Viagens intermunicipais despencam no São João deste ano

Sistema rodoviário está fechado e não receberá passageiros; já o ferry opera em horários específicos e com restrição

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  • Vinicius Harfush

Publicado em 23 de junho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

No fim de maio, a prefeitura anunciou a antecipação do feriado de São João, o que significa que a data mais festejada na Bahia vai ‘passar em branco’ amanhã, já que será um dia útil em meio à pandemia. Mas há quem ainda não esteja conformado com o cancelamento da festa, ou busque alternativas para comemorar a data oficial do São João. 

E quem for fazer isso fora de Salvador, precisa se atentar ao funcionamento dos transportes intermunicipais - mas sempre lembrando de avaliar a real necessidade de deixar a capital em meio à pandemia do novo coronavírus. De início vale informar que a rodoviária está fechada, o que significa que nenhum passageiro em Salvador poderá se deslocar para o litoral norte ou interior, e nenhum visitante dessas localidades poderá chegar em território soteropolitano. 

Para se ter uma ideia da queda de movimento de passageiros no período junino no sistema rodoviário, nos últimos dois anos foram registrados mais de 320 mil embarques durante a semana do São João, sendo 182.186 só em 2019. As informações são da Agerba (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia), que também reforçou que o trânsito de passageiros só pode acontecer entre cidades que não apresentem casos ativos do vírus por pelo menos 14 dias. 

E isso não acontece em 359 dos 417 municípios da Bahia, segundo o boletim desta segunda-feira (22) da Secretaria de Saúde do Estado, a Sesab. A Agência ainda informa que as rotas do transporte rodoviário não podem passar que cidades contaminadas, para nenhum passageiro burlar o decreto emitido pelo governo federal.

Restrição também na Baía 

Vizinha da capital, a Ilha de Itaparica também era o destino de muitas famílias no período junino. Como acontecia com a família da advogada Luciana Lopes, 31 anos, que neste ano optou ir de carro para a linha verde e passar o São João na praia de Guarajuba. “Não é a mesma coisa, mas é melhor que ficar preso no apartamento, em Salvador”, avaliou.  

O motivo da desistência de atravessar a Baía de Todos os Santos está na nova rotina que o ferry-boat adotou durante a pandemia. Desde março, as viagens só saem de duas em duas horas, começando às seis da manhã e indo até oito da noite, e com apenas 50% da capacidade das embarcações.“Estou triste, porque esse ano foi tudo por água abaixo. Pensamos em ir todos pra lá, já que estamos todos em quarentena, mas desistimos. É muita fila, muita confusão, ainda teve o decreto impedindo que quem não é morador vá. Muita dor de cabeça”, comentou Luciana.A Internacional Travessias, empresa que administra o ferry, informa que, além da obrigatoriedade do uso de máscaras e as medidas de segurança e higiene adotadas nos terminais e dentro das embarcações, o uso do transporte deve ser focado para quem necessita. 

Ou seja, apesar de não impedir a entrada de passageiros, reforça que os barcos devem atender, principalmente, aqueles que estão com emergências médicas ou quem ainda se desloca à trabalho. E esse é o caso do autônomo Washington Pessoa, 48. Ele trabalha com carreto e já precisou atravessar de ferry algumas vezes durante a pandemia de covid-19, como aconteceu na manhã desta segunda (22). 

“Cheguei no terminal por volta das 9h30 e a fila já estava lá depois do retorno. Sabia que esperaria algumas horas, mas achei que entraria na viagem de meio-dia ou 14h. No fim das contas só embarquei 16h”, revelou Washington, que, mesmo na fila, permaneceu de máscara - uma obrigatoriedade que a Internacional Travessias determinou. No retorno, saiu às 20h do terminal da Ilha de Itaparica, e considerou o movimento “tranquilo”. 

A Agerba também informou que houve queda no sistema aquaviário. No ano passado foram quase 20 mil veículos atravessando nos barcos e mais de 150 mil pessoas durante a Operação São João. Neste ano, os números estão bem abaixo dos 50% de movimento comumente registrado nesta época. 

Apesar da queda, Washington revelou que todas as vezes que precisou usar o transporte houve essa demora, devido à redução de horários. “Não acredito que seja só o São João, durante toda a pandemia está com esse fluxo mais alto”, completou. Já a Internacional Travessias, relatou que na última sexta e sábado, os terminais estavam mais cheios que as semanas anteriores, mas não revelaram os números. 

A lanchinha de Mar Grande também está sob novas limitações. São oito horários de viagem que funcionam das cinco da manhã às 18h (saindo da Ilha) e das seis e meia até as 19h30 saindo do terminal de São Joaquim, em Salvador. A capacidade está reduzida em 50%, o que significa que os barcos comportam, agora, de 60 a 150 pessoas por viagem. Assim como o ferry, estão sendo adotadas medidas de segurança e obrigatoriedade para as máscaras.

Horários e regras do ferry: de segunda a sexta apenas, com viagens de duas em duas horas - 6h, 8h, 10h, 12h, 14h, 16h, 18h e 20h - Obrigatoriedade do uso de máscara por todos os passageiros - Autorização do embarque de 50% da capacidade das embarcações, para evitar a aglomeração durante a travessias

Horários e regras da lanchinha de Mar Grande: de segunda a sexta, com intervalo de 1h30 entre as viagens - Saindo de Mar Grande: 5h, 6h30, 8h, 11h30, 13h, 15h, 16h30 e 18h - Saindo de Salvador: 6h30, 8h, 9h30, 11h, 12h30,13h30, 15h, 16h30, 18h, 19h30 - Limite de passageiros a 50% da capacidade. Embarcações levarão entre 60 e 150 passageiros  - Uso obrigatório de máscaras