin, Gay e Blake, Asafa Powell e Nesta Carter. TODOS estes, em algum momento de suas carreiras, foram pegos em exames antidoping e suspensos. Apenas Bolt segue limpo.

Pode ser que, em algum momento da história, amostras de competições em que ele atuou venham a ser novamente examinadas, com processos mais novos e capazes de achar substâncias que, na ocasião das provas, não poderiam ser detectadas.

Laboratórios credenciados pela Agência Mundial Antidoping (Wada) vêm fazendo isso com amostras dos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012, por exemplo, e, em alguns anos, farão do Rio-2016 também. Torço para que nada seja encontrado, ou melhor, que nada, efetivamente, de ilegal haja. Pelo bem de tudo que Bolt fez para o esporte.

Vaia

Gatlin engoliu seco todas as vezes que foi vaiado antes de provas dos 100 m rasos. Por mais que o doping seja condenável, o comportamento das torcidas em geral só tinha ele como foco. Blake, também já pego, não sofria a mesma perseguição.

Assim, as vaias eram, de certa forma, um reconhecimento do talento que Gatlin tem. Viam nele o atleta capaz de bater Bolt e estragar a expectativa de todos que viram o jamaicano coroado e imbatível. Estavam certos, ainda que o tempo da prova no Mundial de Londres, no último sábado, tenha sido acima da capacidade histórica do Raio. Em sua última prova dos 100 m rasos, Bolt provou que é humano.

Rosângela

Entre as mulheres, o desempenho de Rosângela Santos foi espetacular. Bateu suas melhores marcas, o recorde sul-americano e se tornou a primeira brasileira a romper a barreira dos 11s. A medalha não veio, mas as perspectivas são muito boas. E que ela sirva de inspiração para as novas  velocistas, que já prometem dar muitas alegrias ao Brasil.

Ivan Dias Marques é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras