Veja dicas para evitar as ‘pegadinhas’ da prova de Exatas do Enem

Responder as mais fáceis primeiro e atenção na leitura de gráficos é crucial

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  • Gil Santos

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 05:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

Quando o fiscal começa a entregar os cadernos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) todo mundo fica nervoso - é normal, dizem os professores. A primeira etapa já foi. Agora, será a vez de testar o conhecimento de Matemática e de Ciências da Natureza dos candidatos, e os mestres garantem que até quem não gosta de Exatas pode se sair bem se adotar algumas estratégias. A prova será domingo (11), às 12h, com abertura dos portões às 11h.

No domingo passado (4), foram 90 questões de Ciências Humanas e Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, além de uma redação.

A primeira dica para quem vai encarar a segunda etapa de prova parece redundante: começar pelo começo. Ou seja, responder às perguntas na ordem em que elas aparecem no papel. Os professores consideram um erro preencher o conteúdo de forma aleatória, porque o vai e vem das páginas faz o candidato perder tempo e interrompe o raciocínio.

Porém, justamente por conta do relógio, o estudante não deve ficar preso em uma única questão. Se não sabe a resposta, deve passar, imediatamente, para a próxima. Assim, despois de solucionar as perguntas mais fáceis, ele volta para as mais difíceis e cumpre o prazo. Essas estratégias são importantes, dizem os mestres, porque, como disse o escritor russo Dostoievski, "para proceder com inteligência, a inteligência só não basta". Ricardinho, de Biologia, destaca os distratores das questões (Foto: Arquivo) Interpretação Uma das disciplinas mais temidas do Enem, a Física pode ser desmistificada. Basta fazer a interpretação correta das questões, seja dos textos ou dos gráficos. Segundo Alexnaldo Neves, professor do Colégio Antônio Vieira, a atenção é peça indispensável para conseguir identificar o que está sendo perguntado.“Alguns textos dispersam mais do que ajudam. Por isso, eles precisam, primeiro, identificar o que está sendo perguntado", alerta.O professor fala ainda sobre a importância da interpretação. "Saber interpretar gráficos é muito importante. Uma dica para fazer a leitura desses elementos é identificar quem é o eixo vertical e o horizontal para não invertê-los, além de verificar se estão na unidade de medida correta”, completa.

Neves conta que a Teoria de Resposta ao Item (TRI), método usado para corrigir as provas, avalia mais do que erros e acertos. As questões do Enem são divididas em fáceis, médias e difíceis, considerando o grau de complexidade, e o candidato recebe a nota de acordo com o desempenho em cada uma dessas categorias.

Caso tenha mais acertos nas questões médias e difíceis, por exemplo, o sistema pressupõe que os problemas fáceis, tidos como pré-requisitos para os demais, não foram resolvidos de maneira adequada, o que gera perda de pontos. “O sistema entende que o estudante pode ter chutado”, alerta o professor. Abstenção foi de 23,5% na Bahia (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Pegadinhas Cada questão do Enem tem cinco alternativas de resposta, com apenas uma correta. Isso não quer dizer, no entanto, que todas as demais opções tenham erro em seu conteúdo. Quem explica é o professor de biologia do Colégio Antônio Vieira, Ricardo Faria, o Ricardinho.“As questões do Enem sempre têm uma alternativa falsa que gera dúvida no estudante. É o que a gente chama de distrator. O estudante precisa ficar atento ao comando verbal ”, avisa.O professor diz também que as questões de Biologia, geralmente, tratam de ecologia e meio ambiente, e que poluição e genética são outros assuntos frequentes. Ele acredita que a interpretação é peça fundamental para responder as questões.

“Existem distratores que são conceitos corretos da biologia, mas não é a alternativa que responde ao que está sendo perguntado. Um erro comum é confundir o comando verbal. Por exemplo: o comando pede para identificar como fazer a prevenção de uma doença e o candidato marca a opção que fala do soro usado nesses casos, que pode até estar correto, mas soro é tratamento. A prevenção é a alternativa que fala da vacina”, exemplifica. Vitor aposta em aulas complementares (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Revisão Estudante do 3º ano do ensino médio do Colégio Teixeira de Freitas, em Nazaré, Vitor Marinho, 18 anos, admite que tem dificuldade com Matemática e Ciências da Natureza e, por isso, teve aulas de reforço durante o ano. Elas eram voltadas para o Enem e aconteciam duas vezes por semana.

“Foram 3h de aulas extracurricular na escola e mais uns 30 minutos em casa, em alguns dias da semana. Eu sempre fazia uma revisão à noite ou nos finais de semana”, relata.

Revisão, inclusive, é palavra-chave para conseguir um bom desempenho na prova. Apesar disso, ela não deve ser feita na véspera do Enem. Pelo menos é o que explica o professor de Química da Fundação Bahiana de Engenharia e do Curso Isolada de Química, Victor Benevides.“Não aconselho ninguém a estudar mais nada. Essa é para ser a semana da revisão", opina.Para ele, os alunos devem aproveitar esses últimos dias para relaxar. "Os estudantes precisam manter a calma e a tranquilidade, seja com meditação ou algum outro método para se libertar da pressão psicológica, além de definir uma estratégia para a prova. Eles precisam pensar em como irão resolver as questões”, continua.

O professor também frisa a necessidade de aumentar a atenção com os comandos de cada questão, interpretar corretamente as perguntas e fazer as leituras dos elementos que compõe o problema.  

“Gráficos e tabelas são competências do Enem. Eles serão cobrados em algumas questões. É crucial que o estudante saiba ler esses elementos e, se ainda tem dificuldade, deve usar essa semana para fazer exercícios nesse sentido”, diz Benevides. Amanda tem grande dificuldade com matemática (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Pavor a números A estudante Amanda Souza, 17, não gosta de matemática. Mas dificuldade com números não é exclusividade dela. As piores notas dos baianos no Enem são da ciência dos números e do raciocínio lógico. Em 2017, a nota média da disciplina foi 479,5, pior do que a média nacional, que já não é boa: 502,7.

