Victor Uchôa: O que extrapola a quadra

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2017 às 04:36

- Atualizado há um ano

Para além do mérito dentro da quadra, a campanha do Universo/Vitória, que já no seu segundo ano disputa a semifinal do Novo Basquete Brasil (NBB), mostra como a disponibilidade de um equipamento esportivo adequado é capaz de movimentar a sociedade e a economia.Pra começar, é óbvio que a Universo não teria trazido para Salvador seu time de basquete se a cidade não tivesse mínimas condições de sediar jogos da principal competição do país. A simples existência do Ginásio de Cajazeiras é a premissa básica para que ocorresse tudo que agora estamos acompanhando.  Terça-feira passada, na primeira partida da semifinal, havia cerca de dois mil torcedores e torcedoras dentro do ginásio e sabe-se lá quantas pessoas do lado de fora, por pura falta de lugar na arquibancada.Todas essas pessoas consomem no bairro, ainda que seja com o ambulante na porta. Mais ainda: as partidas do NBB levam às Cajazeiras gente que, apesar de ter nascido em Salvador, nunca havia estado nesse que é um dos bairros mais populosos do Brasil.   É claro que a fase decisiva e o escudo do Vitória influenciam na procura, mas muita gente comparece simplesmente porque quer ver uma partida de bom nível. Conheço torcedor do Bahia que, por gostar de basquete, já esteve algumas vezes em Cajazeiras.Nunca faltaram amantes e praticantes de basquete na Bahia (como não faltam de vôlei, handebol, atletismo, tênis e por aí vai). O que faltam são espaços de qualidade para a prática esportiva das mais diversas modalidades. Faltam equipamentos para competições nacionais e internacionais. Falta o fomento sistemático ao esporte de base. Faltam, em resumo, uma política e uma estratégia que efetivamente cheguem onde é preciso chegar.É sempre válido lembrar que o Ginásio de Cajazeiras foi inaugurado no final de 2014, sendo que a obra começou em 2010 e a previsão inicial era que durasse menos de um ano. Durou o triplo, sem falar que chegou a parar no caminho e serviu até de moradia para pessoas em situação de rua.Superado este obstáculo, fica evidente que, com equipamentos em uso, o esporte naturalmente ganha impulso e as equipes se formam, com embrião daqui mesmo ou com uma marca vinda de fora, caso do Universo/Vitória.Fica evidente também que o Ginásio de Cajazeiras é muito importante, mas é pouco para uma cidade do tamanho de Salvador. Na hipótese (ainda possível) de o Universo/Vitória faturar o título do NBB, teremos o seguinte quadro: a cidade do time campeão brasileiro dificilmente verá um jogo da seleção brasileira de basquete, pois seu único ginásio só comporta duas mil e poucas pessoas. O mesmo vale para as seleções de vôlei, que atraem grande público pelo Brasil todo, até mesmo em cidades do interior com ginásios maiores que o nosso.  É tão óbvio que investir no esporte é fazer um investimento social que chega a ser simplório ficar repetindo isso. Entretanto, todos nós sabemos: na política brasileira acontece de tudo, mas quando o óbvio é o melhor para a população, fica bem difícil que saia do papel.