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Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2017 às 05:00
- Atualizado há um ano
A atual gestão do Vitória ainda não completou seis meses, mas já bateu um recorde de crises. Na média, dá quase uma por mês, todas ligadas ao departamento de futebol. É claro que tal estatística não existe oficialmente e eu acabo de puxar os episódios problemáticos pela memória, lembrando desde a primeira pressão da torcida para Argel sair até o caso desta semana, em que o ex-presidente Jorge Sampaio foi posto pra fora após ser queimado externamente por membros do próprio Vitória. Mas, se a média de crises não é oficial, de uma verdade não há quem possa fugir: o Vitória, hoje, é uma bagunça. Alguém pode dizer que o rubro-negro está se remodelando, com mudanças em todos os setores. Há, realmente, avanços institucionais e administrativos relevantes. No entanto, no setor essencial, ninguém se entende.O departamento de futebol rubro-negro sofre nitidamente de uma cisão entre o discurso e as ações. Quando os dirigentes que aí estão assumiram, falou-se muito em profissionalização e planejamento, o que até agora ficou no plano das palavras.Ninguém (ou quase ninguém) no clube queria a permanência de Argel Fucks como treinador, simplesmente porque é evidente a limitação de suas propostas de jogo. Argel terminou ficando e depois foi mantido durante meses graças a estatísticas fuleiras, construídas contra equipes sofríveis, e que ainda assim eram alardeadas pelo clube como se valessem ouro.Depois que a mediocridade ficou exposta, mandaram Argel embora, num processo até hoje mal explicado, pois dentro da Toca do Leão há muita gente achando que pode mandar – bom caminho para a balbúrdia.Daí, Petkovic foi contratado pra ser gerente, negociou com possíveis treinadores e, no fim das contas, se auto-anunciou como técnico e “team manager”, expressão pomposa que foram buscar longe possivelmente para ocultar os tantos problemas que o Vitória tem para sanar no seu quintal.A babel é tão latente que, em texto no site do clube, afirma-se que alguns dos treinadores procurados não se encaixavam na filosofia desejada, o que é uma piada pronta. Primeiro porque tal filosofia, seja lá qual for, jamais chegou a ser estabelecida. Além do mais, é no mínimo paradoxal buscar um treinador que não se encaixa no que o Vitória deseja para ele mesmo.No meio disso tudo, fica o presidente Ivã de Almeida, que a cada declaração causa constrangimento para ele e para a torcida. Agora, talvez para tentar fazer alguém crer que ele tem poder de decisão, Ivã chama para si a responsabilidade pela demissão de Argel e a efetivação de Pet, mas as falas vazias e desconexas deixam claro que o presidente não faz ideia do que passa ao seu redor. Pior: ele é contradito pelo próprio Argel, pois o ex-treinador afirma que Ivã não queria sua saída. Por óbvio, alguém está mentindo.Como sempre, sobra para a torcida, que no início de 2017 acreditou que este seria um ano de poucos sustos. Por ora, só uma coisa está certa: a vaca está indo para o brejo – ou é tangida o quanto antes ou vai afundar rapidamente.
Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.