O cálculo foi feito a partir dos resultados de desempenho solicitados pelo CORREIO ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O valor é a mediana das notas dos 332 mil candidatos da Bahia que fizeram o Enem no ano passado. Para evitar distorções, foram desconsideradas as notas mínimas e máximas e calculado o valor médio em cima do universo da maioria dos candidatos.

Goste ou não do assunto, Amanda se dedicou e teve apoio na escola para tirar dúvidas. “Caso surja alguma dúvida posso tirar direto com os professores, tendo um tempo a mais com eles. Em casa, aproveito para descansar. Esse ano tivemos um curso de matemática financeira na escola, o que me deixou um pouco mais segura”, contou.

A jovem, que pretende cursar gastronomia, acredita que matemática financeira e estatística serão os assuntos mais cobrados. As apostas, segundo o professor da disciplina, Toni Santana, que ensina nos Colégios Antônio Vieira e São Paulo, estão corretas. Ele acrescenta ainda que porcentagem, escalas, geometria e trigonometria são os assuntos mais recorrentes na prova e dá uma dica valiosa: fazer leitura dinâmica dos textos para não perder tempo.

“Por isso, saber fazer a leitura de tabelas e gráficos é tão importante. Geometria e porcentagem são muito frequentes nas provas porque são conceitos muito usados na prática e que podem ser ilustrados em situações do cotidiano. O estudante precisa identificar no texto as informações realmente importantes e descartar as outras”, afirma.

Ele pontua que, quem ainda tem dificuldade para memorizar as fórmulas, pode recorrer às músicas e paródias feitas por professores e que estão disponíveis na internet. Há 10 anos, ele e outro colega laçaram um CD com obras autorais. As músicas estão disponíveis no Spotify e no iTunes, no álbum Chequimat, e tratam de temas como algoritmo, trigonometria, função de 2º grau e sequências. Segunda etapa do Enem será mais longa Este ano, os candidatos do Enem terão 30 minutos a mais para responder a segunda prova do exame. Até o ano passado, o tempo era de 4h30. Desta vez, serão 5h para responder as 90 questões de Matemática e Ciências da Natureza, que incluem Química, Física e Biologia. O primeiro dia de exame durou 5h30, por conta da redação.

Os professores aconselham que o tempo extra seja usado para revisar as respostas e marcar o gabarito. Para Ricardo Faria, a mudança vai permitir que os estudantes façam uma revisão antes de entregar a prova. “Essa meia-hora a mais deve ser usada para revisar as respostas e marcar o gabarito oficial. O tempo é precioso. Por isso, os estudantes precisam reservar esses últimos 30 minutos para fazer essa revisão”, avalia.

Na Bahia, 398 mil estudantes se inscreveram para participar do Enem, mas 93 mil deles não compareceram no primeiro dia de prova. A abstenção foi de 23,5%, menor que os 32,40% registrados no ano passado. Victor Benevides, acredita que os 30 minutos a mais, somados às respostas rápidas que os estudantes podem dar em algumas questões, vai tornar a prova menos corrida.

“Em média, os candidatos têm 3 minutos para responder cada questão, isso sem contar os 30 minutos finais para marcar o gabarito. Caso ele consiga responder algumas perguntas em um período menor isso, vai dar mais tempo para solucionar as mais difíceis”, raciocina.

A professora de Biologia do Escola Sesi e youtuber, Jemile Bahiana, crê que, se os estudantes derem a devida atenção aos textos de apoio, podem se sair bem. “A prova do Enem não é difícil, mas é preciso ter atenção. Siga a ordem da prova na hora de responder as questões. Se encontrou uma difícil, pule para a próxima e volte para ela depois”.

Assuntos mais frequentes na prova de Matemática e Ciências da Natureza

Matemática Matemática financeira, principalmente, porcentagem Trigonometria e geometria plana e espacial Função de 1º e 2º grau Logaritmo Escala

Biologia Ecologia, principalmente, relações ecológicas e cadeia alimentar Humanidade e meio ambiente Fisiologia humana, principalmente, sistema imunológico, vacina e soro Genética Biotecnologia, sobretudo a área de transgênicos e células tronco

Química Ligação intermolecular Química orgânica Estequiometria Termoquímica Eletroquímica

Física Fenômenos ondulatórios Estudo dos movimentos, cinemática e movimento retilíneo Leis de Newton aplicação Calorimetria e termodinâmica Eletricidade básica e circuitos elétricos

Estude no CORREIO os assuntos mais frequentes no Enem No site www.correio24horas.com.br/enem, já estão disponíveis todos os fascículos da 12ª edição do projeto Revisão Enem, com questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e Suas Tecnologias, Ciências Humanas e Suas Tecnologias e Linguagem e Suas Tecnologias.

Os simulados são elaborados por professores da SAS Plataforma de Educação, que desenvolve conteúdo, tecnologia e serviços para mais de 700 escolas e 230 mil alunos em todo o país. Essa é a oportunidade dos candidatos testarem os conhecimentos.

Basta acessar o endereço www.correio24horas.com.br/enem e fazer um cadastro gratuito. O estudante terá acesso a todo o conteúdo sem precisar pagar nada por isso. O acesso também é possível através do link disponibilizado na parte superior da home do jornal (correio24horas.com.br).

A novidade deste ano é que o resultado é imediato. Caso a resposta esteja errada, o sistema também informa qual é a alternativa correta e o porquê. A pontuação final também é calculada automaticamente.