Vigilantes da Ufba decidem manter paralisação em assembleia, mas voltam atrás

Categoria aguarda desfecho de reunião entre MAP e Universidade para nova decisão

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  • Eduardo Dias

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 11:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Eduardo Dias/CORREIO

Os 380 vigilantes que prestam serviços à Universidade Federal da Bahia (Ufba) se reuniram na manhã desta quinta (29) e decidiram continuar com a paralisação por tempo indeterminado até que seja resolvido o impasse em relação à dívida que a instituição de ensino tem com a empresa terceirizada MAP. No entanto, horas depois da decisão dos vigilantes, que ocorreu em assembleia realizada na frente da Reitoria, no bairro do Canela, eles voltaram atrás e suspenderam a greve. Os serviços foram retomados às 19h.

A Ufba anunciou no final da tarde de quarta-feira (28) que realizou um pagamento de R$ 2 milhões para quitar parte da dívida de R$ 15 milhões referentes a 12 meses de atrasos nos pagamentos. No entanto, a MAP informou que recebeu uma ordem de pagamento de apenas R$ 678.890, que equivale a 4% da dívida total. A quitação parcial ocorreu um dia após o anúncio da paralisação por tempo indeterminado dos trabalhadores terceirizados que atuam na segurança da Ufba. 

O presidente do Sindicato dos Vigilantes (Sindvigilantes), José Boaventura, afirmou que a decisão final da categoria sairá somente após a reunião entre a MAP e a Ufba, que acontece no final da manhã desta quinta. Com os problemas do pagamento, a MAP deu entrada no rito processual para suspensão das atividades no dia 16 de agosto. 

Segundo Boaventura, mesmo com o prazo final documentado pela MAP para encerramento do contrato de licitação, os vigilantes pediram a prorrogação em mais uma semana para que haja a possibilidade de uma negociação entre as partes.  

"Eles não responderam o nosso pedido, mas também não disseram que não acatariam. O que nos move é a questão do emprego. Essa informação da Ufba ter feito um pagamento nos alenta, mas não consegue nos motivar a encerrar o movimento porque a empresa não desfez e nem se manifestou sobre a proposta de suspensão. Vamos defender aqui a manutenção da greve", garantiu.

A expectativa do sindicato é que, a partir da reunião entre MAP e Ufba, haja possibilidade da empresa voltar atrás e decida pela manutenção do contrato. "Vamos aguardar a MAP se pronunciar quanto a garantia dos empregos porque a proposta de suspensão está nos nossos pescoços ainda. Esperamos que o governo  tenha responsabilidade de não prejudicar o funcionamento de um instituição tão importante como é a Ufba. Pois sem segurança prejudica. Acredito que Ufba não tem interesse em ficar sem segurança. Acho que tudo caminha para um entendimento entre as partes".

Com a greve dos vigilantes, a rotina na universidade já sofre alterações. Algumas unidades suspenderam as aulas à noite e o restaurante universitário recuou o horário de funcionamento por conta da segurança. Com a possibilidade de suspensão do contrato por parte da empresa, os funcionários ficarão sem trabalhar por um período de 180 dias, sem o direito aos benefícios como vale-refeição e vale-transporte. 

O que diz a Ufba Em nota, a Ufba ressalta que estuda as medidas jurídicas cabíveis para o caso e que uma nova resolução sobre o assunto vai ser tomada após a realização da assembleia dos vigilantes. No texto, a instituição relata que tenta desbloquear totalmente o orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual, o que “permitirá regularizar os pagamentos a seus fornecedores”.

Entretanto, a Ufba aponta que não é possível destinar a “totalidade dos limitados recursos disponíveis ao pagamento prioritário de uma única empresa”, em função da existência de outras dívidas.

A instituição aponta ainda que os cortes e o bloqueio de 30% do orçamento da instituição pelo governo federal afetam diretamente “a vida dos membros da comunidade universitária, entre eles os trabalhadores terceirizados”.

Questionado pelo CORREIO, o Ministério da Educação (MEC) reenviou uma nota da última terça-feira (27), na qual afirma que articula com o Ministério da Economia a possibilidade de ampliação do envio de recursos para a pasta. O MEC afirma ainda que, caso haja melhoria no cenário econômico no segundo semestre, os valores bloqueados podem ser reavaliados.

Em contato com o CORREIO, o Ministério da Economia afirmou que é possível que haja a liberação de mais recursos em medida de urgência. Para isso, a pasta deve analisar o pedido, que pode ou não ser acatado. O ministério apontou ainda que os cortes de verbas são feitos no orçamento enviado para as pastas e estas podem repassar os valores de forma discricionária.