Venda de itens do almoço de Páscoa aquece mesmo na quarentena

Aposta está no serviço delivery; Preços devem ficar na mesma média do ano passado

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  • Priscila Natividade

Publicado em 2 de abril de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO

Como muita gente vai deixar de viajar por conta do estado de quarentena provocado pela pandemia, os feirantes estão otimistas com a venda dos principais produtos que não podem faltar na Semana Santa, entre eles o camarão e o dendê. Segundo o presidente do Sindicato dos Feirantes e Ambulantes da Cidade de Salvador, Nilton Ávila, por incrível que pareça, a expectativa é boa. 

“A nossa preocupação é mais de aglomeração. Sabemos que muita gente vai ficar em casa no feriado e isso vai garantir uma quaresma positiva pra gente. Só pedimos para as pessoas não deixarem a compra para última hora. Quem puder ir comprando e levando, melhor”, afirma.

A Feira de São Joaquim está funcionando normalmente. Quanto aos preços, Ávila afirma que tudo vai depender da demanda, porém nenhum feirante quer perder mercadoria nem cliente, nesta que é uma das melhores datas para o segmento. 

“Se tiver pouca demanda, a tendência é o preço dos principais produtos caírem, mas se a demanda for grande, deve subir um pouco. Porém, eu acho que vai ficar na média do ano passado. Eu não vejo possibilidade de aumento muito grande nesta quaresma por conta de toda a situação do coronavírus”, completa. 

Tudo em casa E o empreendedor está mesmo disposto a garantir a freguesia. Uma aposta de quem trabalha com a venda de pescados para vender sem tirar o consumidor de casa é o delivery, como pontua o sócio proprietário da Seu Pescador, Daniel Pereira. A estimativa é incrementar as vendas em 50%. “A solução está mesmo no delivery. A venda tem sido muito maior”, diz.

Para chegar lá, ele promete  baixar os preços. O filé do camarão médio padrão que sai por R$ 85, vai cair para R$ 75 já a partir desta quinta (2). “Não vai ter aumento. Na verdade, estamos baixando o preço do camarão, justamente, para garantir este aquecimento e cumprir o estimado”, afirma.  

O proprietário do Pistolão Mariscos e Pescados, Hilton Recarey, é mais um que conta com as bênçãos da Semana Santa para aumentar as vendas. Ele aumentou o estoque em 70% por conta da Páscoa. 

“A quarentena já havia aumentado muito a nossa demanda com o delivery, que fazíamos antes mesmo do coronavírus, mas na Páscoa isso tem crescido mais ainda. Já temos clientes fazendo reserva e um plano para reforçar a equipe de entregas”. 

Entre os itens mais procurados estão o camarão e peixes como salmão e bacalhau. “A demanda mais que dobrou e passa de 60%. Com certeza, o movimento vai ser o melhor possível”. 

Almoço completo

Quem preferir não ter muito trabalho conta ainda com os serviços de delivery do almoço de Páscoa inteiro. A proprietária da Doutora Caruru, Denise Pithon confessa que bateu até um medo de não conseguir clientes, mas se surpreendeu: a semana nem terminou ainda e atendeu mais de 200 pedidos. 

“Em um primeiro momento quando eu vi esse pânico do coronavírus eu achei que ia me quebrar. Eu me animei quando eu me dei conta que os restaurantes estariam fechados e agora não sei se consigo mais atender tantos pedidos. A Semana Santa é sempre a nossa melhor data”, revela. 

Muita gente tem antecipado as encomendas. Uma moqueca de camarão para três pessoas sai por R$ 70. A galinha de xinxim, R$ 37. Os acompanhamentos que também servem três pessoas como o vatapá, caruru e o feijão fradinho custam R$ 35 (cada). “Tem muita gente se antecipando com as encomendas esse ano. Fiz um freezer e já fiz outro por conta do volume da demanda”. 

Fernanda Muller também trabalha com comida baiana e tem 15 pedidos confirmados uma semana antes da Páscoa. A meta é dobrar, como ela mesma afirma: "O coronavírus pegou todo mundo de surpresa e deixou todo mundo perdido. A demanda está tão boa que o motoboy não dá conta sozinho e eu estou saindo para fazer as entregas”. 

Os kits da Delícias da Nanda variam de R$ 60 (1/2 kg de bobó de camarão) a R$ 260 (almoço para 10 pessoas). “As pessoas realmente vão ficar em casa. Muita gente tem feito propaganda boca a boca e isso ajuda muito”, acrescenta.