Vem ouvir Contradução, mais novo disco de Tuzé

Este é o primeiro lançamento do artista em 18 anos

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  • Kalven Figueiredo

Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 10:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: divulgação

O cantor, compositor, instrumentista, Alberto José Simões de Abreu, mais conhecido como Tuzé de Abreu, 70,  acaba de lançar seu primeiro disco após um hiato de 18 anos. Intitulado Contradução, o material conta com As 15 faixas escritas e entoadas por Tuzé ainda são acompanhadas pelo toque da flauta do músico, que já atuou como flautista da Orquestra Sinfônica da Ufba (Ufba). Toda direção musical, arranjos e violões ficam por conta de Gil Camará, quem tuzé afirma ter sido fundamental para a existencia deste disco. "Sem ele eu não faria esse disco. É quase que é uma parceria porque ele entrou na minha casa com essa ideia de gravar um disco e nós fomos fazendo", disse, em entrevista ao CORREIO. 

Com um texto de apresentação escrito por Caetano Veloso, o músico define Tuzé como "Experimental e místico, moderno e pessoal. Ele era um tesouro guardado", afirma. Confira o texto na íntegra:

 "Tuzé é um fruto fascinante da vanguarda baiana iniciada no final dos anos 1950 e que entrou pelos 1960. Tudo nele resume os concertos na Reitoria, de que ele chegou a ser espectador antes de tornar-se músico da sinfônica. Tudo ressoa à passagem de Kollreuter e Lina por Salvador. Minha geração conviveu com essas presenças, assim como com a de Martim Gonçalves, Ianka Rudzka e João Augusto Azevedo. A geração de Tuzé pegou a Bahia de onde Lina tinha sido afastada pelo golpe militar de 1964. Conheci Tuzé quando, depois dos shows inaugurais do Vila Velha ao lado de Gil, Bethânia, Gal, Alcivando Luz, Perna Fróes, Tom Zé, Fernando Lona e Djalma Correia, fiz minha primeira apresentação solo. Perna trouxe os amigos Perinho e Moacyr Albuquerque, além de Tuty Moreno e Tuzé. Músicos com quem, ao longo das décadas, colaborei.  De todos, Tuzé exibia a mais marcante face de autor. 

Neste disco tardio, toda a beleza rascante de sua voz e de suas composições aparece de modo brilhante e instigador. Experimental e místico, moderno e pessoal, Tuzé é um caso único no impressionante mundo musical da Bahia. Ele era um tesouro guardado. Agora acho que chegou o momento de o Brasil conhecer a natureza e a dimensão de sua obra”, escreveu Caetano Veloso. 

Contradução é o sucessor do auto intitulado Tuzé de Abreu (2001). O músico revela que a demora para este lançamento se deve a uma série de fatores: "Inicialmente eu fiz mestrado, depois me dediquei à orquestra sinfônica. Então viajei muito e eu não me coloquei esse objetivo de gravar um disco", revela. Ultimamente o que atrasou a obra memso foram todos os problemas de saúde que enfrentou, inclusive a depressão. 

Ainda que não tenha os lançado, Tuzé lembra que produziu dois discos completos neste período de 18 anos, mas preferiu deixar na gaveta porque aos seus ouvidos não pareciam ter unidade. "Eu tenho um inclusive que tem até nome, que é Segundo Movimento. O outro eu nem cheguei a nomear. Ele têm muita coisa realmente boa, no entanto precisam de ajustes", avalia. Mas se depender dele, esses trabalhos ganham o mundo logo, logo. Principalmente porque, segundo ele, o estúdio em que tem gravado melhorou bastante durante o processo de concepção do Contradução. O que poderia significar que seus lançamentos sejam mais frequentes a partir daqui. 

"Eu tenho treinando mais. No processo de feitura desse disco eu peguei muitos caderno e gravações que tinha em casa. Eu vi aquilo e fiquei com vontade de produzir mais. E como o estúdio melhorou muito, temos a possibilidade de fazer coisas mais ousadas e elaboradas", afirma.

Em meio a tanta músicas queridas ele diz que não saberia escolher entre Totem e Gaiola Invisível. Mas a coisa muda quando ele avalia apenas as melodia se acordes da canção. "Musicalmente falando, minha favorita é Imensidão. Porque eu acho muito ousada do ponto de vista da melodia", conta.

Ele reserva ainda um carinho especial por Suíte Casazul, uma música experimental construída a partir de outras cinco que ele tinha escrito. Ele considera que esta seja o ápice da parceria firmada com Gil Camará, quem dirigiu o projeto. "Ela tem esse nome porque é exatamente como uma suíte: construída de vária partes e Casazul é o nome do estúdio em que gravamos", revela. 

Começado em junho do ano passado, Contradução ganha o mundo nesta quinta-feira (24) em seu lançamento oficial na Tropos Co., no Rio Vermelho, com entrada gratuita. Embora o show só comece às 20h, o aquecimento já pode ser feito no Spotify: