Victor Uchôa: Vexame de independência na Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2017 às 05:29

- Atualizado há um ano

Compreendo se você achar que não, caro leitor ou bela leitora, mas juro que, ao escrever este texto, estou de ótimo humor. Em que pesem as escolhas que Deus (é isso mesmo?) anda fazendo para o Brasil de uns tempos pra cá, amanhã é 2 de julho e o autêntico povo da Bahia, sem maquiagem, mala preta ou conversa para boi dormir, toma as ruas de Salvador para, ao menos momentaneamente, se entregar à crença de que nunca mais (nunca mais) o despotismo regerá nossas ações.Acontece que, este ano, coincidiu de o dia máximo da nossa independência ser também o dia do nosso vexame na bola. Sim, porque seja qual for o resultado do Ba-VI a ser disputado amanhã no Barradão, é um vexame partir para um clássico com os dois times na zona de rebaixamento.Até um tempo atrás, a nós, torcedores, era dada ao menos a oportunidade da chacota. Nosso time podia não ir pra canto nenhum, mas o outro sempre se arrombava mais. Logo, ficávamos com o foro privilegiado da gozação. Agora nem isso.O Campeonato Brasileiro não chegou nem na metade e, até que se prove o contrário, Bahia e Vitória já mostraram do que são capazes: muito pouco.Em outras oportunidades, um ou outro começava ao menos fazendo uma gracinha, conseguia uns resultados inesperados e superava o primeiro turno naquele jeito meeiro ao qual estamos bem acostumados. Pois em 2017 essa ilusão não durou nem dez rodadas.O Bahia até disparou bem, ganhou seus primeiros jogos na Fonte Nova, aquela coisa toda, um enxame retado. Num piscar de olhos, foi parar na zona, onde chegou meio atordoado, como um boxel que leva um gancho na ponta do queixo e fica meio sem saber onde está.O Vitória, por sua vez, não enganou ninguém no Brasileiro, pois a tapeação já havia sido exposta na reta final do Baiano e da Copa do Nordeste. Seguindo um caminho previsível, o rubro-negro não saiu das cordas em momento algum e até agora não demonstra capacidade para tanto.Caso exista um vencedor no clássico, tricolores ou rubro-negros ficarão livres para a zombaria, o que é justíssimo. O problema é se a piada da noite de domingo e da segunda-feira for somente mais uma alegria efêmera.Em 2013, quando Bahia e Vitória disputaram um clássico na primeira divisão depois de dez anos, escrevi aqui neste espaço que aquele deveria ser um marco, uma pedra fundamental para que os clubes deixassem a mediocridade de lado e se consolidassem efetivamente como os grandes que dizem ser nos discursos.De lá pra cá, ambos já foram passear na segunda divisão, prova de que a fragilidade ainda é bem forte, com o perdão do paradoxo. Agora, voltam a se encontrar num clássico de primeira, mas com um futebol de segunda – é o que mostra a tabela.Graças às guerreiras e aos guerreiros que lutaram pela independência da Bahia (e do Brasil), podemos viver ao menos a ilusão de que o despotismo nunca mais regerá nossas ações. E a mediocridade, até quando regerá nosso futebol?