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A Cidade do Futuro, novo filme de Cláudio Marques e Marília Hughes, mostra poliamor no sertão baiano e propõe manifesto contra intolerância
Doris Miranda
Publicado em 26 de abril de 2018 às 06:03
- Atualizado há um ano
Existe modelo de família certo? Uma pai e uma mãe. Duas mães. Dois pais. Na história contada no sensível A Cidade do Futuro, segundo longa-metragem do casal Cláudio Marques e Marília Hughes, o núcleo familiar se apresenta com dois pais e uma mãe gestando o filho de um deles. Sim, um caso real de poliamor. E na conservadora Serra do Ramalho, no sertão baiano, margem do Sobradinho.
A ideia inicial dos cineastas nem era necessariamente focar neste viés. Os namorados Gilmar e Igor e a amiga deles Milla, os atores (amadores) que protagonizam a trama, estariam no filme de qualquer jeito. Mas os fatos vividos pelo trio chegaram de açoite e a dupla não resistiu ao apelo. “Fomos até a Serra do Ramalho para conhecer a tal ‘cidade do futuro’ prometida pelos militares nos anos 70. Lá, desde o início, nos empolgamos pela inteligência, beleza e carisma por uma pequena comunidade de jovens que buscavam quebrar com os padrões preestabelecidos de uma sociedade machista e homofóbica. Estávamos criando uma história para eles.... Certo dia, Gilmar me liga e conta que Milla estava grávida. A partir daí, entendemos que a história de A Cidade do Futuro seria criada com base no que eles estavam vivendo”, conta Cláudio, que é diretor também, junto com Marília, do premiado Depois da Chuva (2013).
Pois bem, o que se vê neste A Cidade do Futuro traz uma situação difícil, claro, mas, de coração aberto, você enxerga camadas mais profundas do ‘triângulo amoroso’ - existe, em alguma formação triangular, possibilidade inicial de relacionamento tranquilo? Igor, Gilmar e Milla vão além dos estereótipos. O olhar vai direto para o casal gay, estabelecido já. Mas, o sofrimento opressivo de Milla está lá. Ela, afinal, terá sua vida efetivamente mudada. Vai ter um filho de um homem que não é ou não pode naquele momento ser só seu.
Marília Hughes conta que as mulheres reagiram menos do que os homofóbicos, conservadores e machistas, que preferiram postar horrores nas redes sociais em vez de abrir espaço para o diálogo construtivo: “Tivemos comentários pontuais, mas acredito que as mulheres se identificam muito com a luta de Milla, que quer ser dona da sua história, do seu corpo. As mulheres devem se manifestar mais quando o filme entrar em cartaz e o público tiver mais elementos com relação à história”.
COTAÇÃO - BOM
Horários de exibição:
UCI Orient Shopping da Bahia Sala 11: 11h20 (M), 13h10, 15h, 16h50, 21h, 22h50 (S) Saladearte Cinema do Museu Sala 1: 18h05 (exceto quinta) Saladearte Cine Paseo Sala 2: 14h15 Espaço Itaú Glauber Rocha Sala 4: 14h, 17h20, 19h (exceto quarta), 20h40