Ver Salvador e depois viver

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  • Armando Avena

Publicado em 29 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Salvador está fazendo aniversário. É uma velha senhora que, cada dia mais bela, mostra que  encanto e  sedução não é privilégio das ninfetas.  E tão linda está que a mídia do mundo inteiro lhe dá destaque, homenageando a joia do Atlântico Sul encravada nas falenas da Baía de Todos-os-Santos. O incauto forasteiro que aqui aportar vai ter de recorrer a todos eles, se não quiser  ser  seduzido pelo canto dessa sereia ecumênica e não adianta pôr vendas nos olhos ou tapar os  ouvidos,  aquele que experimentar o encanto mitológico dessa feiticeira do Atlântico, aquele que provar sua cultura e sua alegria,  jamais será o mesmo.  

Hoje, 29 de março, Salvador está fazendo 470 anos, e  faz tempo atrai pessoas de todas as  partes do mundo, ávidas por conhecer uma cidade única, onde tudo termina em festa.  Aqui, a louvação cristã, o culto ao orixá, a comemoração no futebol, o pôr do sol esplendoroso, tudo resulta em festa e em música. E a Cidade da Bahia aprendeu a transformar a  festa em riqueza, criando uma economia complexa que gira em torno da cultura, do lúdico e do prazer. E o turismo e a festa dão-se as mãos e criam uma corrente que envolve o comércio, os serviços, os artistas, a cultura, o patrimônio e muito mais para assim gerar emprego e renda. E isso ocorre porque a cidade está bem cuidada, os serviços básicos funcionam, a orla foi recuperada, as praças foram reformadas, as obras de mobilidade urbana se ampliam e a organização impera.  

Mas nem sempre foi assim. Durante muito tempo a velha cidade esteve abandonada, o lixo do descaso tomou conta das suas ruas, a escuridão escondeu sua beleza e a população pobre  viu sua qualidade de vida esvair-se pelos esgotos que desembocavam em suas praias.  Hoje, felizmente, a situação mudou e, embora sua população continue lutando em busca de emprego e de melhores condições de vida, pode fazê-lo sem lamentar as rugas e as olheiras que outrora cobriam as faces da Cidade da Bahia.  Felizmente, nos últimos sete anos, a velha senhora passou por uma plástica completa, seu rosto recuperou o viço e o corpo voltou a ser sinuoso e belo.

É verdade que uma tristeza intrínseca domina o cérebro dessa jovem anciã,  tristeza  de quem  sabe que a beleza externa as vezes esconde as vísceras da pobreza e da miséria que convivem em seu corpo, quatro vezes centenário. E por isso torna-se indispensável combater o desemprego e a criminalidade e urge melhorar a qualidade de vida para assim unir beleza e equidade. Mas isso só acontecerá se a cidade da Bahia continuar  limpa, iluminada, bela e sedutora, pois uma cidade especializada em serviços, em turismo, cultura e lazer precisa da beleza e da festa para gerar emprego e renda.

Um dia, uma sereia de nome Partênope fundou, no Mar Tirreno, na Itália, uma das cidades mais belas do mundo e Gothe, encantado com aquela enseada que parecia  findar-se num vulcão, decretou que bastava “ver Nápoles e depois morrer”. Mas o  poeta não sabia que nas bordas do Atlântico existia outra cidade mítica, protegida por outra sereia de nome Iemanjá e construída sobre um triângulo que avança para as águas e que, por isso, é um dos cinco lugares continentais do mundo em que o sol nasce e se põe no mar.

Se tivesse conhecido essa cidade mágica onde o profano uniu-se ao sagrado, a festa enroscou-se no trabalho e o negro misturou-se ao branco e ao índio para criar uma cultura singular e única, o vate refaria o dístico e diria, extasiado: Ver Salvador e depois viver.

JÁ VIMOS ESSE FILME Quando assumiu o poder, em 15 de março de 1999, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás, adotou em relação ao Congresso Nacional uma postura bonapartista. Avesso as articulações políticas, não recebia deputados e mostrava certo desprezo pelo Parlamento. Deu no que deu e,  após o fracasso do seu plano de governo e o surgimento das denúncias de corrupção,  quando buscou apoio no Congresso já não dava mais. A ex-presidente Dilma Rousseff não gostava de fazer política, adiava as decisões que envolviam conflitos políticos, se negava a receber parlamentares, conversar com lideranças ou pedir ajuda para aprovar matérias no Congresso. Deu no que deu. Quando seu plano de governo jogou o país na maior recessão da sua história recente e ela buscou apoio no Congresso, já não dava mais. Bolsonaro segue caminho parecido. O presidente acusa a todo momento os políticos de fazerem  a velha política do toma lá da cá,  não recebe parlamentares, não negocia os projetos enviados à Câmara e acha que pode governar mandando recados pelo twitter. Além disso, briga com a imprensa todos os dias e conseguiu a proeza de ser criticado pelo Estado de São Paulo, porta- voz da direita esclarecida, e pela Folha de S. Paulo, porta-voz da esquerda esclarecida. Se continuar nessa toada, basta a reforma da previdência não ser aprovada e/ou a economia não responder as expectativas geradas para o filme começar de novo.

OS PREFEITURÁVEIS O sonho de consumo dos políticos que não são ligados ao prefeito ACM Neto e estão de olho na Prefeitura de Salvador é ter o apoio do governador Rui Costa. Mas, ao que parece, para obter esse apoio, o postulante deverá obrigatoriamente se filiar ao PT.  Não vamos esquecer que nas eleições de 2020 não haverá coligação para o pleito proporcional e o partido que não tiver candidato vai minguar. Além disso, o PT precisa se fortalecer nas eleições municipais e a direção nacional dificilmente aceitaria perder o protagonismo  no principal estado em que detém o governo estadual. Após a filiação, o postulante terá outro desafio: convencer os quadros do PT a ceder o posto a um novato, recém-chegado ao partido. E se ele for uma liderança oriunda do grupo do prefeito ACM Neto, aí a porca vai torcer o rabo. Vale lembrar que os deputados federais Nelson Pelegrino, Jorge Solla, Valmir Assunção e o deputado estadual Robinson Almeida, petistas históricos, já postulam abertamente a intenção de competir pelo Palácio Thomé de Souza no próximo ano.

A RETOMADA DA CONSTRUÇÃO CIVIL A Bahia criou 7,7 mil novos empregos com carteira assinada no primeiro bimestre de 2019 e 50% desse total foi gerado na construção civil, refletindo a retomada das atividades no setor. Em Salvador e Região Metropolitana, o segmento criou quase 2 mil novos postos de trabalho com carteira assinada, mais que o dobro do número verificado no mesmo período do ano passado. Na verdade, desde o ultimo trimestre de 2018 já se verifica um aumento expressivo de novos lançamentos no mercado imobiliário da Bahia e mais especificamente em Salvador.  Alguns desses lançamentos estão se constituindo em sucessos de vendas, a exemplo do Monvert lançado pela Odebrecht Realizações, cujas 140 unidades foram integralmente vendidas ainda na planta.