Victor Uchôa: domingo, na AGE, também é dia de ser Vitória

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Publicado em 1 de abril de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

Como se sabe, o Vitória joga hoje contra o River-PI no Barradão. Trata-se de um compromisso bem sério, valendo vaga na semifinal da Copa do Nordeste. Felizmente, o rubro-negro ganhou fora de casa na primeira partida, entrando em campo agora com vantagem.

É claro que, na bola, o inesperado sempre pode brotar, mas, a bem da verdade, basta uma atuação sem cochilos para que o Vitória se classifique. O River, com todo respeito, é até bastante esforçado, mas o abismo técnico é notório.

Então, após a partida deste sábado, a torcida poderá voltar sua atenção para outro compromisso importante neste final de semana. Amanhã, no mesmo Barradão, a partir das 8h, será realizada a Assembleia Geral Extraordinária em que os sócios votarão pela mudança estatutária do Esporte Clube Vitória.

Todos os associados com pelo menos 18 meses de vínculo têm direito a voto e é essencial que participem, dando aval ou não a regras que determinarão os caminhos que esta centenária agremiação percorrerá nos próximos anos.

Na minuta do novo estatuto, os principais pontos são a implantação de eleições diretas para a presidência do clube e a composição proporcional do Conselho Deliberativo, abrindo e democratizando o debate de ideias relacionadas ao Vitória.

Há também de se notar que as regras propostas possibilitam que, escolhidos também por voto direto dos sócios, os responsáveis pela fiscalização das contas do clube não sejam da mesma “coligação” dos responsáveis por gastar o dinheiro.

Vale enfatizar que o estatuto não é direcionado para esta ou aquela gestão, e sim para todas que vierem pela frente, até que, por algum motivo, as normas tenham que ser revistas ou adequadas.

Por muitos anos, a gestão do Vitória foi objeto de revezamento entre amigos. As mesmas relações se refletiam no Conselho Deliberativo, que acostumou-se a dizer amém.

No ano passado, entretanto, durante a gestão do presidente Raimundo Viana, o conselho rachou. Havia discordâncias quanto a ações administrativas, o que é perfeitamente justificável, mas havia, além disso, o desejo de muitos conselheiros de não mexer no status quo do Vitória.

Tanto fizeram na disputa interna pelo poder que, nas eleições de dezembro, a chapa eleita para o conselho foi justamente aquela formada majoritariamente por torcedores que nunca haviam sido conselheiros.

O processo de democratização do Vitória não surgiu do nada. Há anos, grupos articulados de torcedores vêm propondo mudanças estatutárias. Em alguns momentos, até receberam acenos positivos do dirigente da vez, mas depois caíam na real: as propostas jamais foram seriamente consideradas, simplesmente porque o poder seduz e parece ter visgo.

Na democracia, não existe relação de causa e efeito. Não é porque um dirigente é eleito diretamente pelos sócios que ele será melhor ou pior gestor do que aquele escolhido entre os mandatários de sempre. A democracia, entretanto, abre a chance de avaliação e escolha. Foi bem, o torcedor dá crédito. Foi mal, o torcedor manda pra escanteio. Simples assim.

O maior impacto da democracia é dar voz à torcida, ente mais importante dentre tudo que cerca uma entidade esportiva. Dirigentes passam, jogadores idem e um patrimônio imóvel pode até ser vendido, mas nada é capaz de fissurar o elo de um torcedor apaixonado com seu escudo de reverência.

A partir do momento em que o torcedor ganha voz dentro do clube, este elo fica ainda mais firme, pois a sensação de pertencimento deixa de ser simplesmente simbólica. Repare que um torcedor de verdade não diz “eu torço para o Bahia” ou “torço para o Vitória”. Ele diz “eu sou Bahia” ou “sou Vitória”.

Na democracia, o estado de ser - e ter orgulho de sê-lo - ganha ainda mais sentido.

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados